Na Cogtive, réplica virtual de fábrica atrai cheque de R$ 10 mi da Indicator

Plataforma coleta e organiza dados para oferecer diagnóstico e plano de ação a clientes da indústria.

Reginaldo Ribeiro, fundador e CEO da Cogtive: indústrias não conseguem enxergar o que acontece no chão de fábrica — Foto: Divulgação

Em tempos de inteligência artificial e internet das coisas, era de se esperar que os processos fabris estivessem mais digitalizados e automatizados — mas não é bem assim. Apesar da adoção de novas tecnologias pela indústria, boa parte da produção ainda acontece (e é organizada) no offline. A Cogtive quer mudar isso com uma plataforma que replica o chão de fábrica no mundo virtual, e a Indicator Capital apostou R$ 10 milhões no plano.

“Hoje as lideranças não conseguem enxergar o que acontece dentro da planta. Se algum diretor precisa saber onde está algum lote ou produto, precisa descer na fábrica para procurar. É uma informação que demora muito a chegar, por incrível que pareça”, diz Reginaldo Ribeiro, fundador e CEO da Cogtive. “A gente digitalizou o chão de fábrica e criou um ‘gêmeo virtual’ na plataforma para gerar e organizar informação em tempo real.”

Além de tentar resolver o problema de visibilidade, a Cogtive também entrega diagnósticos e planos de ação com base nos dados coletados. Com uso de IA própria, batizada de “Tælor”, a plataforma sinaliza onde estão os gargalos de produção e logística e oferece comandos objetivos e específicos. O software indica, por exemplo, quais máquinas precisam ficar ligadas por mais tempo ou em um horário diferente ou como alternar os turnos das equipes a fim de atender um prazo apertado.

“Nós acreditamos nessa tese de Indústria 4.0, porque tem grandes oportunidades. A capacidade ociosa no país é estimada em 30%, uma parte relevante do capital que está mal utilizado”, diz Thomas Bittar, sócio da Indicator. “A empresa, além disso, tem saúde financeira, margens muito saudáveis e a possibilidade de breakeven. Temos muita confiança nos founders.”

Além de Ribeiro, que percebeu a dor ainda como estagiário na NeoQuímica, no polo industrial de Anápolis (GO), a Cogtive tem entre seus fundadores Ricardo Borgatti, veterano da manufatura, com mais de 30 anos de experiência no setor, e Cândido Ouro Preto, que foi chefe de Ribeiro na indústria farmacêutica e se interessou pela startup quando era apenas uma ideia. Com o investimento, a Indicator terá um assento em um recém-criado board.

O capital vem em boa hora para ampliar a equipe e investir em tecnologia para o produto, mas o fundo também terá um papel estratégico para a startup. A empresa está em processo de internacionalização e quer conquistar clientes nas regiões do Oriente Médio, norte da África e nos EUA, onde a Indicator conta com a influência de Fabio Iunis, sócio da gestora baseado na Califórnia. Não é o primeiro movimento de avanço ao exterior: por demanda orgânica, a plataforma já tinha cliente na Jordânia, que encontrou o serviço na internet e forçou uma tradução da plataforma.

No Brasil, o desafio é diversificar o portfólio de clientes — ainda bem concentrado no ramo farmacêutico. Além de gigantes como Hypera e Eurofarma, a plataforma atende Hering, no segmento têxtil, e empresas do setor alimentício.

No portfólio da Indicator, outra startup do segmento já comprovou a tese. A Tevec fazia predição da demanda com base em comportamento para facilitar o reabastecimento de pontos de venda no varejo. No ano passado, a empresa deu saída ao fundo ao ser comprada pela Infracommerce, por R$ 25 milhões — cinco vezes o investimento.

FONTE: https://pipelinevalor.globo.com/startups/noticia/na-cogtive-replica-virtual-de-fabrica-atrai-cheque-de-r-10-mi-da-indicator.ghtml