CVC da Totvs investe em startup que ajuda a recuperar carros roubados

Carbigdata integra software com IA a câmeras de monitoramento para rastrear placas e veículos.

Daniel Nunes Romero e Pedro de Paula, sócios-fundadores da Carbigdata — Foto: Divulgação

O fundo de corporate venture capital da Totvs, batizado de CV Idexo, fez um aporte de R$ 5,5 milhões na Carbigdata, uma startup catarinense que fornece tecnologia com inteligência artificial para ajudar a recuperar carros roubados.

Fundada por Pedro de Paula e Daniel Nunes Romero no início de 2020, a Carbigdata recorre a imagens coletadas por empresas parceiras (de monitoramento e vigilância), como a YellowCam, ou mesmo condomínios e comércios que tenham câmeras apontadas para a via pública, para identificar a placa e fazer a conferência do modelo e características de carros rastreados para suas clientes. “Em nosso pouco tempo de operação, já solucionamos até sequestro relâmpago”, conta o CEO de Paula.

Para o serviço funcionar, a startup conecta o seu software com IA ao hardware das empresas parceiras, que ficam com uma parte da receita. A solução permite não só a recuperação de veículos roubados e furtados, mas também a prevenção de fraudes e golpes com placas clonadas.

Hoje, a Carbigdata monitora em torno de 500 mil placas por mês e já recuperou mais de 50 mil veículos para as cerca de 120 grandes clientes, entre eles os cinco principais bancos do país e as maiores seguradoras e corretoras em operação no Brasil. A cobrança é feita por lotes e o valor aumenta de acordo com o número de placas rastreadas.

Uma das maiores dores de cabeça dos brasileiros, o número de roubos e furtos de carros teve uma nova alta no no passado, ao subir 8%, para 373,2 mil casos, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. A startup estima que os crimes envolvendo veículos geram um custo para as seguradoras, locadoras e até bancos de R$ 290 milhões por mês, quase R$ 10 milhões por dia.

“E se a gente olhar o número de veículos furtados que não têm seguro, o prejuízo chega a R$ 1 bilhão mensal: é um valor que o banco vai precisar cobrar de quem financiou, muitas vezes um cliente que usa a moto para fazer entregas ou o carro para trabalhar”, diz o CEO.

Com o cheque do CVC da Totvs, a plataforma quer expandir as parcerias com as empresas que detém hardware de monitoramento e acelerar o produto para melhorar a IA em reconhecimento de imagem e cruzamento de dados com outras bases para identificar, por exemplo, placas que são autênticas mas foram trocadas de automóvel e outras situações mais complexas.

O fundo da Totvs, que tem um portfólio de R$ 300 milhões, é gerido pela Citrino Ventures (gestora de corporate venture capital controlada pelo family office da família Ermírio de Moraes, dona do grupo Votorantim) e já investiu em startups como Infleet, IBBX e Influx, com tese voltada a empresas de Saas entre a rodada seed e a série B. Os cheques ficam entre R$ 2 milhões e R$ 25 milhões.

No caso da Carbigdata, um dos pontos que chamaram atenção do investidor é que a startup consegue conciliar um modelo inteligente de coleta de dados com uma capacidade de análise e processamento em uma arquitetura tecnológica que não torna o custo de armazenamento e análise proibitivo. “A precisão dos algoritmos para encontrar pontos de interesse nas imagens de forma automatizada é relevante, apesar de poder ainda evoluir”, avalia Felipe Fornaziere, sócio da Citrino Ventures.

Parte do dinheiro também será investido em marketing e na entrada em novos segmentos, como o monitoramento de caminhões — de ticket bem mais elevado. Algumas carretas, somadas à carga que transportam, chegam a custar sozinhas alguns milhões. A convite de uma de suas clientes, a startup também vai expandir a operação para o México, um mercado com desafios semelhantes, a partir da metade do ano que vem.

Este é o segundo aporte que a Carbigdata recebe. A startup já havia levantado cerca de R$ 4,5 milhões com a Domo Invest, em 2021.

FONTE:

https://pipelinevalor.globo.com/startups/noticia/cvc-da-totvs-acerta-aporte-de-us-6-mi-em-startup-que-usa-ia-para-recuperar-carros-roubados.ghtml