Projeto com biocápsulas germina áreas de degradação e dá vida à novas árvores

As biocápsulas sustentáveis, criadas pelo head de inovação e engenheiro ambiental, Gabriel Estevam Domingos, são feitas a partir de resíduos das empresas de celulose e da indústria farmacêutica. A ideia começou a ser trabalhada após a observação de um problema ambiental que poderia ser resolvido.

As biocápsulas sustentáveis, criadas pelo head de inovação e engenheiro ambiental, Gabriel Estevam Domingos, são feitas a partir de resíduos das empresas de celulose e da indústria farmacêutica. A ideia começou a ser trabalhada após a observação de um problema ambiental que poderia ser resolvido.

O criador do projeto já morou em Praia Grande e iniciou a carreira com uma startup em Cubatão. Com grande destaque na área de inovação ambiental, o engenheiro já conquistou cinco premiações com as biocápsulas, uma delas o Prêmio Jovem Brasileiro.

O projeto tem como objetivo reflorestar grandes áreas devastadas com uma maior eficácia de germinação. A biocápsula funciona da seguinte maneira: são coletadas as cápsulas de remédio que não seriam mais usadas pela indústria farmacêutica e também os resíduos das empresas de celulose. Após essa coleta, as cápsulas recebem uma semente e adubo e são distribuídas em áreas que necessitam da plantação.

“Pegamos a biomassa gerada no processo produtivo da celulose e fizemos um adubo com uma técnica milenar. Além disso, a cápsula gera vantagens no processo de germinação ”, relata o engenheiro.

O resíduo da indústria farmacêutica é feito de colágeno e funciona como uma proteção para semente, gerando uma maior taxa de germinação em áreas degradadas.

Atualmente o processo de fabricação gera 15 mil biocápsulas em 8h de trabalho. A ação é toda automatizada e conta com o apoio de impressoras 3D. Ao todo já foram distribuídas mais de 500 mil biocápsulas pelo Brasil.

Testes

Após o processo de pesquisa, começaram os testes para entender como a germinação aconteceria. De acordo com Gabriel, aconteceram diversos testes em áreas da Mata Atlântica e em mata ciliares no Guarujá.

Com os testes, os pesquisadores conseguiram comprovar que quando comparado à semente normal, a encapsulada tem uma maior taxa de germinação.

A biocápsula não utiliza fertilizantes ou produtos químicos para acelerar ou melhorar o processo.

Muvuca

A muvuca é um processo ancestral realizado pelos indígenas para o reflorestamento. Os indígenas costumam recolher diversas sementes nativas na floresta e mistura-las com adubo verde. Essa combinação já recuperou mais de 27 milhões de árvores nativas em diversas regiões do país.

As biocápsulas utilizam o mesmo processo, porém se aproveitando da tecnologia e da inovação. “A gente trouxe essa tecnologia para o processo e aumentamos a taxa de efetividade”, explica Gabriel.

Reflorestamento com drones

A ação de reflorestamento da Mata Atlântica e também de áreas de mata ciliares é realizada por meio de drones, que são automatizados e realizam o processo de reconhecimento da área escolhida.

De acordo com Gabriel, atualmente a empresa trabalha em um drone com a capacidade de 20 mil biocápsulas, podendo germinar 1 hectare por voo.

“Pensei no mesmo processo que o pássaro realiza para a germinação.”

O projeto também facilita o reflorestamento em áreas remotas e de barragens, assim o risco para o trabalho humano é minimizado.

Atualmente, o processo conta com quatro drones semeadores com a capacidade para 3 mil biocápsulas.

Economia circular

A economia circular associa desenvolvimento econômico à melhor utilização dos recursos naturais, priorizando insumos mais duráveis, renováveis e recicláveis.

O projeto da biocápsula é pensado para ser ecológico do começo ao fim, ou seja, além de retirar resíduos e fomentar o reflorestamento, o processo também pensa na economia local de forma sustentável.

Além de usar as técnicas ancestrais dos indígenas, eles compram as sementes com eles, gerando um impacto positivo na economia circular.

A próxima ação do projeto deve acontecer em dezembro no Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso. No local, eles vão sobrevoar a área com 200 mil sementes nativas para realizar o reflorestamento de áreas degradadas.

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