Quais empresas disputam a corrida por ‘carros voadores’

Uber, Airbus e Boeing se apressam para garantir espaço no futuro mercado de veículos (inclusive autônomos) para táxi aéreo nas cidades

MODELO ‘BLACKFLY’ DURANTE TESTE REALIZADO PELA OPENER

É natural que quando o dono de uma empresa de sucesso decide investir em algum negócio, todos os olhos se voltem à nova aposta. No caso de Larry Page, fundador e atual presidente da Alphabet (empresa ‘guarda-chuva’ do Google), o interesse é multiplicado. Não só porque ele é responsável por uma das maiores companhias do Vale do Silício, na Califórnia, mas porque, além dela, o executivo agora banca o desenvolvimento não de uma, mas de duas fábricas de “carros voadores”.

O anúncio oficial veio no dia 12 de julho de 2018, próximo ao lançamento da versão mais bem acabada da empresa canadense Opener. Chamado de BlackFly, o veículo tem capacidade para um piloto e é totalmente elétrico.

Além da Opener, desde 2011 Larry Page tem parte na Kitty Hawk, empresa cuja missão é “livrar as pessoas do trânsito com soluções em transporte elétrico”. Em março e em junho de 2018, tornaram-se conhecidos dois modelos seus, respectivamente: Cora, um veículo voador pensado para funcionar como um táxi aéreo; e Flyer, veículo individual adequado para aterrissagens na água.

Embora sejam vulgarmente chamados de “carros voadores”, os veículos mais parecem mistos de aviões, helicópteros e drones. Formalmente, veículos do tipo se enquadram na categoria eVTOL, sigla em inglês para Veículo Elétrico de Decolagem e Pouso Vertical.

A definição é autoexplicativa: são veículos elétricos equipados com baterias e que, assim como helicópteros, usam suas hélices para decolar e pousar verticalmente.

Embora a Kitty Hawk faça a pré-venda de um dos seus modelos, a maioria dos projetos ainda está em fase de pesquisa e desenvolvimento. O objetivo é torná-los aptos a transportar passageiros em ambientes urbanos. Para isso, como aponta o portal de notícias The Verge, além da criação de uma regulamentação específica – que ao menos nos EUA deve ser discutida nos próximos anos –, o setor deve buscar formas de garantir eficiência energética suficiente que suporte um tempo razoável de voo. “A maioria dos especialistas prevê que pode levar anos, se não décadas, antes que a tecnologia permita voos mais longos”, diz o site. O modelo lançado recentemente pela Opener dá esperanças nesse sentido. Segundo as especificações do modelo BlackFly, o veículo pode alcançar até 100 km/h e tem eficiência para percorrer até cerca de 40 quilômetros depois de uma decolagem.

No páreo Abaixo, uma relação de algumas das empresas (e seus projetos) que têm dedicado dinheiro na construção desses veículos. Uber A empresa de tecnologia e transporte Uber apresentou em maio de 2018 o conceito do eVTOL que gostaria de ver voando com sua marca sobre as cidades até 2023. Pelo projeto da empresa, o veículo da modalidade “UberAIR” pode voar a uma altura de até 600 metros e terá eficiência para fazer 200 decolagens e pousos por hora.

Segundo a empresa, inicialmente os eVTOLs serão pilotados por humanos. No futuro, assim como no caso dos automóveis, o objetivo é tornar os veículos autônomos. Atualmente, a Uber trabalha com três fabricantes no desenvolvimento do seu futuro veículo: a americana Bell Helicopters, a eslovena Pipistrel e a brasileira Embraer. Na época do anúncio da Uber, Antônio Campello, presidente da Embraer X – divisão criada para o desenvolvimento de novos negócios – disse em nota que a empresa desenvolve “soluções para trazer transporte aéreo sob demanda para áreas urbanas e assim melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas”.

Segundo Campello, a parceria da Embraer com “as principais partes interessadas” irá “acelerar a chegada desse novo ecossistema”.

Airbus

Dois anos depois de desenhado o conceito do seu eVTOL, no fim de janeiro de 2018 a europeia Airbus fez o primeiro teste do chamado Vahana, um veículo aéreo autônomo e elétrico. O projeto é desenvolvido pela A³, uma divisão da Airbus criada em 2015 e localizada no Vale do Silício.

Boeing

Em novembro de 2017, a gigante Boeing comprou a Aurora Flight Sciences, empresa americana com mais de 500 funcionários dedicados ao desenvolvimento de um eVTOL com capacidade para um piloto e dois passageiros. De acordo com o site da Aurora, a previsão para a realização dos primeiros testes é 2020.

Volocopter

Em janeiro de 2018, a empresa alemã Volocopter fez o primeiro voo do seu eVTOL em solo americano durante a maior feira de tecnologia do mundo, a CES (Consumer Electronics Show). A apresentação se deu em parceria com a Intel, que entrou com a tecnologia que permite ao eVTOL, um espécie de drone gigante, fazer voos com pilotos humanos, mas também autônomos. O objetivo é que, no futuro, o modelo seja usado como táxi aéreo.

EHang

Diretamente da China, esse eVTOL teve dois anos de desenvolvimento até chegar à versão ideal para seu primeiro teste, realizado em fevereiro deste ano. Nele, a empresa Ehang fez seu veículo atingir uma altura de 300 metros, carregando 230 kg e chegando horizontalmente uma velocidade de 130 km/h. Por enquanto, o veículo é capaz de transportar um passageiro em voos de duração máxima de 23 minutos.

FONTE: NEXO