Shein e Shopee: SP atrasa decisão sobre ICMS em taxação de e-commerce e acende alerta no governo

São Paulo pediu mais prazo para avaliar o tema em reunião que bateria martelo na alíquota em 17%, o que pode atrasar ainda mais o lançamento do chamado plano de conformidade.

Uma potencial divergência aberta pelo governo paulista sobre a alíquota de ICMS que será cobrada na taxação de compras feitas em plataformas de comércio eletrônico internacional — como SheinShopee e AliExpress — acendeu alerta entre Estados e equipe econômica.

São Paulo pediu mais prazo para avaliar o tema em reunião, na terça-feira, 20, do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que sacramentaria a alíquota em 17%, como já havia sido discutido pelos governos regionais.

O programa da Receita Federal, chamado tecnicamente de plano de conformidade, estava previsto para ser lançado nos próximos dias. Os Estados tinham negociado a inclusão do valor do ICMS na mesma guia de declaração simplificada que o governo federal fará para a taxação de compras feitas nessas plataformas de compras no exterior. O programa é optativo e será oferecido aos sites, os chamados marketplaces (mercado online com vários fornecedores), e às transportadoras.

O Ministério da Fazenda acompanha com atenção o impasse. Se não houver unanimidade entre os Estados em relação à alíquota, o programa vai atrasar mais.

O pedido de vista (adiamento) não teve argumento de mérito, apenas a justificativa de que era preciso estudar mais o tema, apurou o Broadcast/Estadão. Outros Estados tentam acelerar essa análise de São Paulo para que a decisão sobre o tema seja definida nesta quarta-feira, 21, quando o Confaz se reúne no início da tarde.

Como o Broadcast/Estadão já mostrou, a alíquota do imposto estadual chegava a ultrapassar 30% e os Estados já haviam concordado em unificá-la em 17%. Essa decisão precisa ser homologada no Confaz e, como implicará em redução de alíquota para alguns entes, deve ser unânime.

Estados e União já haviam concordado em incluir o ICMS na mesma guia de declaração simplificada do governo federal, o que colocaria os entes subnacionais no plano de conformidade. Assim, quando o consumidor fizer a compra internacional, no preço do produto exposto nas plataformas de venda pela internet já estará incluído o valor dos impostos federal e estadual. A alíquota de importação federal é de 60% e a parte dos Estados seria fixada em 17%.

Pé no freio

Ao longo de meses de discussão, Estados avaliaram diferentes propostas para definir a alíquota de ICMS nas compras internacionais e já havia prevalecido a proposta técnica de uniformizá-la, adotando o valor modal de 17%. Como esse patamar implicará redução da alíquota de alguns Estados, a decisão precisa ser unânime. Por isso, o pedido de mais prazo para avaliar as propostas feito por São Paulo surpreendeu.

O movimento gerou ruído entre os Estados. Embora São Paulo não tenha sinalizado que ficará fora do plano, a avaliação dos entes é de que o movimento pode representar riscos tanto para o setor produtivo do Estado quanto para os consumidores.

Interlocutores alegam que, do lado do mercado produtor, a falta de adesão do governo paulista traria dúvidas sobre a intensidade da fiscalização, o que prejudicaria outros grandes mercados, além da incerteza em relação a um estímulo para eventual não cobrança de tributo.

Para o consumidor, o risco está relacionado à demora na liberação da mercadoria e cobrança do imposto acrescido de multa em caso de fiscalização. Sem Canal Verde para o consumidor de São Paulo, a mercadoria poderia ficar mais tempo parada no Brasil e sem a cobrança do imposto no ato da compra. O consumidor pode ficar penalizado, sujeito inclusive a multas, explicou uma fonte a par do assunto.

FONTE:

https://www.terra.com.br/economia/dinheiro-em-acao/shein-e-shopee-sp-atrasa-decisao-sobre-icms-em-taxacao-de-e-commerce-e-acende-alerta-no-governo,a230aefe7295491da53577c6263369d491abhppv.html