Climate Risk startups em alta

Sem querer fazer trocadilho, os ventos sopram a favor das startups que produzem tecnologia para mensurar ou mitigar os efeitos da crise climática nos negócios corporativos e na economia, em diferentes segmentos e verticais. Essas empresas usam uma combinação de tecnologia, ciência, analytics e IA, para mapear cenários climáticos, gerar alertas antecipados de riscos, oferecer segurança financeira contra os desastres e analisar o impacto da crise climática em diferentes modelos de negócio. Em um gráfico de Venn, elas estão na intersecção das fintechs com as climate techs.

Seu mercado total endereçável (TAM) só tende a crescer: no ano passado, segundo o relatório “Climate and Catastrophe Insight 2024”, da AON, seguradora e avaliadora de riscos, o mundo viu 393 grandes desastres climáticos causarem US$ 380 bilhões em prejuízos. Esses números são 22% superiores à média dos prejuízos climáticos do século 21 relatados até agora.

O relatório da AON aponta que 63% dos 66 eventos de desastres naturais do ano passado que superaram US$ 1 bilhão em prejuízos individuais devem-se à crise climática.
Há um gap de proteção global de 60%, já que só 40% desses desastres ou eventos estavam cobertos por seguros.
A maioria dos eventos segurados estava nos EUA, enquanto no resto do mundo grande parte segue desprotegida.
Um mercado que atrai
Um dos relatórios “deep dive” do Dealroom, sobre climate techs, mostra que as fatias de participação das climate techs no bolo de capital de risco mais que triplicaram de tamanho em dez anos. Embora a entrada de dinheiro tenha diminuído com a queda de investimento em todos os setores, o percentual dentro do bolo aumentou de 14% para 16% em 2023, por exemplo.

Com foco nas climate fintechs, o relatório de 2024 do fundo CommerzVentures quantifica as oportunidades em crescimento para o setor e gera a lista das 50 fintechs climáticas mais relevantes para 2024. Em 2023, o investimento global em climate fintechs foi de US$ 2,3 bilhões. Foi 19% menor que em 2022, mas muito melhor que os 38% médios de queda de investimento global em startups em geral.

O repositório de dados da CommerzVentures tem mais de 600 climate fintechs mapeadas. “Esse já não é mais um segmento iniciante. De todas as empresas que levantaram investimentos em 2023, 42% estavam em fase seed ou pre-seed e 31% estavam levantando dinheiro de rodada Series B”. As startups estão divididas em aplicações como mercados de carbono, gestão de energia, contabilidade de carbono, cálculo de risco climático, analytics de cadeia de suprimentos, mitigação de risco climático, gestão de capital natural e investimento climático.

Um grupo de 20 startups da categoria chamada Climate Risk Measurement (métricas de risco climático) captou sozinho quase US$ 1 bilhão nos últimos dois anos em investimentos, segundo um levantamento do Crunchbase. Essas empresas oferecem tecnologias inovadoras no momento em que as corporações são cobradas pelos reguladores a medir e declarar seus riscos de sustentabilidade nos seus relatórios financeiros.

Só nesta semana, duas startups dos EUA — Arbol e AiDash — captaram juntas a soma de US$ 118,5 milhões em funding para seus projetos, que envolvem seguros para incidentes associados ao clima, e identificação de riscos para infraestrutura crítica.

Para entender melhor o tipo de produtos inovadores que as climate fintechs oferecem, basta pensar que hoje, no mercado imobiliário, por exemplo, há o risco de comprar uma propriedade em um local que pode ser arrasado por um incidente climático. Entra em cena um modelo de análise chamado Valor Climatico em Risco (CVaR, do inglês Climate Value at Risk), criado pelas startups ClimateCheck e ClimateFirst, nos Estados Unidos. Elas usam tecnologia e dados para determinar o valor dos ativos que podem ser danificados ou destruídos como resultado de desastres provocados pelo clima, recomendando medidas de resiliência de propriedade.

Da F6s, uma lista com mais de 100 startups de dados climáticos para ficar de olho em 2024.

Um relatório do Potsdam Institute for Climate Impact Research, da Alemanha, aponta que 19% da renda média global será usada para consertar os prejuízos que a crise climática pode provocar até 2050. Estamos falando de US$ 38 trilhões por ano em perdas, e todos os países serão afetados, alguns pior que os outros, especialmente no hemisfério sul.

FONTE: THE SHIFT