LED faz crescer verduras de boa qualidade como nenhuma outra tecnologia

Shigeharu Shimamura e o cultivo no Japão (Foto: GE)

Novo meio de cultivo já contribui para o abastecimento no Japão e nos EUA.

Além de ser a mais promissora fonte de iluminação, inclusive para grandes projetos urbanos, o LED vem revelando outras propriedades animadoras, como o cultivo de verduras. Nos últimos anos, a tecnologia para isso avançou muito, a ponto de já ser usada na prática para abastecer mercados.

Embora o LED ainda seja mais caro do que as lâmpadas tradicionais, o que impacta o investimento inicial, seu uso na agricultura em ambientes interiores pode ser programado e otimizado, podendo resultar em economia de energia e em alimentos mais nutritivos, frescos e saborosos. A possibilidade de cultivá-los nas cidades também diminui os custos com transporte e reduz o tempo entre a plantação e a mesa.

Na longa história dos esforços da agricultura para controlar e evitar os reveses climáticos, as variações sazonais e as pragas, além de melhorar a qualidade dos produtos, o uso de iluminação artificial em estufas – para compensar a falta de luz à noite, por exemplo – não é novidade. O cultivo em interiores também permite reciclar a água e, por meio de sensores, detectar deficiências químicas que podem ser sanadas pela iluminação dirigida.

O que o LED traz de vantagem principal é a possibilidade de utilizar a luz apenas em algumas fases do crescimento das plantas e direcionar as ondas para “programar” o cultivo. Os ciclos de crescimento podem ser diminuídos pela metade, segundo fabricantes de LED.

Além disso, a luz fria aumenta a intensidade da fotossíntese e diminui os custos com os aquecedores de ar. Pode ser instalada mais perto das plantas sem queimá-las, o que aumenta a possibilidade de concentrar a plantação em espaços menores. E pode ser ajustada para produzir verduras mais macias ou mais crocantes. Finalmente, o uso intensivo do LED, na agricultura e em todas as outras utilizações, tende a aumentar a produção e diminuir o preço por unidade.

Na prática, a tecnologia vem tendo resultados extraordinários na produção de alface, couve e temperos como manjericão, orégano e cebolinha. Cidades como Nova York e Chicago já consomem plantas cultivadas por hidroponia e iluminadas por LED.

Um dos exemplos mais bem-sucedidos nessa área está ocorrendo no Japão, com tecnologia GE. O projeto foi assumido pela prefeitura da cidade de Miyagi, no leste do país. O Japão é um dos países mais interessados em novas tecnologias no campo da alimentação por ser um país de grande população, pouco espaço e uma geografia acidentada e pouco irrigada, além de sujeito a desastres naturais como terremotos e tsunamis.

O biólogo Shigeharu Shimamura transformou uma antiga fábrica na maior fazenda urbana do mundo, com 15 andares e iluminada por 17.500 luzes de LED desenvolvidas pela GE para emitir comprimentos de onda ideais para o crescimento das plantas. O ambiente gerado por essas lâmpadas ganha um banho cor de rosa muito próprio, que faz o cenário parecer de filme de ficção científica.

A produção já chega a 10 mil pés de alface por dia. “Queremos chegar à combinação perfeita de fotossíntese durante o dia e respiração durante a noite, controlando a iluminação e o ambiente”, disse Shimamura ao GE Reports. Ele afirma que o sistema permite cultivar alfaces ricos em vitaminas e sais minerais com rapidez duas vezes e meia maior do que uma cultura tradicional.

Segundo Shimamura, a porcentagem de alfaces descartadas por má qualidade caiu de 50% para 10%. Controlando temperatura, umidade e irrigação, o uso de água chega a 1% do necessário em campos abertos de cultivo. Os LEDs apresentados pela GE para a parceria duram mais e consomem 40% menos energia do que as luzes fluorescentes tradicionalmente usadas em cultivos em ambientes fechados.

Mirai e a GE estão agora promovendo a replicação da experiência em Hong Kong e na Rússia. A tecnologia LED não é apropriada para o cultivo de alimentos como o milho e a batata, mas são culturas que se desenvolvem com bastante eficiência em produções extensivas ao ar livre.

 FONTE: ÉPOCA