Satélites da Nasa fazem imagens mais nítidas até agora da cheia no RS; veja fotos

Sistemas de observação da Terra da agência espacial dos EUA estão ajudando gaúchos a mapear deslizamentos e áreas sem energia.

O Landsat 8, satélite de observação mais poderoso da Nasa (agência espacial dos EUA), capturou ontem uma imagem da enchente que cobre Porto Alegre (RS) ainda próxima ao ápice do momento da cheia.

A imagem, obtida pela câmera Operational Land Imager à bordo do dispositivo, mostra com detalhes a amplitude da cheia em praticamente todo o perímetro do município.

Na imagem é possível ver as áreas inundadas à margem do Rio Guaíba desde Navegantes, no norte, até Menino Deus, no sul. É possível ver a coloração barrenta da enchente que penetrou a cidade cobrindo bairros próximos como Farrapos, São Geraldo, Centro e Menino Deus.

Á água marrom também é visível do céu áreas mais internas, como São João e o Aeroporto Salgado Filho. O Landsat 8 conseguiu a imagem ontem em um momento de tempo limpo, orbitando o planeta a mais de 700 km de altitude. A nitidez da imagem permite ver, na mesma fotografia, a água barrenta dentro do estádio Beira-Rio e da Arena do Grêmio.

A imagem foi produzida em apoio a cientistas brasileiros parceiros da Nasa no Programa de Ciências Aplicadas da agência, que possui uma divisão para lidar com desastres humanitários. Os americanos estão usando um sistema do Landsat 8 para mapear deslizamentos e identificar regiões sem energia no Rio Grande do Sul.

O mapa da Nasa já mostra mais de uma centenas de pontos de deslizmento que numa faixa que vai de Caxias do Sul a Santa Maria.

A Nasa também divulgou imagens da cheia pelos satélites Aqua e Terra, que carregam o instrumento Modis e são capazes de enxergar o planeta em diferentes frequências de radiação, não apenas a luz visível.

O Modis conseguiu fazer na segunda-feira (6) uma imagem que mostra a extensão da cheia no rio Jacuí desde Charqueadas, a oeste de Porto Alegre, até a entrada na Lagoa dos Patos, passado pelo entroncamento entre o Jacuí e o Guaíba.

A mancha de água barrenta, formada pela turbulência do rio cheio levantando sedimentos, cobria uma vasta extensão da lagoa, indo ao sul aproximadamente até a latitude de Cerrito. A fotografia mostra as margens alagadas também do Rio dos Sinos e do Rio Caí.

Imagens do sistema Modis, da Nasa, mostram a Lagoa dos Patos e rios gaúchos depois e antes da cheia — Foto: Modis-Nasa/Divulgação

Em um artigo publicado pelo site Earth Observatory, da Nasa, a agência destaca o papel que seus cientistas tiveram em modelar os riscos climáticos da região para o IPCC, o painel do clima da ONU.

“As precipitações extremas ali se enquadram num padrão mais amplo de mudança que os cientistas do clima esperam ver nesta região devido ao aumento das concentrações atmosféricas de CO2 e outros gases de efeito de estufa”, afirma o texto. “A previsão para esta parte da América do Sul inclui aumento significativo nos totais anuais de precipitação e nos máximos anuais de precipitação de 5 dias até 2050.”

FONTE:

https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2024/05/09/satelites-da-nasa-fazem-imagens-mais-nitidas-ate-agora-da-cheia-no-rs-veja-fotos.ghtml