SXSW 2018: “Queremos atrair mais startups brasileiras”

Considerado uma dos principais celeiros de startups dos Estados Unidos, o programa de aceleração do SXSW apoiou mais de 300 empresas nos últimos nove anos. Juntos, esses negócios já receberam mais de US$ 4,6 bilhões de investidores e fundos de capital de risco. Por trás da iniciativa, está o texano Chris Valentine. Responsável pela formação do time de mentores e pela seleção dos empreendedores, Valentine destaca o aumento da presença de negócios de impacto social no SXSW. Na entrevista a seguir, ele fala sobre as tendências que estão despontando entre os participantes e os planos da organização para atrair mais startups brasileiras.

Como o programa de aceleração do SXSW se encaixa dentro da proposta geral do evento?
Nossa equipe se reúne durante o verão para discutir tendências que estão despontando no mercado de tecnologia. A partir daí, definimos quais serão as áreas que iremos priorizar durante o programa. O objetivo é oferecer uma plataforma onde empresas inovadoras possam apresentar suas soluções para especialistas e investidores. Procuramos por empreendedores que estejam trabalhando em ondas de inovação que orientarão o mercado nos próximos anos.

Quais são essas ondas de inovação?
O programa de aceleração termina refletindo as outras tendências apresentadas no SXSW. Nesse sentido, tenho observado um forte movimento nos setores de inteligência artificial, realidade virtual e blockchain. O nosso foco está em mercados nos quais as empresas ainda estão tentando descobrir o melhor caminho para  explorar tecnologias disruptivas. Queremos ajudar a preencher os espaços de inovação que as grandes corporações de tecnologia não conseguem atender.

Como você avalia os participantes dessa edição? Eles estão conseguindo resolver esses problemas?
A presença de startups em estágios mais avançados é uma característica marcante desse grupo. Creio que isso esteja relacionado ao amadurecimento do ecossistema global de startups. Os empreendedores passaram a contar com uma rede de apoio mais sólida. O aumento da presença de negócios com impacto social também chamou a minha atenção. Os empreendedores estão cada vez mais conscientes que precisam entregar algo de volta para a sociedade.

Quais são os planos para as próximas edições?
Queremos atrair mais startups de outros países. A turma atual tem 15 startups estrangeiras. A maioria delas é da Europa, onde fizemos um trabalho de divulgação mais intenso no ano passado. A ideia é aumentar a visibilidade do programa em países da África, da Ásia e da América Latina.

Vocês receberam inscrições de startups brasileiras?
Sim. Mas foram bem poucas. É até estranho, pois temos um grande volume de empreendedores e delegações brasileiras no evento. Essa é uma das razões pelas quais queremos estabelecer uma presença mais forte no país.

Como pretendem fazer isso?
Entendo que não é simples para um empreendedor parar tudo que está fazendo e passar algumas semanas em Austin. Principalmente quando existe um processo organizado por alguém que ele não conhece. Nesse sentido, parcerias com organizações e players locais podem trazer resultados interessantes. Propostas apresentadas por redes de contatos pessoais costumam ser mais atrativas.

FONTE: ÉPOCA NEGÓCIOS