Startups podem acessar montante de R$ 20 bilhões da Finep dentro do plano Nova Indústria Brasil

Empresas de base tecnológica que se encaixem nas seis missões propostas pelo governo podem buscar os recursos de forma não reembolsável.

Startups poderão se beneficiar do Nova Indústria Brasil. A frente Mais Inovação, com operação pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), é uma das alternativas. O programa prevê o investimento de R$ 66 bilhões nos próximos quatro anos. Desse montante, R$ 20 bilhões são de recursos não-reembolsáveis, ou seja, que não precisam ser devolvidos, e R$ 40 bilhões serão fornecidos em crédito com os menores juros aplicados ao financiamento à inovação.

A Finep lançou as 11 primeiras chamadas públicas nesta modalidade, no valor de R$ 2,18 bilhões, sendo 10 de fluxo contínuo (sem período determinado para inscrições) e um edital específico para Saúde em Institutos de Ciência e Tecnologia (ICT). São elas: saúde; mobilidade sustentável; mobilidade aérea; resíduos urbanos e industriais; semicondutores; tecnologias digitais; energias renováveis; bioeconomia; soberania e defesa nacional.

“Os próximos anos serão intensos. As startups podem se preparar, colocar a ideia de pé, procurar empresas parceiras que queiram comprar o produto ou serviço, ou instituições de ensino que auxiliem no funcionamento, porque nós teremos um fluxo contínuo de novos editais”, afirma Celso Pansera, presidente da Finep. Startups que apresentem projetos já aprovados por empresas interessadas ou integrantes de incubadoras, por exemplo, conseguem mais pontos na avaliação, segundo ele.

Pansera acrescenta que a Finep fará uma série de transmissões ao vivo para tirar dúvidas dos empreendedores interessados nos editais e divulgar as datas para o início do envio dos projetos.

Outra oportunidade para startups é o investimento da Embrapii, que inicialmente vai destinar R$ 190 milhões em recursos não-reembolsáveis para o programa Missões Embrapii, com foco em três dos seis eixos elencados pelo governo federal: complexo econômico industrial da saúde; transformação digital da indústria; e bioeconomia, descarbonização, transição e segurança energéticas.

O modelo da organização não funciona a partir da abertura de editais, podendo receber propostas a qualquer momento. A Embrapii atua em parceria com instituições de pesquisa e com o setor empresarial, dividindo os riscos do investimento em projetos que introduzem novos produtos e processos no mercado.

Para participar do processo, a startup precisará apresentar sua proposta a um centro de pesquisa credenciado pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). No caso do novo programa, o apoio financeiro pode chegar a até 70% do valor do projeto, com aporte mínimo de R$ 5 milhões, que é destinado para o centro de pesquisa onde o trabalho da startup será realizado.

Segundo André Ribas, coordenador do programa InovAtiva, 156 startups atendidas em 2023 têm forte ligação com as missões de neoindustrialização do governo federal. Ele conta que, no momento, estuda com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) como pode apoiar as empresas de base tecnológica para contribuir e se beneficiar do novo programa. O InovAtiva, que promove a aceleração de startups, é de responsabilidade da Fundação CERTI, uma das 90 ICTs vinculadas à Embrapii em todo o Brasil.

“Foi uma orientação do ministério que a gente passe a olhar com mais cuidado para as deeptechs que podem ser a mina de ouro do Brasil. Temos cérebros capacitados, mas precisamos dar apoio. Muitas vezes esses especialistas não sabem como transformar uma tese em negócio que trará benefício para a sociedade, ser uma pesquisa aplicada. Queremos fomentar para que eles se sintam à vontade para entrar nesse mundo com o apoio dos programas”, diz Ribas.

Nova política industrial

Lançado pelo Governo Federal no início desta semana, o Nova Indústria Brasil oferecerá R$ 300 bilhões em subsídios e empréstimos com juros reduzidos para impulsionar a indústria nacional até 2033. A nova política trabalhará seis eixos para ampliação da autonomia, transição ecológica e modernização do parque industrial brasileiro. Setores como agroindústria, saúde, infraestrutura urbana, tecnologia da informação e bioeconomia estão contemplados no programa.

O pacote de R$ 300 bilhões será gerido por BNDES, Finep e Embrapii. Esse valor será dividido em três frentes: crédito (R$ 271 bilhões); recursos não-reembolsáveis (R$ 21 bilhões); e equity (R$ 8 bilhões).

FONTE:

https://revistapegn.globo.com/startups/noticia/2024/01/startups-podem-acessar-montante-de-r-20-bilhoes-da-finep-dentro-do-plano-nova-industria-brasil.ghtml