Fintech americana ganha licença do BC e prepara e-commerce para WhatsApp

Liquido fornece infraestrutura para pagamentos em e-commerce e transaciona US$ 1 bilhão por ano no Brasil.

Shanxiang Qi e MK Li, fundadores da Liquido: US$ 1 bilhão em intermédio de transações por ano no Brasil — Foto: Divulgação Shanxiang Qi e MK Li, fundadores da Liquido: US$ 1 bilhão em intermédio de transações por ano no Brasil — Foto: Divulgação

Fintech americana fundada por chineses, a Liquido acaba de conseguir uma licença do Banco Central para operar como instituição de pagamento no Brasil. Atuando no mesmo segmento que gigantes como a Stripe, de infraestrutura para transações no e-commerce, a plataforma se especializou nas particularidades da América Latina e agora vai poder competir com mais força com outras regionais, como dLocal e Ebanx.

“Era uma limitação a falta dessa licença. Até então focamos em fornecer serviços básicos de conectividade de pagamento, que, aliás, estavam indo muito bem”, disse MK Li, um dos fundadores da Liquido. “Essa liberação vai nos permitir alcançar todo nosso potencial.”

Há pouco menos de dois anos em operação no Brasil, a Liquido já transaciona anualmente o equivalente a US$ 1 bilhão só no país. No México, que compete pela posição de principal mercado para a fintech, o TPV atual é o mesmo. A startup também opera na Colômbia e no Chile, com volumes menores.

Com a nova licença, vai poder atender de forma direta seus clientes — mas este é um plano para o longo prazo. Um grande potencial destravado pelo “ok” do BC para a plataforma, no entanto, é poder operar sem intermediários sua solução de e-commerce para o WhatsApp no segundo país com o maior número de usuários do app.

Embora o chat da Meta já tenha desenvolvido seu próprio botão para fazer transferências e movimentações financeiras, a Liquido não ficará dependente disso. Sua solução, batizada de Payment Plus (PPP), permite criar um e-commerce dentro do próprio WhatsApp (e outras plataformas conversacionais) para que varejistas possam vender produtos sem que o consumidor precise sair do aplicativo e com poucos cliques — algo que as próprias varejistas vinham tentando desenvolver há algum tempo.

Além da ferramenta para WhatsApp, a Liquido aposta todas as suas fichas em produtos latinos. Fora do sistema de grandes bancos, a plataforma já é uma das plataformas que mais transaciona Pix, por exemplo, e se prepara também para aceitar o Drex nas transações. É um caminho natural, explica MK, já que menos de 30% dos latinos têm um cartão de crédito — uma realidade bem diferente dos EUA ou da China, onde fica a maior parte do time da fintech.

Boa parte do que a plataforma construiu veio da experiência de seus fundadores operando em big techs e com aplicativos populares por aqui. Enquanto Li foi gerente de produto de empresas como Google e Microsoft, seu sócio-fundador, Shanxiang Qi passou por Uber e Didi, onde observou como os mercados latinos ainda eram dependentes do dinheiro físico. E como isso era também um risco para todos os envolvidos.

Por isso, desde o pré-operacional, a Liquido esteve preocupada com soluções antifraude. Uma ferramenta batizada de Payment Success Booster é capaz de sinalizar golpes e movimentações suspeitas para o cliente, por meio de um dashboard em tempo real, realizar o bloqueio de transações e até fazer a recuperação de pagamentos por WhatsApp.

Em 2021, a Liquido levantou duas rodadas antes de chegar ao Brasil. A fintech levantou um total de US$ 26 milhões com fundos como Index Ventures, Base Partners, Restive Ventures, Mantis VC e UpHonest Capital. Para levantar mais capital, aguarda um momento mais oportuno de mercado e atingir números mais atrativos para investidores, com um breakeven, a partir do segundo semestre do próximo ano.

FONTE:

https://pipelinevalor.globo.com/startups/noticia/fintech-americana-ganha-licenca-do-bc-e-prepara-e-commerce-para-whatsapp.ghtml