Agrotools reforça modelo de automação da sua plataforma de olho na internacionalização

Agtech está usando recursos captados no ano passado para ampliação de serviços e expansão.

“Uma grande plataforma de tecnologia, a mais avançada do mundo no território do agronegócio, que entrega soluções completas e complexas de forma ágil para o cliente se amparar em dados e tomar as melhores decisões.” É assim que Sergio Rocha, 63 anos, fundador e CEO da Agrotools, define o que é a startup fundada há 14 anos, com sede em São José dos Campos (SP).

Como uma plataforma de SaaS (Software as a Service), a Agrotools oferece serviços como inteligência para operações de venda de produtos e compra de commodities, inteligência de cadeia de suprimentos e gestão de riscos para crédito rural e seguro agrícola. O que possibilita tudo isso é o potente banco de dados relacionados ao agronegócio, construído por mais de uma década, com atualizações constantes e instantâneas por algoritmos.

Atualmente, a plataforma atende grandes empresas – como Bayer, McDonald’s, Cargill, Syngenta, Bradesco e Sicredi –, cooperativas e também pequenos e médios negócios. Por meio de 1,3 mil camadas de dados analisados, a Agrotools ajuda instituições financeiras a avaliar concessões de crédito e seguros e as empresas ligadas ao agro a ter mais assertividade no monitoramento de riscos. Também oferece a elas soluções relacionadas ao compliance ambiental e à rastreabilidade de cadeias de suprimentos, atendendo ao pilar de ESG, tão presente nas agendas nos dias de hoje.

Segundo Rocha, o trabalho da startup foi se transformando ao longo dos anos, com o desenvolvimento de novas soluções para o mercado. O CEO conta que este é um momento de reinvenção para eles: “Não flipamos nada, continuamos atuando no uso de dados em grande escala para tomadas de decisão”, afirma.

Em junho do ano passado, a Agrotools captou US$ 20 milhões, investimento liderado pela Inovabra e com participação de investidores como Horácio Lafer Piva (Klabin); Pedro Paulo Campos (ex-JP Morgan, GE Capital e Arsenal); Fátima Marques (ex Hay Group/Korn Ferry); Paulo Eric Haegler (Balanças Toledo); Olivier Murguet (ex-Renault/Nissan); Ronaldo Galvani (Galvani Fertilizantes); FIPSs, 2B Capital e KPTL. Desde então, segundo Sergio Rocha, a Agrotools está focada em crescer.

Sergio Rocha lembra que a Agrotools foi listada entre as 100 Startups to Watch em 2021 e 2022, e isso certamente foi relevante para o mercado, inclusive o de investidores. “Há um tempo, ninguém sabia o que era uma agtech. Depois, veio uma enxurrada de startups nesse setor. Um prêmio como esse passou a qualificar essas empresas e a traduzir quem são elas. Para nós é uma honra poder participar e ter nosso trabalho reconhecido no ranking”, afirma Rocha.

Vale lembrar que as inscrições para 100 Startups to Watch 2023 estão abertas. A lista é promovida pelas revistas Pequenas Empresas & Grandes Negócios e Época Negócios, em parceria com EloGroup e Innovc, e busca as startups mais promissoras do mercado brasileiro. É possível se inscrever até o dia 14 de julho pelo site  www.100startupstowatch.com.br.

Oportunidade para crescer

Reconhecimentos como o vindo das 100 Startups to Watch e investimentos como o levantado no meio do ano passado foram o combustível para a Agrotools poder focar nos próximos passos da empresa.

“Ampliamos o poder de análise de dados da plataforma. Aumentamos nossa equipe, saindo de cerca de cem pessoas, há um ano, para mais de 300. Com a pandemia, aprendemos a lidar bem com o trabalho à distância, atualmente, temos colaboradores em 63 municípios. E, interessante, reforçamos nosso time com diversidade de maneira orgânica: hoje, 44% dos colaboradores são mulheres, sendo que 45% delas estão em cargos de liderança. Até pouco tempo, havia poucas colaboradoras na casa. No mais, estamos de olho em empresas que sejam complementares ao nosso negócio para investir e escalar. No ano passado, adquirimos a S4Go uma plataforma de tecnologia geoespacial argentina que ‘já fala português’”, diz Rocha.

Breno Felix, CTO e sócio na Agrotools, complementa, e descreve o cenário de crescimento da startup: “Estamos trabalhando em três pontos principais. O primeiro tem a ver com turbinar a tecnologia, porque o ganho de automação permite chegar também a pequenas e médias empresas, um mercado que nos interessa bastante. Produtos mais simples, mas tão poderosos quanto os mais elaborados. Além disso, claro, estamos ampliando a potência de análise de dados para quaisquer clientes”, diz Felix.

Internacionalização é outro ponto focal da Agrotools. “Estamos mirando na América do Sul, em países como Paraguai, Argentina e Colômbia, e nos Estados Unidos, onde temos executivo dedicado para trabalhar na expansão, e no México”, conta Felix.

A terceira frente em que a Agrotools vem se concentrando é a preocupação com as mudanças climáticas: “Isso virou o maior driver global quando se pensa em agro. As discussões das grandes companhias sobre zerar carbono, reduzir a emissão de gases de efeito estufa e controlar o aquecimento global estão na pauta mundial e nós vamos oferecer projetos para atender essas demandas em breve”, diz Felix.

“A expansão já está acontecendo. Nossa metodologia principal, ou seja, a forma como fazemos o cadastro das fazendas e as conectamos a toda estrutura de dados está adaptada aos principais países que consideramos para a internacionalização, por exemplo”, conta Breno Felix. Esse é o caminho para o crescimento. “Trabalhamos para encorpar nosso LTV [do inglês, lifetime value, que significa, grosso modo, o valor que o cliente gera para a empresa em um determinado período de tempo]. Nossos contratos normalmente são recorrentes e, em geral, de três a cinco anos. Baseiam-se em uma série de premissas e os valores são pagos em contratos pré-determinados. Nosso book atual é de R$ 140 milhões, e estamos operando para aumentá-lo rapidamente”, afirma Sergio Rocha.

FONTE: https://revistapegn.globo.com/startups/noticia/2023/06/agrotools-reforca-modelo-de-automacao-da-sua-plataforma-de-olho-na-internacionalizacao.ghtml