Como Gilmar Batistela resolveu investir em startups à sua maneira

Ex-CEO da Resource volta à cena com a Evox Global, para conectar startups a grandes empresas com demandas tecnológicas.

Gilmar Batistela, que fez sua fama e fortuna ao fundar e liderar uma das maiores empresas de serviços de TI no país – a Resource – poderia muito bem pegar os milhões que ganhou com a venda a empresa em 2019 e investir em startups. Entretanto, ele resolveu esperar para fazer isso à sua maneira, fundando uma nova companhia, a Evox Global.

“Depois da venda fui muito procurado por startups, mas sou meio São Tomé, que só acredita vendo. Quero ver as empresas com soluções rodando”, disparou o empresário em entrevista exclusiva ao Startups, explicando como preferiu se aproximar do ecossistema de inovação de forma diferente.

Com o novo negócio, Batistela quer atuar como um agente facilitador na conexão entre startups com soluções inovadoras e grandes empresas com desafios tecnológicos que querem ir ao mercado para suprir estas necessidades. Para isso, a Evox está lançando uma plataforma de soluções certificadas junto a startups.

Fruto de um investimento de R$ 15 milhões, a companhia chega para atuar não apenas como uma plataforma de conexões, mas também como uma curadoria de soluções. A empresa já conta com cerca de 50 produtos, vindos de diferentes startups, em seu portfólio. Para integrar este “cardápio”, elas passaram por uma metodologia de verificação criteriosa, desenvolvida pela prória Evox e composta de 67 pontos. Para chegar neste “cardápio inicial”, foram mais de 500 startups analisadas.

“Criamos esta avaliação para validar e garantir a qualidade dos serviços, pois cuidamos de toda a etapa de contratação, da venda ao fechamento do contrato”, explica Gilmar. O foco em vendas, inclusive, norteou a escolha das startups do portfólio, que para assumir o risco nos projetos, selecionou startups que já passaram do early stage e buscam escala e crescimento nas vendas.

“Muitas startups têm o produto, mas na hora de escalar têm dificuldades em fazer o trabalho comercial”, afirma o CEO, apontando que esse acaba sendo um ponto em que muitas startups perdem dinheiro – e é essa lacuna que a Evox quer preencher, tanto para as startups quanto os clientes.

Atualmente a Evox possui alguns clientes nos Estados Unidos, onde operou de forma discreta em 2022, planejando a sua entrada no mercado brasileiro. Com o final da cláusula de no-compete que Batistela assinou após a venda da Resource, a empresa já está em conversas com cerca de 40 a 50 grandes empresas no país.

“São companhias que eu já tinha o contato da época que estava na Resource, então consegui abrir algumas portas”, afirmou o executivo, prevendo que os primeiros contratos já devem ser assinados nos primeiros meses de 2023.

Referência em ESG

O portfólio atual da Evox é concentrado em soluções SaaS, uma das maiores demandas do mercado atualmente. Entretanto, a empresa também quer se posicionar como uma das principais fornecedoras de soluções para projetos de ESG. Conforme explica Leomar Oliveira, Chief Innovation Officer (CINO) da companhia, a demanda por estas soluções está aquecida, e foi colocada como uma das prioridades no portfólio.

“Hoje cerca de 15% a 20% de nossas startups são de foco no ESG, algo que deve se manter. A demanda existe e queremos ajudar a ligar os pontos de quem oferece e quem procura estas soluções”, pontua Leomar, executivo que tem experiência com grandes clientes e passagens por consultorias como Accenture.

Além do olhar atento ao mercado ESG, outras verticais também são vistas com alto potencial pela Evox. “Inteligência artificial é uma tendência sem volta, em diversas áreas como indústria, varejo e outras. Muitas empresas pensam em implementar tecnologias do tipo, mas ainda não têm o básico, ou não sabem como começar”, pontua o CINO da Evox. “Por isso, também investimos alto na linguagem comercial, para sair do discurso técnico para a venda assertiva”, completa Leomar.

Projeções para o futuro

Ao falar de números e metas para a Evox, Gilmar preferiu se manter conservador, já que sua companhia acabou de chegar. “Estamos trabalhando com o conselho para ver projeções e metas de faturamento. Vamos esperar uns seis meses, fechar os primeiros contratos e daí vamos ver, mas a expectativa é que o crescimento seja exponencial”, afirma.

Quanto a números, o máximo que ele compartilhou foi a de expansão do portfólio. A companhia segue prospectando e analisando possíveis startups para o seu ecossistema, e quer dobrar esta base até o ano que vem. “Não queremos ser uma empresa com mil ou 2 mil startups. Focamos em qualidade e não quantidade”, afirma.

Com a expectativa de crescimento, o fundador da Evox também tem ciência que as startups de seu portfólio podem crescer junto. E como a sua empresa pretende fazer caso algumas dela resolva “voar solo”? Segundo ele, a possibilidade existe, e pode abrir portas para um segundo momento da sua companhia, com o investimento de venture capital em startups com maior potencial.

“Mesmo se em algum momento partirmos para uma rodada de investimento ou um M&A, nossa ideia com a Evox é manter a imparcialidade. Não vamos favorecer uma startup caso ela seja de dentro da casa. Nosso foco é entregar a solução que melhor atenda à necessidade do cliente”, finaliza Gilmar.

FONTE: https://www.terra.com.br/economia/dinheiro-em-dia/meu-negocio/como-gilmar-batistela-resolveu-investir-em-startups-a-sua-maneira,a3c60721488a25d88725220f7e23c481fgupi9sl.html