“Big Data, exame genético e Apple Watch: como a tecnologia tem revolucionado a saúde”

Tecnologia avança na área de saúde com muita velocidade usando inteligência artificial. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo.

O Apple Watch – relógio inteligente da Apple – ganhou destaque no último congresso da Academia de Cardiologia norte-americana, que aconteceu esse ano nos Estados Unidos.

A Universidade de Stanford apresentou o resultado do Apple Heart Study, um estudo que contou com a participação de mais de 400 mil pessoas para verificar a capacidade do dispositivo de identificar a fibrilação atrial – um tipo de arritmia cardíaca que aumenta o risco de infarto e acidente vascular cerebral.

“Para haver o diagnóstico de fibrilação atrial é necessário realizar um eletrocardiograma no momento em que o paciente estiver apresentando a arritmia. Porém, muitas vezes, esses episódios não são perceptíveis. A proposta do estudo da Apple foi verificar se o dispositivo conseguiria detectar batimentos cardíacos irregulares potencialmente ligados à fibrilação atrial nos usuários do relógio”, explica o cardiologista Miguel Morita, da Quanta Diagnóstico por Imagem.

A pesquisa conseguiu identificar uma parcela de indivíduos com uma possível arritmia e eles foram encaminhados para um exame cardiológico. Desses, um terço apresentou a fibrilação atrial. O estudo ainda não foi publicado e não determina que o Apple Watch tenha potencial para diagnosticar a doença, porém aponta as tendências para o futuro da medicina.

“A Apple e o Google estão buscando desenvolver dispositivos que possam ser usados com propósitos médicos. Hoje, eles já têm aprovação da FDA – Food and Drug Administration, a ‘Anvisa dos EUA’, para serem usados com esses fins. A última versão do Apple Watch já tem a função de realizar um eletrocardiograma simples (ainda não autorizado no Brasil) e tem também um detector de queda.

Se o relógio identifica que a pessoa caiu, ele solicita uma confirmação de que ela está bem. Quando não há resposta em 1 minuto, os serviços de emergência são contatados”, conta Morita.

Além dos recursos do relógio inteligente, a Apple tem investido em aplicativos e melhorias de hardware para oferecer recursos facilitadores da prática médica – em hospitais, consultório e no acompanhamento de pacientes.

O Google não fica para trás e também tem desenvolvido pesquisas sobre a aplicação da inteligência artificial na área da saúde. Em estudo publicado no ano passado, demonstrou como um algoritmo pode detectar diversas condições oftalmológicas, entre elas a retinopatia diabética, doença que pode levar à cegueira.

Essa é apenas uma das muitas áreas que estão sendo exploradas pela empresa. “A tendência é que a inteligência artificial ganhe cada vez mais espaço e traga muitos benefícios. Porém, é necessário testar criteriosamente as tecnologias mais modernas, assim como é feito com um novo medicamento, antes de utilizá-la no cotidiano médico”, avalia Morita.

As gigantes da tecnologia, como Apple, Google, Amazon, IBM e Microsoft, estão investindo na área da saúde e não são as únicas. Conhecido como healthtech, o mercado cresce ano a ano com o surgimento de novas empresas. “Somente na Califórnia, em 2018 foram investidos mais de 13 bilhões de dólares, 50% a mais do que no ano anterior”, aponta Maria Fernanda Neves, sócia da StartSe. A empresa da área de tecnologia e inovação mantém sede na China e no Vale do Silício (EUA) para acompanhar as principais tendências e é organizadora da HealthTech Conference. Já foram três edições do evento, que reúne profissionais de saúde, tecnologia e startups para discutir as novidades do setor, incluindo o que já está disponível e seus benefícios aos pacientes.

FONTE: GAZETA DO POVO