STARTUP AUMENTA PRODUÇÃO AGRÍCOLA EM ATÉ 90% COM POLINIZAÇÃO PROFISSIONAL

A argentina BeeFlow usa conhecimento científico desenvolvido em seu país para melhorar o processo de polinização realizado pelas abelhas e aumentar o volume de produção das propriedades rurais entre 20% e 90%

A BeeFlow já ajudou a aumentar a produtividade de plantações de maçãs (Foto: Pexels)

Mais de 70% dos alimentos produzidos no mundo dependem do trabalho de polinização das abelhas e essa parte importante do processo de cultivo não recebe a devida atenção dos produtores rurais.

startup argentina BeeFlow rema contra essa corrente, procurando levar para o campo o conhecimento científico sobre abelhas desenvolvido no país, com o objetivo de melhorar a polinização e aumentar o rendimento dos cultivos.

Criada em 2016 pelos doutores em biologia e especialistas em polinização de abelhas Pedro Negri e Agustín Saez e pelo administrador de empresas Matías Viel, a BeeFlow propõe-se a funcionar como intermediária entre apicultores e produtores rurais, oferecendo um serviço profissional de polinização que promete aumentar a produção agrícola entre 20% e 90%.

Seu trabalho consiste em alugar colmeias de apicultores, aprimorá-las com uso de biotecnologia e oferecer os serviços de polinização aos produtores. “Nós alimentamos as colmeias com moléculas orgânicas desenvolvidas em diferentes universidades para melhorar o sistema imunológico das abelhas e fazer com que sejam mais eficientes, inclusive sob baixas temperaturas”, contou Viel, CEO da BeeFlow, ao programa LN+ Campo, da rede de TV do grupo La Nación.

Viel afirma também que a empresa busca resolver outra ineficiência do sistema de polinização, que é o fato de as abelhas distraírem-se quando saem das colmeias, buscando pólen em flores diferentes daquelas que deveriam ajudar a fecundar. “Encontramos um grupo de pesquisa na Universidade de Buenos Aires que é pioneiro mundial no estudo da memória e do aprendizado das abelhas. Esse grupo desenvolveu fórmulas distintas que usa para alimentar as colmeias e fazer com que as abelhas polinizem especificamente as flores do cultivo desejado”.

Os fundadores da BeeFlow (Foto: Divulgação)

Nos últimos dois anos, a empresa fez ensaios com plantações de arandos em Concordia, amêndoas em Mendoza, maçãs em Rio Negro e kiwis em Mar del Plata.

Como as abelhas não se sentem atraídas pelas flores do kiwi, no caso dos plantios desse fruto a empresa usou um processo de polinização artificial, que consiste na coleta do pólen e na esfregação manual dessa material nas flores, processo que maximizou a produção da região em 90%.

Além do aumentar o rendimento dos produtores agrícolas, o trabalho desenvolvido pela BeeFlow traz uma renda extra para os apicultores, corrigindo uma prática comum na Argentina que é o criador ceder suas colmeias para propriedades agrícolas no período de floração e ainda pagar  depois com um pote de mel.

Segundo Viel, em outros países acontece o contrário. Nos Estados Unidos, por exemplo, o apicultor recebe em torno de US$ 200 para cada colmeia cedida a um produtor por um mês durante o ano.

A BeeFlow recebeu investimentos da GridX Exponential, uma construtora argentina de empresas de base científica, com foco em biotecnologia, e da empresa de capital de risco SOSV. No início deste ano, a startup passou por um processo de incubação na IndieBio, uma das mais importantes aceleradoras de negócios de biotecnologia, com sede em São Francisco.

FONTE: PEGN