Como a tecnologia 3D está revivendo os patrimônios mundiais

Como a tecnologia 3D está revivendo os patrimônios mundiais

Os hologramas têm ajudado países a recriar monumentos históricos que foram destruídos

Os moradores de Bamiyan, no Afeganistão, tiveram a oportunidade de rever um de seus patrimônios graças às novas tecnologias em 3D. O Buda, uma herança cultural do Afeganistão, demolido em 2001 por militantes do Talebã, foi projetado em seu local original. A estátua de 53 metros de altura era a maior imagem de um Buda em pé.

A “reconstrução” de um símbolo importante para o país, que até então era irreparável, conseguiu trazer um fio de esperança para a população. A projeção de Buda, no Afeganistão, partiu de modelos que estão sendo usados para planejar a restauração em tamanho real das estátuas por meio da impressão em 3D.

A projeção em 3D já foi utilizada em outros países, como nos Estados Unidos, para dar vida a artistas que já morreram — como no caso de Michael Jackson, cujo holograma fez o moonwalk, uma de suas marcas registradas. Na Turquia, o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan não pôde comparecer a um evento, então decidiu enviar um holograma de si mesmo ao local. A projeção em 3D fez, inclusive, um discurso para os presentes no evento.

A projeção de Buda é o início de um novo tipo de ativismo histórico. Graças às impressoras em 3D, a capacidade tecnológica de startups inovadoras e o poder de gigantes como o Google, é possível usar novas ferramentas na luta contra os terroristas culturais: uma maneira de trazer de volta os gloriosos monumentos históricos.

Em agosto de 2015, militantes do Estado Islâmico destruíram o Templo de Baal-Shamin, declarado um Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO que tinha sido construído na Síria por volta de II a.C.  A guerra também destruiu outros 12 patrimônios históricos no país. São perdas imensas para uma nação. Se a tecnologia chegar a todos os países, essa será uma arma poderosa de resistência.

Exemplo disso são as Universidades de Oxford e Harvard, nos Estados Unidos, e o Museu do Futuro em Dubai, que uniram esforços para criar o Instituto Arqueológico Digital (IDA), que distribui câmeras em 3D aos residentes de áreas atacadas pelo Estado Islâmico. Dessa forma, as construções históricas podem ser documentadas antes que a guerra as destrua para sempre. O projeto da organização inglesa The Milion Image Database pretende usar a fotografia em 3D para capturar as dimensões e especificações de monumentos históricos ao redor do mundo.

Em Londres, uma iniciativa conduzida pelo Victoria & Albert Museum recriou uma cadeira da Maria Antonieta. Escaneando as partes que faltavam, foi possível reconstruir a peça em uma impressora em 3D.

Em um futuro próximo será possível aproveitar essas bibliotecas digitais para recriar completamente os patrimônios mundiais utilizando não apenas luz e sombra, mas tijolos reais, argamassas e partes concretas impressas em 3D.

FONTE: ÉPOCA