A Etiqueta Certa foi fundada em 2017 e atende clientes como Reserva, Grupo Soma e C&A.
Karine Liotino e Mariana Amaral, fundadoras da Etiqueta Certa — Foto: Mayara Bertolli
Para alguns consumidores, as etiquetas de roupas podem ser vistas como incômodas e algo a ser cortado das peças. Porém, ainda que sejam percebidas como descartáveis por muitos, as etiquetas podem causar prejuízo aos empreendedores que não cumprirem com as legislações vigentes. Para sanar essa dor do mercado, Karine Liotino e Mariana Amaral fundaram a Etiqueta Certa, startup que faturou R$ 1,5 milhão em 2023.
É na etiqueta que o produtor da peça precisa incluir todas as informações do item para o consumidor, como um manual de uso, listando as características do produto e como cuidar dele. “A legislação prevê as informações obrigatórias e a forma que devem estar dispostas, como tamanho de letra. Existe um padrão para todos os setores industriais. Se descumprida, a multa pode chegar a R$ 1,5 milhão”, afirma Liotino.
As sócias se conheceram durante a faculdade, enquanto cursavam Têxtil e Moda na Universidade de São Paulo (USP). O contato com o tema da etiquetagem só aconteceu mais pra frente, quando trabalharam juntas em uma entidade de classe do setor e faziam eventos de capacitação sobre o assunto para empresários têxteis.
“Vimos que a regulamentação era um grande problema e ficamos com a provocação para resolvê-lo. Decidimos ver como a tecnologia resolveria falhas humanas que geram prejuízos para as empresas”, relembra Liotino. A Etiqueta Certa foi fundada em 2017.
A startup opera no modelo SaaS. A ferramenta é utilizada no momento da confecção das peças, quando o profissional informa qual o produto a ser etiquetado e em qual país será comercializado. O software entrega a etiqueta pronta para ser impressa ou estampada nas roupas. As fundadoras afirmam que o diferencial para outros softwares semelhantes é trazer a inteligência das regulamentações do Brasil e de outros países, possibilitando a conformidade com a lei.
Os usuários assinam o serviço e pagam mentalmente pelo acesso, com planos que variam de R$ 590 a R$ 2.500. A plataforma oferece módulos específicos para diferentes legislações, como Mercosul, Estados Unidos e, em breve, União Europeia, permitindo que os clientes escolham as funcionalidades que melhor atendam o seu negócio. “Ainda somos pequenos, temos mais de 100 mil confecções no Brasil, além do mercado internacional. Estamos na fase de tração. Agora que entendemos o nosso modelo de negócio e a precificação, vamos começar a escalar”, diz.
Atualmente, a Etiqueta Certa atende 225 clientes e mais de 1.100 marcas com a plataforma – grande parte tem suas peças feitas por pequenas confecções –, incluindo Reserva, Ricardo Almeida, NV, Grupo Soma, Loungerie, Amaro, C&A e Dudalina. “Toda a nossa estratégia de marketing é buscar os pequenos. Os grandes chegam por indicação dos fornecedores porque, apesar de terem um compliance muito bom, o regulamento de etiquetagem é técnico e foge do arcabouço jurídico dos advogados. Acabamos ajudando a complementar a área”, pontua Liotino.
A startup dobrou o faturamento de 2022 para 2023, saindo de R$ 669 mil para R$ 1,5 milhão. No mesmo período, registrou crescimento de 35% nos clientes. Entre 2020 e 2023, o tíquete médio mensal saltou de R$ 225 para R$ 700. Neste ano, as sócias acreditam que vão ultrapassar o faturamento de R$ 3 milhões.
A Etiqueta Certa realizou uma rodada de investimento anjo em 2022, quando captou R$ 700 mil com 48 investidores e foi avaliada em R$ 5,5 milhões. As sócias não pretendem captar neste ano, mas afirmam que a próxima rodada será para dar escala à expansão internacional. “Temos a pretensão de ser uma plataforma global e de não atender apenas a indústria têxtil, mas ampliar para calçados e acessórios, oferecendo conformidade regulatória para o fluxo de comércio de moda”, finaliza Liotino.
FONTE:
https://revistapegn.globo.com/startups/noticia/2024/05/startup-fatura-r-15-milhao-com-etiquetas-inteligentes-para-a-industria-textil.ghtml