Os médicos disseram que ele nunca sairia do coma. A inteligência artificial discordou – e salvou uma vida

Sistema baseado em machine learning foi capaz de prever que pacientes em coma poderiam acordar

PACIENTE INTERNADO EM HOSPITAL; COMA (FOTO: PEXELS)

Sete, num total de 23. Esta foi a pontuação, em uma escala de recuperação de coma, que alguns dos melhores neurologistas da China deram para um jovem de 19 anos que estava em estado vegetativo havia seis meses. A escala dava à família o direito de desligar os aparelhos.

Um sistema baseado em inteligência artificial (AI) discordou. A partir da leitura dos exames, deu uma nota acima de 20 e afirmou que o paciente acordaria dali um ano. A máquina acertou – assim como no caso de outros seis pacientes com quadros semelhantes, segundo uma reportagem do jornal South China Morning Post.

O sistema foi desenvolvido pela Academia Chinesa de Ciências em conjunto com o PLA General Hospital, em Pequim, durante oito anos de pesquisas. Primeiro, os pacientes passam por uma ressonância magnética funcional, que mede pequenas alterações no fluxo sanguíneo e mapeia a atividade cerebral. O sistema analisa os resultados e, por meio de machine learning, é capaz de “enxergar” detalhes e padrões que os olhos humanos não podem.

Segundo os pesquisadores, o sistema alcançou 90% de precisão em suas avaliações e, portanto, não é infalível. No caso de um paciente de 36 anos, por exemplo, a máquina concordou com os médicos e deu uma baixa chance de recuperação – algo que ocorreu, menos de um ano depois. Esse e outros fatores fazem com que a equipe acredite que um sistema como esse não deve substituir um médico real, nem ter um peso muito grande na decisão de familiares.

“Quando informamos à família sobre a pontuação da IA, sempre dissemos que o índice deveria pesar apenas 20% a 50% na decisão de desligar os aparelhos”, diz Yang Yi, uma das médicas envolvidas na pesquisa. “Eles precisam considerar outras coisas, como as necessidades de cuidados continuados, os custos médicos, sua apólice de seguro… e o risco de morte súbita”.

O sistema hoje integra a operação do hospital de Pequim e, segundo a médica, ajudou a diagnosticar mais de 300 pessoas. Casos como os desses sete pacientes são raros. Normalmente, o sistema concorda com as análises feitas pelos médicos. Os pesquisadores afirmam que, em geral, as famílias tendem a manter o tratamento mesmo depois de receber baixas perspectivas dos médicos e do sistema.

FONTE: ÉPOCA