EMPREENDEDORA LEVA EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA MULHERES DO INTERIOR NORDESTINO

O projeto “As Marias” da ONG Acreditar fornece assessoria personalizada para mulheres empreenderem (Foto: Divulgação)

Lilian Prado tinha menos de 20 anos quando começou seu trabalho social. Hoje, aos 32, é o rosto por trás do projeto “As Marias” da ONG Acreditar, instituição da qual é cofundadora. O objetivo da ação, que surgiu em 2013, é incentivar as mulheres da região a abrirem seu próprio negócio. Esse apoio é feito por meio de uma assessoria personalizada para a empreendedora, cursos sobre finanças e negócios, programa de microcrédito e muitas outras ações.

A ideia surgiu em 2001, quando 120 jovens do interior do Pernambuco resolveram se unir por uma causa. Ao perceber que a maioria de seus amigos e parentes tinham que migrar para São Paulo em busca de uma melhor oportunidade de vida, decidiram criar uma organização que apoiasse o empreendedorismo na região. Foi dessa maneira que surgiu a proposta da ONG Acreditar.

Quando esses jovens perceberam que o empreendedor, principalmente por suas idades, não tinham nenhum apoio das instituições financeiras, decidiram criar, por si mesmos, o “banco dos sonhos”. Foram mais de quatro anos para a ideia sair do papel. Em 2006, a Acreditar foi formalizada como Organização Não Governamental (ONG) e, desde então, opera com recursos de microcrédito para fortalecer o mercado local.

Trabalhando no negócio desde seu começo, Lilian percebeu que, de todos os empreendedores que a Acreditar atende, 70% eram mulheres. Percebendo esse nicho de mercado, resolveu investir nesse público. “Tivemos que mudar toda a nossa metodologia para lidar com as mulheres. Além do que já fazíamos, tivemos que estudar questões sociais de gênero para colocá-las como público prioritário”, conta.

Foi aí que surgiu o projeto “As Marias”. Quando decidiram atuar com o público feminino, perceberam que precisavam ter cuidados especiais com elas. “Como o mundo ainda é muito machista e diz que lugar de mulher é na cozinha, precisávamos ter uma proposta social por traz de todas as ações financeiras”, diz Lilian.

Segundo ela, a maioria das mulheres sempre quis empreender, mas sofria preconceito dentro de sua própria casa. “Elas tinham vontade de ter sua própria renda, mas o homem não deixava. A gente dá o apoio para ela se sentir independente e ter mais liberdade financeira”, explica.

Quando uma mulher chega na instituição afim de abrir seu próprio negócio, pode seguir por diversos caminhos. Lilian descreve como uma “assessoria personalizada” para o negócio. A Acreditar oferece o Programa de Microcrédito Produtivo e Orientado, que orienta a empreendedora, concede crédito e acompanha o desenvolvimento do negócio. E também o Programa de Educação Empreendedora e Gestão de Negócios que trata-se de cursos de educação financeira.

Dentro do Programa de Microcrédito, a mulher possui a exclusividade de optar pelo “Fundo de Negócio As Marias”. Além disso, a instituição oferece cursos de maquiagem e cabelereiro para aumentar a autoestima da mulher, promove debates sobre gêneros, workshops sobre finanças e negócios e distribui um guia prático sobre mulher no mercado de trabalho que até conta com telefones úteis que auxiliam com legislações femininas. “Criamos ações especiais para promover o empoderamento feminino e a equidade de gêneros”, diz Lilian.

A Acreditar é uma organização sem fins lucrativos, mas Lilian deixa claro que eles trabalham com um plano de negócios do cunho social. Isto é, os empreendedores(as) interessados a aderirem os Programas, devem pagar uma quantia que ajuda a organização a continuar funcionando. “Deixamos claro que eles estão pagando para pode promover a mesma oportunidade para seus filhos, seus vizinhos…. Para o ciclo continuar girando”, conta Lilian.

A sede da Acreditar se localiza em Glória do Goitá, interior de Pernambuco, mas já existem ações em mais 6 cidades do Agreste e Zona da Mata pernambucana. Atualmente, com esses custos, a organização consegue, além de ter um grande time de voluntários, pagar funcionários para trabalhar em suas filiais.

A adesão desses Programas por meio dos empreendedores também faz com que a instituição tenha verba para promover ações gratuitas para a comunidade. São diversos cursos, eventos, pesquisas e guias que também incentivam o empreendedorismo na região.

Para 2017, Lilian quer continuar arrecadando mais recursos para que “As Marias” siga ajudando o empreendedorismo feminino e quer lançar uma premiação de incentivo. Segundo ela, o nome será “Prêmio As Marias – Mulheres de Negócio” e, além de dar mais visibilidade as ganhadoras, servirá de estímulo para as empreendedoras seguirem crescendo. “É muito satisfatório ver essas mulheres sendo donas de si. A gente só estimula! São elas que continuam o trabalho”, orgulha-se.

FONTE: PEGN