EDP e BMW inauguram seis pontos para carga de carros elétricos no Brasil

Empresas implementaram tecnologia no trecho Rio – São Paulo, formando um corredor de 430 Km, o maior da América Latina.

Quase 248 km separam São Paulo de Queluz, ao leste do Estado na região de Guaratinguetá. Foi esse município que a EDP Energias do Brasil, empresa privada do setor elétrico, e a montadora de automóveis BMW elegeram para instalar um dos seis pontos de carregamento de carros elétricos na rede de postos Ipiranga. Os outros estão situados em Guararema, São José dos Campos, Guaratinguetá e Piraí, onde há dois, formando um corredor de 430 Km entre Rio de Janeiro e São Paulo, o maior da América Latina para suportar a nova geração de carros, mais modernos e sustentáveis.

O projeto, que demandou investimento de R$ 1 milhão, valor compartilhado entre EDP e BMW, é pioneiro no Brasil, que caminha paulatinamente para a adoção de carros elétricos. Estimativas apontam que há em circulação em solo nacional cerca de 10 mil veículos do tipo. O potencial para expansão dessa marca, portanto, é enorme.

“Esperamos que esse mercado se desenvolva. Em 2027, a expectativa é de que haja no País 360 mil veículos elétricos e híbridos, uma marca importante, mas com muito espaço para crescer. Queremos com esse projeto criar condições para ter uma rede de abastecimento ampla”, contou Miguel Setas, presidente da EDP, em entrevista ao IDG Now!.

A escolha do corredor não foi ao acaso, contou o executivo. O eixo Rio – São Paulo é um dos mais populares do País e a Rodovia Dutra, que conecta as cidades, registra, segundo dados da sua administradora, a CCR, 900 mil viagens por dia. “Com a distância entre elas, mostramos que é possível fazer longos deslocamentos com carros elétricos”, reforçou Setas.

O IDG Now! foi convidado para fazer junto com a EDP e a BMW o percurso de Queluz a São Paulo para provar o potencial do modelo. Foram duas paradas de 20 minutos cada. Partindo de Queluz, o veículo conduzido pelos presidentes da EDP e da BMW, Helder Boavida, teve seu carregamento efetuado em São José dos Campos e, em seguida, Guararema. A cada parada, uma novidade: os executivos avaliaram quatro startups que querem desenhar o futuro da mobilidade no País.

A cada pit stop, o carro usado nos testes, o i3 da BMW, que tem zero emissão de gás carbônico, tinha 80% da sua carga carregada e autonomia para percorrer 180 Km sem paradas. O carregamento total acontece em cerca de uma hora. “Há, ainda, a possibilidade de extensão para casos emergenciais de mais 130 Km”, explicou Boavida, presidente e CEO da BMW Brasil.

Carros elétricos no Brasil: oportunidades e desafios 

Com uma frota de 200 carros elétricos no Brasil, a BWM acredita no potencial desse tipo de automóvel por aqui. Por enquanto, a empresa conta com dois modelos em solo nacional, o i3 e o i8, mas Boavida adianta que novos exemplares chegarão para fomentar a expansão do mercado local.

“O desafio da evolução desse modelo é certamente a infraestrutura de carregamento. EDP e BMW dão agora um passo importante nesse sentido, ligando as duas maiores cidades do Brasil. Outro desafio é a necessidade regulatória. É preciso que o governo invista em regulamentações para fomentar a mobilidade sustentável, como políticas para carregamento e isenções fiscais”, argumentou ele.

Concorda com Boavida Setas, presidente da EDP. Ele adiciona à lista o custo associado a esse tipo de carga. “Ele ainda é alto, porque é uma tecnologia em início de implementação, mas, naturalmente, com o tempo caminha para ser mais competitiva, assumindo posição que igualdade com as outras modalidades.” Segundo destacou o executivo, estudos mostram que entre 2020 e 2030 os carros elétricos terão custo consideravelmente menor.

Por enquanto, nos postos de carregamento da EDP e da BMW os custos não serão um problema para os early adopters da tecnologia. Até o final de 2018, as empresas optaram por não cobrar os clientes. A partir de 2018 e da consolidação da recente regulamentação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os valores serão avaliados e aplicados.

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Futuro elétrico + híbrido 

Na visão da BMW, explicou Boavida, o futuro da mobilidade está pautado em quatro pilares: autônomo, conectado, elétrico e compartilhado. “No pilar elétrico, demos a largada e ganhamos velocidade”, comemorou.

Segundo ele, já há vários países bastante avançados no tema, como a Noruega, que tem 25% da sua frota de carros elétricos, e a China, líder em carros elétricos, somando 100 mil das 1,2 milhão de unidades vendidas em todo o mundo em 2017. “No Brasil, acreditamos que os carros elétricos terão mais compatibilidade com algumas localidades, como grandes cidades, por exemplo. Sem dúvidas, em dez anos a adoção de carros elétricos será acelerada”, comentou.

E a BMW quer sempre estar à frente nesse segmento. Tanto é que a gigante automotiva, assim como parte da indústria, investe por volta de 6 bilhões de euros em pesquisa e desenvolvimento (P&D) não só nessa área, como em temas emergentes como conectividade, melhoria da bateria, inteligência artificial (AI, na sigla em inglês) e machine learning.

FONTE:  IDG NOW!