NESTE RESTAURANTE NOS EUA, OS COZINHEIROS SÃO ROBÔS

Criado por quatro alunos do MIT, o Spyce baixou os preços ao implementar um time de robôs para preparar os pratos

Spyce tem restaurante completamente automatizado (Foto: Divulgação)

A cliente chega ao restaurante, pede o prato, e ele é preparado e servido apenas minutos depois — um bowl de comida tailandesa com frango, batata doce, curry, alho frito e cebola.

Poderia ser uma cena simples de algum restaurante de comida rápida. A diferença é que todo o processo é feito não por funcionários, mas por robôs.

Essa cena acontece centenas de vezes ao dia no Spyce, restaurante na cidade de Boston, nos Estados Unidos. O estabelecimento foi fundado em maio do ano passado por quatro alunos do MIT (Massachusetts Institute of Technology), renomada universidade de tecnologia do país.

Amigos do time de polo da faculdade, os jovens Michael FaridKale RogersLuke Schlueter Brady Knight estavam cansados de pagar cerca de US$ 15 todas as vezes que compravam comida nos arredores de Boston. Eles decidiram, então, criar uma solução que barateasse os custos.

O Spyce (que lembra palavras como spicy, apimentado, ou spice, pimenta) serve combinações customizadas de ingredientes da culinária tailandesa, indiana, latina e libanesa nas conhecidas bowls, as tigelas com ingredientes misturados — que também já existem em muitos estabelecimentos no Brasil.

Spyce  (Foto: Divulgação)

Michael Farid, Kale Rogers, Luke Schlueter e Brady Knight tiveram a ideia quando estudavam no MIT (Foto: Divulgação)

Quando chega ao estabelecimento, o cliente faz o pedido em um painel, onde pode customizar os ingredientes de seu prato. Depois, o prato é feito na cozinha de forma totalmente automatizada. A preparação acontece em uma cozinha aberta, e o cliente pode assistir todo o processo.

A única participação de um funcionário humano é dar os toques finais, acrescentando ingredientes que exigem mais delicadeza. Um humano também é o responsável por entregar o pedido ao cliente.

spyce (Foto: Divulgação)

O estabelecimento tem de dois a seis funcionários em cada turno, e serve cerca de 500 clientes por dia.

Com os robôs, a empresa consegue vender as refeições por cerca de US$ 7,50 (R$ 28), enquanto uma bowl do tipo costuma custar mais de US$ 12 (R$ 45) na maioria dos estabelecimentos similares.

O negócio já levantou US$ 24,8 milhões (cerca de R$ 92,3 milhões) dos fundos Maveron e Collaborative Fund e fez os amigos entrarem na lista “30 under 30”, da revista de negócios norte-americana Forbes.

O Spyce também conseguiu chamar a atenção do chef francês Daniel Boulud, dono de estrelas do guia Michelin, a premiação mais conceituada em gastronomia do mundo.

Os fundadores, que não tinham nenhum contato com Boulud previamente, descobriram o e-mail do chef e o convenceram a fazer uma refeição no Spyce. O chef provou um prato com frango, batata doce, bacon e molho de tomate feito pela cozinha de robôs e, satisfeito com a qualidade da comida, topou ser investidor e consultor do restaurante.

Spyce (Foto: Divulgação)

Em entrevista a Forbes, Michael Farid, um dos quatro fundadores e CEO da empresa, conta que o chef também gostou da “qualidade de trabalho” que o Spyce oferece ao seu pequeno grupo de funcionários humanos.

Farid afirma que o objetivo do negócio não é tirar empregos, mas colocar robôs para fazerem as funções tediosas nas cozinhas, como lavar louça, ficar em frente a uma frigideira esperando o produto grelhar ou empratar a comida.

O Spyce entra no ramo conhecido como fast casual – isto é, um meio termo entre restaurantes tradicionais e redes de fast food (como o McDonald’s). Embora não ofereça garçons ou um bom serviço de mesa, essa parcela do mercado tenta ganhar os consumidores mais modernos, que querem pratos mais saudáveis e diversos, mas sem perder a rapidez e o bom preço.

spyce (Foto: Divulgação)

As vendas de estabelecimentos do tipo vêm crescendo cerca de 10% ao ano nos Estados Unidos. Fazem parte do setor no país nomes como a rede de hamburgueres Shake Shack e o restaurante de comida mexicana Chipotle.

Por enquanto, o Spyce conta apenas com uma unidade. O plano dos fundadores é abrir novas lojas em 2020.

FONTE: PEGN