Com General Catalyst, Tractian triplica valuation

Companhia põe R$ 230 milhões no caixa, avaliada em R$ 1 bilhão.

Gabriel Lameirinhas e Igor Marinelli, fundadores da Tractian: R$ 230 milhões no caixa — Foto: Divulgação

Com investidores interessados em inteligência artificial, a startup Tractian levantou R$ 230 milhões para o caixa numa rodada liderada pelo fundo americano General Catalyst, apurou o Pipeline.

A transação avaliou a companhia em R$ 1 bilhão, o triplo do valor no último ano: na captação anterior, em maio de 2022, havia sido avaliada em R$ 320 milhões – um feito diante da seca de liquidez, onde as companhias que levantam capital têm encarado manutenção ou queda de precificação.

Já acionistas, as gestoras DGF e Next47, o fundo que tem a Siemens como cotista âncora e teve a companhia como sua primeira investida na América Latina, também acompanharam a rodada. A Monashees também virou acionista da companhia, numa tranche secundária. O fundo pagou R$ 50 milhões pela participação do grupo Citrino.

A Tractian atua no segmento de IoT (internet das coisas), ajudando empresas a monitorar processos e máquinas à distância e, em caso de problema, serem alertadas por WhatsApp.

Para diminuir a ineficiência e aumentar o tempo de atividade de uma máquina, a Tractian desenvolveu sensores IoT que conseguem medir temperatura, vibração, horímetro e consumo estimado de energia de equipamentos. Os sensores são acoplados às máquinas em motores, bombas, prensas, ventiladores e turbinas, com QR Codes para que os profissionais responsáveis consigam fazer registros e alterações — como, por exemplo, se for detectado algum vazamento ou nível de óleo inadequado.

“A gente vem crescendo três a quatros vezes ano sobre ano e isso está muito relacionado à nossa atenção ao setor industrial, um setor que costuma ser renegado pelas empresas de tecnologia”, diz Igor Marinelli, CEO e cofundador da Tractian. Com mais de 200 engenheiros de dados, de software e hardware, a companhia se diferencia daquelas que investem mais em aplicação do que no desenvolvimento de tecnologias proprietárias.

A companhia abre poucos números de balanços, mas segundo o sócios a margem bruta é de 72%. O faturamento bruto projetado para 2024 é de R$ 250 milhões. “Estamos bem perto do breakeven, mas ainda privilegiando crescimento”, diz Marinelli.

O aporte vai servir para a companhia investir principalmente em pesquisa em desenvolvimento (P&D) para produtos que a Tractian quer lançar nos próximos meses.

O sócio da General Catalyst que alinhou a transação com a Tractian foi Trevor Oelschig, que ajudou nos planos de IPO da Samsara, uma das companhias referências no setor – e concorrente da Tractian para o avanço no mercado americano.

Hoje a Tractian tem cerca de 500 multinacionais como clientes, com mais de mil plantas industriais, de empresas como John Deere, Bimbo, P&G e o aeroporto de Guarulhos. “Quando a gente fala de atendimento industrial, as pessoas pensam em chão de fábrica. Mas no aeroporto, por exemplo, isso inclui desde a esteira de malas até o sistema de ar condicionado central e o caminhão que abastece o avião”, diz Marinelli. “É um negócio cronometrado, então se tiver algum problema em alguma máquina ou serviço, precisa ser rapidamente solucionado.”

A companhia tem um indicativo de retenção de 150%, o que significa que a cada dólar que o cliente gasta com a companhia em 12 meses, ele renova um dólar e meio.

A Tractian está fazendo uma aposta nos Estados Unidos e no México, inicialmente a pedido de clientes, e agora como estratégia comercial para operações locais. “No México, temos hoje 50 funcionários, é um mercado bastante parecido com o brasileiro, com funcionários dedicados. Nos EUA é um desafio maior porque a própria legislação trabalhista não favorece o atendimento ao cliente a qualquer momento que ele precisa, que é nossa prática”, compara o CEO.

A base da operação da companhia nos EUA é em Atlanta. A Tractian deslocou seu melhor vendedor no mercado brasileiro para a missão e um dos primeiros sócios para coordenador q operação mexicano.

A empresa foi fundada em 2019 por Marinelli e Gabriel Lameirinhas. Os dois se conheceram na faculdade de Engenharia da Computação, na USP, onde criaram juntos uma plataforma de crowdfunding para ajudar crianças que precisam de tratamentos médicos, a Somos Todos Heróis, e outra de predição de doenças crônicas, a Blue. Mas foi só quando trabalharam na Klabin que se aproximaram do universo de manutenção industrial.

FONTE: https://pipelinevalor.globo.com/startups/noticia/com-general-catalyst-tractian-triplica-valuation.ghtml