Welbe capta com brasileiros para digitalizar saúde ocupacional no México

Rodada de R$ 25 milhões na healthtech atrai fundos como Kortex, Nazca e Volpe.

O brasileiro Eduardo Medeiros ainda estava esquentando a cadeira de chief digital officer na maior varejista do México quando a covid-19 chacoalhou tudo. Num grupo com mais de 60 mil empregados e dependente das lojas físicas, ninguém sabia o que fazer, como e quem podia estar na linha de frente tamanho o desconhecimento do perfil (e enfermidades) dos funcionários.

A situação não era uma exclusividade da Office Depot. No México, um país com índices altos de diabetes e obesidade, os departamentos de RH não costumam ter informações mínimas sobre a saúde dos funcionários. A deficiência ficou martelando na cabeça de Medeiros até se transformar em uma startup.

Ao lado do também brasileiro Marcus Paiva, a dupla que se conheceu na ClickBus — um marketplace de passagens de ônibus controlado pela Rocket Internet — fundou a Welbe, startup que está digitalizando a saúde ocupacional no México e acabou de atrair o capital de outros brasileiros.

Para ganhar tração naquele mercado, a Welbe levantou uma rodada seed de US$ 4,1 milhões (R$ 25 milhões). O aporte foi coliberado por Volpe Capital — no primeiro investimento da gestora de André Maciel em uma startup mexicana — e a firma local Nazca, que já havia participado do pré-seed no ano passado.

A startup também trouxe outros investidores que conhecem de saúde para o cap table. A Kortex Ventures, corporate venture capital financiado pelos laboratórios Fleury, Sabin e pela Bradesco Saúde, também investiu na Welbe. A Green Rock, um family office brasileiro também especializado em saúde, foi outro a investir, assim como a americana SVLC.

“Tiramos da mão do RH toda aquela burocracia de mover papéis para transformar em dados. Com isso, criamos benefícios, gerando valor para o tratamento preventivo”, contou Medeiros. No produto básico, a Welbe fornece um software para as companhias, com um dashboard que dá inteligência aos dados de saúde sobre os funcionários.

A startup não para nos dados. Para melhorar o conhecimento, a companhia firma parceria com laboratórios e clínicas para fazer um check-up em todos os funcionários, o que melhora na prevenção — ajudando a reduzir o absenteísmo — e dotando as companhias de mais inteligência para entender o perfil dos funcionários. As empresas não tem acesso ao perfil individual de saúde, mas a um dado agregado.

“Estamos integrados com o serviços de telemedicina e com os laboratórios”, diz Marcus Paiva, cofundador da Welbe. Com menos de um ano de operação, a startup já atende 22 empesas no México, incluindo Red Bull, Henkel e o grupo de shoppings Soma.

Os primeiros clientes do negócio foram as startups mexicanas Tul (distribuidora de materiais de construção) e Justo (supermercado online), que coincidentemente se expandiram para o Brasil e pediram ajuda da Welbe para ter serviço parecido para os funcionários por aqui.

Por enquanto, a startup ainda está concentrada num único mercado, mas vislumbra expansão para a América Latina (incluindo o Brasil) no médio prazo. Enquanto isso não ocorre, a companhia já tem diante de si um mercado de porte considerável para disputar: US$ 10 bilhões só em terras mexicanas.

“Temos três fundos do Brasil, então tem tudo a ver. Mas os investidores estão super confortáveis com nossa presença só no México”, ponderou Paiva, já vacinando o discurso contra uma expansão desenfreada (especialmente em tempos de liquidez restrita).

FONTE: https://pipelinevalor.globo.com/startups/noticia/welbe-capta-com-brasileiros-para-digitalizar-saude-ocupacional-no-mexico.ghtml