O aeroporto do futuro

Grande parte das tarefas a serem realizadas em aeroportos será automatizada (Foto: Thinkstock)

O uso de robótica, beacons e ferramentas de reconhecimento facial estão mudando a forma como viajamos pelo mundo.

Despachar suas bagagens com um robô soa futurístico demais? Lembre-se que, até há poucos anos, atravessar todas as barreiras de segurança do aeroporto sem apresentar nenhum documento, graças a um sistema de reconhecimento facial, também era algo inimaginável. Essas são algumas das iniciativas que já vêm sendo testadas e em plena ação em diferentes aeroportos ao redor do mundo, incluindo o Brasil. Imagine como seria a experiência se todas estivessem reunidas em um só lugar?

Robôs estacionam seu carro
A inovação já começa no estacionamento. Afinal, a meta é melhorar a experiência do passageiro, e ninguém gosta de perder tempo em busca de uma vaga – especialmente se estiver atrasado para pegar um voo. No aeroporto de Düsseldorf, na Alemanha, essa tarefa ficou a cargo de robôs manobristas, que erguem o veículo e o levam até a vaga mais adequada – a distribuição dos carros na garagem leva em conta quais carros sairão primeiro. O sistema sabe quando um passageiro vai voltar e, assim, já deixa o carro dele perto da saída, para facilitar o acesso. O aeroporto foi o primeiro no mundo a adotar essa solução, em 2014, e estima-se que a medida tenha elevado a capacidade da garagem em 32%.

Para despachar a bagagem, chame outro robô
Quer fugir da fila para despachar a bagagem? Recorra a Leo, um robô que começou a ser testado em 2016 no aeroporto de Genebra, na Suíça. O equipamento conta com uma tela sensível ao toque na qual o viajante informa seus dados e com um scanner que lê o código de barras no cartão de embarque. Assim que recebe as informações sobre o passageiro e o voo, o robô se abre para receber as malas – ele é capaz de transportar até duas por vez. Em seguida, pesa a bagagem e imprime as etiquetas de identificação, assim como os recibos para retirada dos volumes no destino final. A partir daí, você está livre para se dirigir à área de embarque, enquanto Leo segue para o setor de bagagens. O robô foi programado para evitar obstáculos e pessoas, mesmo em ambientes lotados.

Leo, o robô do aeroporto de Genebra, na Suíça (Foto: Reprodução/SITA)

Guarde seus documentos e pose para a foto
Sorria! Você está passando por um sistema de reconhecimento facial. Essa tecnologia está mudando radicalmente a forma como os passageiros embarcam no aeroporto de Aruba, no Caribe. O sistema Aruba Happy Flow conta com quiosques de autoatendimento no qual o cliente apresenta sua passagem e seu passaporte e tira um retrato, que é comparado digitalmente com a foto do documento. Ao mesmo tempo, o sistema realiza todas as conferências previstas no controle de alfândega.  A partir daí, o passageiro não precisa mais apresentar seus documentos nas etapas seguintes, como setor de bagagens, serviço de imigração e portão de embarque. A cada um desses postos de controle, ele apenas deve parar diante de uma câmera para o reconhecimento facial. O sistema foi lançado em junho de 2016, como um projeto-piloto de dois anos de duração.

Sistemas de reconhecimento facial já vêm sendo usados em todo o mundo, inclusive no Brasil. Em 2015, os “e-gates” foram adotados no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, e, em 2016, chegaram ao Galeão, no Rio. Esses portões checam os dados de passaportes brasileiros que tenham chip eletrônico e fazem o reconhecimento biométrico-facial do viajante, liberando o acesso à área de embarque sem que seja necessária a presença de um agente da Polícia Federal – a PF controla o processo de maneira remota e pode intervir em situações anormais.  Resultado: maior agilidade, sem afrouxar a segurança.

Receba notificações em seu smartphone
Além dos “e-gates”, o processo de modernização do Galeão, no Rio, incluiu a instalação de 3.000 beacons (dispositivo que utiliza conexão bluetooth para transmitir dados de identificação aos aparelhos eletrônicos que estejam perto dele). Essa tecnologia, que utiliza conexão bluetooth, vai enviar notificações aos smartphones de quem tem o app RIOGaleão. Com o aplicativo, o passageiro conseguirá saber qual é sua localização exata em um mapa com a planta do aeroporto e poderá traçar rotas para chegar aos guichês de companhias aéreas, lojas, restaurantes etc. A novidade também foi adotada em outros aeroportos, como o Gatwick, em Londres, e o internacional de São Francisco. Neste último, os beacons estão associados a um aplicativo que dá direções de áudio para viajantes com problemas de visão, ainda em fase de testes.

Dê um mergulho enquanto espera a hora do voo
Aeroportos não precisam ser locais frios e entediantes, como mostra o ranking da consultoria Skytrax, que elege todos os anos os melhores aeroportos do mundo. Desde 2013, o troféu vai para Changi, em Cingapura, que oferece até uma piscina na cobertura. A longa lista de atrações inclui, ainda, jardim de girassóis, orquidário, borboletário, cinemas, um espaço para games (com acesso gratuito a PlayStation 3 e Xbox 360) e, para aqueles cuja conexão é um pouco mais longa, visitas guiadas a Cingapura. Além, claro, de boas opções gastronômicas e um comércio variado, que conta até com supermercado.

Por trás de toda essa estrutura, está a percepção de que os aeroportos não devem ser só locais de passagem, mas também espaços de lazer. A tendência se manifesta de forma criativa. Em São Francisco, por exemplo, os passageiros contam com um espaço para a prática de ioga – ideia copiada por outros aeroportos americanos. Já o aeroporto de Austin, no Texas, conta com seis palcos e uma vasta programação de shows.

Está perdido? Mais uma situação para um robô solucionar
O tempo de conexão é curto e o aeroporto é grande demais? Um robô pode ajuda-lo a chegar mais rapidamente a seu portão de embarque. No fim de 2015, a companhia aérea KLM lançou Spencer, um robô que circula pelo aeroporto Schiphol, em Amsterdam, orientando passageiros em conexão. O diferencial de Spencer, segundo a companhia, é que ele também estará apto a reconhecer emoções, levar em conta comportamentos de grupo e responder de maneira proativa a situações inesperadas, como um bom guia.

FONTE: ÉPOCA