Automação traz mudanças no mercado de trabalho

Humberto Ceccone, professor do curso de informática do Philadelpho, afirma que o direito também está ameaçado

Dolores Abernathy e Maeve Mallay são duas personagens que tiram o fôlego de quem assiste Westworld, série de televisão americana de ficção científica exibida no Brasil pela HBO, que retrata, entre outras coisas, a interação de seres humanos com andróides capazes de fazer muitas atividades. É o mais recente sucesso da ficção que discute uma realidade cada vez mais próxima do cotidiano de quem reside no Noroeste paulista: como a inteligência artificial vai alterar a vida das pessoas, incluindo seus empregos.

Uma infinidade de obras que exibem robôs e automação impactaram milhões de pessoas ao redor do mundo por décadas seguidas, incluindo o já mais antigo Eu, Robô, mostrando ostensivamente máquinas humanóides realizando tarefas domésticas e de companhia, e o clássico Blade Runner, em que seres humanos artificiais (os “replicantes”) são criados e usados nas mais nocivas atividades, na Terra e, principalmente, fora dela. O que especialistas discutem, atualmente, é até que ponto isso representará o desaparecimento de profissões obsoletas e que novas perspectivas de trabalho abrirá, podendo alterar até a concepção do Dia do Trabalho, comemorado em 1º de maio, nas próximas gerações.

Celeiro de profissionais da área de Tecnologia da Informação (TI), a tendência é que Rio Preto ganhe com o surgimento de oportunidades na área, mas é fundamental que haja capacitação, aposta Adriano Mauro Cansian, professor adjunto na Unesp de Rio Preto. “O cenário será cada vez mais propício à medida que mais pessoas busquem qualificação profissional na área tecnológica, afirma. “Rio Preto tem se firmado como um polo tecnológico e tem excelente condições para absorver programadores e analistas. Isso forma um ciclo virtuoso de capacitação e demanda que atrai investimento e retém os melhores profissionais.”

As profissões e trabalhos que tendem a ser mais fortemente impactadas pelo avanço da inteligência artificial (AI) são aqueles muito repetitivos e que possuem um padrão de execução bastante claro, que pode ser reproduzido, ou ainda profissões que precisam fazer análise de vários tipos de informação para tomar decisões ou realizar operações.

“Podemos afirmar que todas as profissões que operam máquinas tendem a desaparecer”, diz Cansian. “Um exemplo disso já está acontecendo com as profissões de dirigir veículos, trens, aviões, colheitadeiras e tratores, que deverão desaparecer mais rapidamente. Todas estas máquinas já têm condições de operar sozinhas.”

O professor Humberto Cecconi, coordenador do curso de informática da ETEC Philadelpho Gouvêa Neto, destaca uma outra área de forte interesse de estudantes como ameaçada pela evolução da IA: o Direito. É que o maior sistema de IA do mundo, o Watson, da IBM, disponibiliza o serviço e tem um índice de 90% nas consultas judiciais, contra 70%, em média, dos humanos. “O sistema faz o processo e dá a média se o resultado vai ser de condenação ou absolvição. Ainda não está implementado, mas está em teste. Entretanto, pode ocorrer num futuro um pouco mais longo”, disse.

Cansian cita o que houve com os operários soldadores nas montadoras de automóveis, que foram substituídos por robôs há mais de 20 anos, gradualmente. Outras profissões que analisam dados e elaboram relatórios em larga escala também tendem a desaparecer, porque os softwares com inteligência artificial fazem isso muito bem.

Para o professor, dizer o que não poderá ser substituído é mais difícil porque a evolução dos robôs com inteligências artificiais está acontecendo de forma rápida. “Tarefas que necessitam de mais sensibilidade, intuição e improvisação são mais difíceis de fazer com robôs. Mas, de forma geral, com a evolução tecnológica, é possível considerar que será possível fazer qualquer coisa. O que resta saber é se compensa e se isso é uma boa ideia para a humanidade.”

Quando se fala da profissão de tradutor e intérprete, discute Cecconi, o que se prevê é a extinção mais rápida da atividade. O próprio Watson faz essa tradução, quase em tempo real, em sete idiomas, explica o professor. Por conta disso, a pessoa que faz a tradução simultânea de conversas em fones de ouvido tende a deixar de existir num futuro bem próximo.

Numa leitura mais positiva desse cenário de mudança, Cecconi destaca a abertura de campos no mercado de trabalho, motivados pela inteligência artificial. Especialmente quando se tem a IA controlando a chamada “internet das coisas” (do inglês, Internet of Things – IoT) que compreende objetos, veículos, prédios e outros produtos que possuem tecnologia embarcada, sensores e conexão com rede capaz de coletar e transmitir dados. Não é mais o acionamento da casa a partir da internet. É a casa que aprende a temperatura que o dono gosta. Todo o leque que compõe a Tecnologia da Informação, como informática, desenvolvimento de sistemas, análise de sistemas, entre outros, serão beneficiados. “O desenvolvimento da IA fecha algumas, mas abre outras oportunidades. Será preciso pessoas para desenvolver, implementar e dar manutenção nos sistemas”, disse.

Escolas também mudam

Para o gerente do Senac de Rio Preto, Luís Carlos de Souza, nenhuma profissão vai deixar de existir em função do avanço que envolve a IA. “Mas certamente vai mudar fortemente o jeito de se obter um emprego e ter sucesso econômico”, afirmou. E completa que as escolas já começam a mudar o sistema de ensino para acompanhar esse cenário e preparar o estudante.

 Região é referência em tecnologia

A região de Rio Preto é uma referência no desenvolvimento de software e também apresenta uma comunidade de startups ativa e empreendedora. Entendo que seja importante que os empreendedores continuem a conhecer e entender as mudanças tecnológicas que são cada vez mais rápidas e mais profundas.

Paralelamente pode ser um exercício interessante ver como essas tecnologias se encaixam e impactam o negócio atual.

Após isso, recomenda-se que o empreendedor analise como essas tecnologias podem agregar valor ao cliente e à empresa e crie um plano para adoção dessas tecnologias, se essa for sua decisão.

Luciano Impastaro, consultor de negócios do Sebrae RP

Cursos na área de tecnologia em Rio Preto

Unesp

Unip

  • Engenharia de Produção
  • Engenharia Mecânica
  • Engenharia de Controle de Automoção
  • Ciência da Computação
  • Análise e Desenvolvimento de Sistemas
  • Gestão de Tecnologia da Informação
  • MBA em Gestão da Tecnologia da Informação
  • Site – www.unip.br
  • Fone – (17) 2137-5000

Unirp

  • Ciências da Computação
  • Engenharia da Computação
  • Tecnologia em Gestão de Tecnologia da Informação
  • Tecnologia em Gestão da Produção Industrial
  • Site – www.unirp.edu.br
  • Fone – (17) 32113000

Unorp

  • Análise e Desenvolvimento de Sistemas
  • Engenharia da Computação
  • Site – www.unorp.br
  • Fone – (17) 3203-2500

Unilago

Etec

Fatec

  • Análise e Desenvolvimento de Sistemas
  • Informática para Negócios
  • Site – www.fatecriopreto.edu.br
  • Fone – (17) 3219-1433

 

 Homem e a máquina na ficção

O homem adora brincar com aquilo que o desafia e que arrisca sua existência nos cinemas e na televisão. Deve fazer parte do nosso senso de poder, algo que precisa ser colocado em cheque constantemente. E um dos grandes antagonistas do homem na ficção é a máquina. Ela, quase sempre, é colocada como a grande vilã, aquela que tomará a Terra, os empregos, a liberdade. E essa é uma obsessão antiga.

Quem não se lembra da batalha entre o vagabundo e a máquina em Tempos Modernos, filme de Charlie Chaplin que pega a industrialização, um dos primeiros grandes movimentos protagonizado pelos seres mecânicos, para um debate sobre o homem na sociedade, capitalismo e política.

Mas, conforme vamos avançando na tecnologia, alguns medos que até poucos anos atrás pareciam pura ficção passam a soar cada vez mais possíveis. Máquinas tomando o lugar dos homens nas tarefas mais mecânicas já são uma realidade. Mas elas estão se aproximando mais e mais da capacidade intelectual. Tomadas de decisões baseadas nas mais diversas fontes de análise já não é impossível para um computador.

Uma realidade comum nas telonas. De clássicos como Blade Runner – e sua excelente continuação de 2017 – a Matrix; Inteligência Artificial; Eu, Robô; Ela; e Ex_Machina, todos tratam da relação do homem com a tecnologia e a inteligência artificial. Sobre como criamos aquilo que pode nos destruir – ou pelo menos roubar nossos empregos.

Ex_Machina, inclusive, é um retrato aterrorizante e altamente recomendado do trabalho de Frankenstein que fazemos. E como somos aqueles que provavelmente levarão essa situação de homem vs. máquina ao limite. Maldito homem, como sempre!

FONTE: DIÁRIO DA REGIÃO

.