Startups captam R$ 40 milhões com investimento participativo via plataforma de ‘crowdfunding’ do MB

Captações ajudaram a viabilizar investimentos na expansão dos negócios num momento de forte retração da atividade dos fundos de venture capital no país e no mundo.

Startups e empresas nascentes conseguiram levantar R$ 40 milhões neste ano em ofertas de investimento participativo na plataforma de crowdfunding do Mercado Bitcoin (MB). As captações ajudaram a viabilizar investimentos na expansão dos negócios num momento de forte retração da atividade dos fundos de venture capital no país e no mundo.

Uma das operações concluídas foi a oferta privada da Pacific Sec, uma startup de cibersegurança, que captou R$ 10 milhões junto com seis investidores. Em curso, estão a de uma fintech de Joinville, avaliada em quase R$ 1 bilhão, que deve levantar R$ 15 milhões também em oferta restrita a poucos investidores.

Além dessas ofertas maiores, que ocorreram de forma privada, a plataforma viabilizou quatro outras ofertas públicas — Declare Cripto, Jump, Juros Baixos e SoulPrime —, que tem volumes menores para se enquadrar dentro dos limites das regras de investimento em crowdfunding.

Segundo Reinaldo Rabelo, presidente-executivo do MB, a expectativa é atingir R$ 240 milhões em ofertas privadas, com volume médio de captação de R$ 20 milhões no próximo ano. Para as ofertas públicas, a expectativa é fazer 50 captações com tíquete médio de R$ 500 mil.

O executivo prevê ainda impulsionar ofertas públicas de startups, que recebeu o nome na empresa de renda variável digital, a exemplo da experiência da plataforma com captações por meio de dívida da chamada renda fixa digital tokenizada.

“Esse processo de tokenização de oferta de investimento colaborativo é uma trilha que já vimos acontecer na renda fixa digital, que começou pequena, na casa dos R$ 3 milhões ou R$ 4 milhões por ano. Hoje, já superamos mais de R$ 400 milhões, sendo R$ 53 milhões só em outubro”, disse.

No processo, as startups precisam passar por uma avaliação do negócio, incluindo uma “due dilligence” das principais contas. Antes de abrir para investidores na platatorma, a equipe verifica documentos, confere se a oferta tem bons fundamentos e se os números são consistentes.

O trabalho envolve parceiros do ecossistema do MB, que ajudam na estruturação da oferta, como o hub de inovação Distrito e a Fischer VB, que funcionam como aceleradoras de startups, além do clube de investidores Jupiter e a gestora de venture capital Gear Ventures, que tem capital dos sócios do próprio Mercado Bitcoin.

As informações sobre as empresas, como balanços trimestrais e relatórios de auditoria, são consolidadas na plataforma de investimento, que usa tecnologia blockchain. A plataforma também permite que o investidor tenha acesso aos fundadores, podendo colaborar no desenvolvimento do negócio.

De acordo com o executivo, o aprendizado da operação de crowdfunding iniciada em 2020 permitiu acomodar transações maiores do que os limites colocados para as ofertas públicas. “Passamos a entender e atender gestores de VCs, family-offices e clubes de investidores, que precisavam de mais tecnologia para organizar os investimentos, sem necessidade de oferta pública dos cases”, disse.

As ofertas de investimento por financiamento coletivo vêm passando por uma grande mudança regulatória nos últimos anos no Brasil. A maior delas foi a Resolução 88 da CVM, a Comissão de Valores Mobiliários, que foi editada no ano passado. Entre outras medidas, a norma aumentou o limite de captação de R$ 10 milhões para R$ 15 milhões ao ano.

FONTE: https://valor.globo.com/financas/criptomoedas/noticia/2023/12/13/startups-captam-r-40-milhoes-com-investimento-participativo-via-plataforma-de-crowdfunding-do-mb.ghtml