Big data e inteligência artificial no setor automobilístico são caminho sem volta

Executivos do setor são unanimidade quanto à necessidade do uso de dados de motoristas para evolução da indústria

CARSTEN BREITFELD, CEO DA BYTON, E MARTIN HOFMANN, CIO DA VOLKSWAGEN, NA WEB SUMMIT (FOTO: FELIPE MAIA)

Reunidos na Web Summit 2018, representantes do alto escalão da Volkswagem, Aston Martin e Byton provaram que o uso de tecnologias digitais deixam de ser tendências para, pouco a pouco, se tornarem a regra da indústria automotiva. Nesse caminho promissor para a sobrevivência do setor, o uso de dados de motoristas passa a ser fundamental.

Recursos como big data e inteligência artificial serão, assim, cada vez mais comuns em automóveis. Para Marek Reichman, vice-presidente da Aston Martin, sensores que analisam essas informações já são facilmente encontrados em modelos de luxo e em breve seus resultados serão utilizados no desenvolvimento de carros populares e carros autônomos.

“Vamos ver cada vez mais sistemas de monitoramento para que saibamos quando é seguro dirigir, onde é seguro, se devo dirigir”, diz. “Usar essa tecnologia para dirigir melhor é a resposta para o futuro do carro autônomo, e aí vai estar a diferença entre o carro que você dirige e o carro que se dirige sozinho.”

Carsten Breitfeld, CEO e cofundador da Byton — companhia chinesa criada por ex-executivos da BMW e da Nissan —, acredita que novas gerações de consumidores devem se beneficiar de carros mais seguros ao passo que elas fornecerão os dados necessários para tal. “Pessoas mais jovens são muito mais abertas a compartilhar dados, mas você tem que seguir regras ao utilizá-los”, afirma. “O que terá mais valor no mercado automotivo é o que salvar mais vidas, e por isso é importante usar dados da forma correta.”

Martin Hofmann, CIO da Volkswagen, também vê uma fase de transição de mentalidade quanto ao controle e à leitura de informações em larga escala — algo similar ao que acontece com as redes sociais. “Hoje, vale a pena [recolher esses dados], mas no futuro será preciso uma gerência, um consenso entre as informações que o motorista quer fornecer ou o que ele não quer fornecer.”

Possibilidades fora da caixa
Para Hofmann, o futuro dos automóveis apresenta mais possibilidade do que pode-se pensar hoje. “Muitas pessoas ainda vão querer ter carro porque ele pode ser usado como transporte, como algo esportivo, como Uber”, diz. “Existem vários modelos de uso e temos que sustentar essas possibilidades, porque ninguém sabe com certeza o que o consumidor vai querer daqui a 5, 10 anos.”

Segundo Reichman, essa análise cabe ao debate entre novo e velho, tradição e inovação, carros com motoristas e veículos autônomos. “Todas as vezes que forçamos a sociedade em um caixa, alternativas surgem. Foi assim com MP3 player: vimos as vendas de vinil crescerem. O analógico sempre será importante porque as pessoas querem casar os dois pontos.”

FONTE: ÉPOCA