eiON quer produzir carros elétricos para atender o segmento turístico nacional

Para sobreviver à concorrência com grandes empresas do setor automobilístico, a startup aposta na produção de Buggys

Fundador da eiON, Milton do Santos Júnior
FOTO: DIVULGAÇÃO EION

Produzir veículos elétricos no Brasil para atender o segmento turístico nacional é a proposta da eiON. Para sobreviver à concorrência com grandes empresas do setor automobilístico, que investem grande capital neste tipo de tecnologia, a startup aposta na produção de Buggys, que são de pequeno porte.

“Nos próximos 10 a 15 anos vamos ter uma ‘avalanche’ de trocas dos veículos tradicionais [movidos a combustão] por elétricos”, acredita o fundador da eiON, Milton do Santos Júnior. O primeiro automóvel da companhia foi lançado em setembro deste ano, um mês antes de sua fundação, em outubro.

A startup de Curitiba preferiu começar com a produção de Buggys para se diferenciar do mercado automobilístico. “A gente vai priorizar as regiões litorâneas e o Nordeste porque lá tem a cultura de utilizar este tipo de automóvel”, explica o empresário. Além disso, ainda em regiões de turismo, a eiON planeja iniciar o serviço de compartilhamento de veículos, como a Yellow, que atua com bicicletas.

Mercado

A Volkswagen, por exemplo, anunciou, em novembro, o investimento de US$ 50 bilhões até 2023 para o desenvolvimento de veículos elétricos no mundo. Só para a marca Audi, que faz parte do grupo alemão, o valor para fomentar a produção destes automóveis será de 14 bilhões de euros. Além disso, a companhia revelou o interesse em uma parceria com a rival americana Ford para explorar mais o segmento.

No Brasil, os carros totalmente elétricos ainda estão conquistando espaço. Atualmente, o único veículo deste tipo comercializado em território nacional é o BMW i3, da montadora alemã BMW. O preço deste fica a partir de R$ 199.950 e a autonomia é de 180 Km.

No entanto, durante o Salão do Automóvel de 2018, evento que reúne as principais empresas do setor, a General Motors anunciou o lançamento do Bolt EV. O automóvel, com autonomia de 380 Km, deve começar a ser vendido a partir do próximo ano, por R$ 175 mil.

Além disso, outras duas marcas devem comercializar carros elétricos no Brasil em 2019. A fabricante francesa Renault anunciou o Renault Zoe, com autonomia de 300 Km e um preço previsto de R$ 149.990. A japonesa Nissan pretende começar a vender o Nissan Leaf, que pode rodar até 400 Km a cada recarga, com custos a partir de R$ 178.400.

Para Santos Júnior , o maior receio nos próximos anos será em relação às montadoras chinesas. “São milhares que a gente ainda não ouviu falar. Na China, elas ficam na frente das empresas tradicionais, concorrendo diretamente com as europeias e americanas”, diz. Mas o fundador da eiON considera que, até o momento, as companhias chinesas não estão preparadas para exportação, o que beneficia a startup para conquistar mercado.

Fabricação

A startup fabrica e monta a estrutura externa dos carros, o motor integrado à lataria é fornecido pela empresa parceira WEG e as baterias de íon-lítio (recarregáveis) vêm de três empresas distintas. Os valores de investimento e o preço sugerido de venda do veículo não foram divulgados. A empresa nascente ainda espera autorização do governo para colocar o automóvel nas ruas.

Como a empresa ainda não tem uma sede ou fábrica, será desenvolvido um veículo de cada vez, mas a projeção é fabricar de 2 a 7 carros por mês dentro de alguns anos. Atualmente, a eiON está finalizando seu segundo veículo, mas ainda realiza ajustes no primeiro.

A companhia pretende fabricar quatro tipos de Buggys, o básico, com autonomia de 120 Km; o padrão, com 150 Km; o econômico, com 250 Km e o de luxo, com 500 Km. Ainda nova no mercado, desde outubro deste ano, a startup não teve investimentos externos ou participou de programas de aceleração. Para 2019, o empresário almeja aumentar a quantidade de parceiros e de fomento.

Mobilis

Assim como a eiON, a startup de Santa Catarina Mobilis também quer desenvolver carros elétricos que rodem em vias públicas. A empresa, fundada há cinco anos, já comercializa automóveis movidos por eletricidade para uso corporativo, ou seja, para locais menores, como condomínios. No entanto, quer começar a atuar com modelos que possam percorrer ruas e estradas. Atualmente, a produção da companhia está na média de 100 veículos por mês.

A startup ainda aguarda a aprovação da administração pública para colocar os veículos nas ruas. A projeção é que a liberação seja concedida já no próximo ano.

FONTE: DCI