Empresas apostam em realidade virtual para peças de teatro

ATORES FILMANDO CENAS DA PEÇA QUE SERÃO EXIBIDAS EM REALIDADE VIRTUAL, DELUSION: LIES WISHIN (FOTO: FACEBOOK / DELUSION: INTERACTIVE HORROR & SUSPENSE THEATRE)

Atores gravam as cenas previamente com o auxílio da tecnologia de realidade virtual. Assim, o espectador terá contato com “pessoas reais” dentro de um ambiente de VR

Imagine poder assistir a uma peça de teatro onde você pode participar da história, como se estivesse realmente vivendo a trama, com uma visão de 360 graus. Essa é a nova aposta do setor de entretenimento. Utilizando atores reais e o auxílio de óculos de realidade virtual, empresas prometem uma experiência única e imersiva.

Uma produção da Skybound Entertainment, que ainda não tem data de estreia nos Estados Unidos, oferecerá aos telespectadores a oportunidade de participar da peça caminhando pelo cenário. Delusion: Lies Within, série de quatro episódios dirigida por Jon Braver, conta a história de Virgínia e Daniel, fãs da autora de ficção científica Elena Fitzgerald, que está desaparecida. Os personagens se perdem na misteriosa mansão da autora, onde as criações dos livros de Elena ganham vida.

Braver está produzindo a série Delusion desde 2011, em Los Angeles. O público entrará em uma mansão antiga e degradada, que foi transformada e caracterizada pela equipe de produção. Os expectadores, então, vão explorando os cômodos da casa conforme a narrativa vai se desenrolando. Isso possibilita que as pessoas incorporem o papel dos fãs dedicados que estão explorando a mansão. A experiência de realidade virtual tem o seu foco principal nos personagens Virgínia e Daniel e foi gravada previamente. Os espectadores poderão assistir à narrativa com os óculos de realidade virtual, e assim podem examinar todos os ambientes em 360 graus.

Durante a história, o público é o tempo inteiro puxado para um meio-termo entre uma peça teatral e uma produção cinematográfica. O movimento das câmeras de realidade aumentada são sutis para não causar nenhum tipo de desorientação na experiência. Por outro lado, as atuações são todas teatrais. Braver filmou as cenas de modo que elas pudessem oferecer uma experiência semelhante a uma de suas produções no teatro, mas com a sensação voyeurística proporcionada pela realidade virtual. A produção permite que o espectador vivencie as aventuras junto com os personagens, proporcionando a sensação de estar fisicamente no ambiente.

O projeto originalmente contemplava não somente o público como observador passivo, mas a intenção era ter cenas de interatividade. O espectador poderia escolher qual narrativa seguir, baseado na decisão de acompanhar Daniel ou Virgínia no momento em que eles se separam. No entanto, essa opção foi retirada da peça, porque isso facilitaria a distribuição da experiência em diversas plataformas.

Uma peça teatral em Israel também promete uma experiência intensa combinando a tecnologia da realidade aumentada com atuações reais no palco. Em Gulliver, os espectadores poderão assistir uma narrativa que mescla o mundo da animação atores reais.

No Brasil, em uma iniciativa para tornar o teatro mais inclusivo, a peça “O Pai”, que esteve em cartaz no ano passado, utilizou o recurso de realidade aumentada para que deficientes auditivos pudessem acompanhar a narrativa sem a necessidade de um intérprete de libras. O projeto “Teatro para todos os ouvidos”, promovido pela Samsung Brasil, fornecia óculos de realidade aumentada para que surdos e pessoas com deficiência auditiva pudessem acompanhar em tempo real a legenda da fala dos atores.

Greenpeace Brasil também utilizou a tecnologia para promover uma exposição em realidade virtual. A Experiência Mundukaru levou o cenário da Amazônia aos moradores de São Paulo. A exposição, que ocorreu ano passado, convidou os visitantes a explorar uma viagem sensorial pelas águas do rio Tapajós, no Pará e a conhecer a aldeia dos Mandukuru. Para isso, o visitante sentava no meio de uma cápsula e era estimulado por meio de quatro sentidos (visão, audição, olfato e paladar) a embarcar nessa viagem.

Além disso, no dia 27 de outubro, São Paulo será palco de um dos maiores festivais de realidade virtual, o Hyper Festival Brazil 2018. Durante o evento, os visitantes poderão brincar com jogos e assistir filmes utilizando a VR.

A ideia de transformar a experiência do teatro em algo mais interativo não é nova. Segundo o portal The Verge, a Oculos VR, empresa especializada em óculos de realidade virtual, já vinha com um plano de desenvolver um teatro mais imersivo combinando atores e VR.

No entanto, as melhores formas de monetizar a tecnologia e distribuir o conteúdo ainda são um problema. A série americana Delusion: Lies Within não é uma exceção. O projeto estreou em abril, no Overlook Film Festival do Samsung Gear, mas alguns detalhes estão sendo finalizados. A maneira como o projeto será apresentado ao público e quais plataformas ele utilizará ainda não foram decididas.

Ainda que alguns detalhes estejam sendo ajustados, todas essas iniciativas nos mostram que podemos esperar grandes novidades em um futuro próximo.

FONTE: ÉPOCA