Data is money: Microsoft compra 4% da bolsa de Londres

Em contratos semelhantes, Google e Amazon também já avançaram no segmento de dados financeiros.

Em mais uma amostra da proximidade do universo de dados e finanças — o que, no Brasil, tem estimulado aquisições da B3 —, a gigante Microsoft comprou 4% da centenária bolsa de Londres e fechou um acordo de quase US$ 3 bilhões em serviços. A participação foi vendida pela Blackstone, Thomson Reuters, o fundo de pensão canadense CPP e pelo GIC, fundo soberano de Cingapura.

“Esta parceria estratégica é um marco significativo na jornada do London Stock Exchange Group para se tornar a líder global em infraestrutura e dados para o mercado financeiro e certamente transformará a experiência de nossos clientes”, disse David Schwimmer, CEO do grupo LSEG, em nota.

No ano passado, o LSEG comprou o Refinitiv da Reuters e de um fundo da Blackstone por US$ 27 bilhões. O negócio fez da empresa a segunda maior no segmento de dados para economia e finanças depois da Bloomberg. Hoje, a vertical de análise e big data já representa mais de 65% da receita do grupo.

Para a gigante de tecnologia, é também um baita negócio. Parte do acordo prevê que a Microsoft vai fornecer ao LSEG produtos de análise de dados e infraestrutura de nuvem por meio das plataformas Azure, AI e até o Teams. A plataforma de mensagens corporativa será usada para criar um sistema único que combine e compartilhe dados e análises, com ferramentas de colaboração.

Por outro lado, o LSEG concordou com um gasto mínimo relacionado à nuvem de US$ 2,8 bilhões em 10 anos. Assim como a Amazon e outras concorrentes, a big tech tem aumentado a aposta no segmento de nuvem — a receita com a vertical ficou perto de US$ 26 bilhões no último trimestre, dois terços maior do que há dois anos.

Mas não é só. A Microsoft vê uma oportunidade de US$ 5 bilhões no contrato, dado o potencial de produtos que serão desenvolvidos em parceria, com uso de machine learning, e outras possibilidades além do armazenamento.

A transação só deve ser concluída no primeiro trimestre de 2023 e pode chamar a atenção das autoridades. O FCA, órgão regulador do mercado no Reino Unido, já havia aberto em outubro uma “discussion” sobre o controle de dados financeiros pelas big techs.

É um tipo de transação que tem ficado comum. No ano passado, a Google fechou um contrato de 10 anos no valor de US$ 1 bilhão para fornecer armazenamento em nuvem à operadora de câmbio CME. Também a AWS, da Amazon, tem uma parceria com a Nasdaq. A dúvida dos investidores é se esse mercado vai ficando concentrado em grandes operadores — o que pode melhorar o serviço, mas subir preço.

FONTE: https://pipelinevalor.globo.com/negocios/noticia/data-is-money-microsoft-compra-4percent-da-bolsa-de-londres.ghtml