Apple Music vs Spotify: os streamings de música não são todos iguais, embora pareçam

O Apple Music é bom para termos a nossa biblioteca de música. O Spotify é um bom complemento por causa das playlists.

Era assinante do Spotify desde que chegou a Portugal. Tinha o Premium, 6,99 euros/mês, modo offline, sem limites na reprodução das músicas, zero publicidade. Contudo, a lentidão da aplicação quer no computador, quer algumas vezes no telemóvel levou-me a trocar recentemente o Spotify pelo Apple Music. Pensava que estava apenas a trocar um serviço de streaming de música por outro, mas acabei por perceber que era muito mais que isso.

Já tinha no iTunes alguma música que me chegava por e-mail ou por outras vias (legais) e a sua aplicação nunca me tinha deixado mal: abria rápido e funcionava relativamente bem (só pecava por ter uma interface confusa; a Apple deveria resolver isso no macOS e lançar uma app só para música, à semelhança do que existe no iOS). Depois de assinar o Apple Music, vi que de repente a música que tinha guardada num Mac começou a sincronizar com a do outro através do iCloud – primeiro ponto a favor. 

Ou seja, não tinha activado simplesmente um serviço de streaming de música mas também o armazenamento desta na nuvem. Confesso que já me tinha esquecido da existência desta funcionalidade, anterior ao Apple Music e ainda do tempo de Steve Jobs – chamava-se (ou ainda se chama) “iTunes in the Cloud“. Além de sincronizar os meus álbuns entre os aparelhos da apple, fá-lo também com outros dispositivos, pelo que passei a ter a minha biblioteca pessoal de música também no meu telemóvel Android (se tivesse um PC Windows também lá estaria).

Em Portugal, o Apple Music custa os mesmos 6,99 euros que o Spotify mas tem esse extra que, para mim, não é tanto um extra. De resto, os serviços são bastante idênticos: há um catálogo com milhões de músicas – o mesmo do iTunes – que estão disponíveis para escuta a qualquer momento, juntamente com playlists curadas humanamente ou personalizadas automaticamente. Não há publicidade a interromper e também existe offline.

De resto, o Apple Music tem os seus exclusivos: videoclipes, concertos e algumas séries. Há ainda um feed chamado “Connect” para acompanhar os nossos artistas preferidos e estações de rádio como o Beats 1. À semelhança do Spotify, também é possível saber o que os amigos estão a ouvir mas de modo menos creepy. Isto é, não há um feed a mostrar-nos a actividade deles em tempo real, mas tanto podemos ir aos seus perfis como encontrar no “For You” um destaque das escutas daqueles que seguimos.

O Apple Music é bom para termos a nossa biblioteca de música. O Spotify é um bom complemento por causa das playlists. Em suma, é isto. Quando entro no Apple Music, seja pelo iTunes no computador, seja pela app no telemóvel, o primeiro contacto que tenho é com a minha biblioteca. Aí estão os álbuns que tenho na minha biblioteca – que comprei ou que me ofereceram – e que sincronizam entre todos os meus dispositivos através do iCloud, bem como os discos que ouvi no Apple Music e decidi adicionar à biblioteca. Já no Spotify, o primeiro ecrã mostra-nos sugestões consoante o que estivemos a ouvir e novas playlists para experimentarmos. A biblioteca, essa, está mais escondida – apesar de acessível na mesma – e não consigo de forma imediata e prática chegar a um álbum ou a artista e removê-lo, tenho de ir música a música.

O Spotify é muito bom para as playlists, como os “Daily Mixes” que misturam algumas das malhas de que mais gostamos ou o “Discovery Weekly” que semanalmente nos recomenda nova música de que possamos vir a gostar. As playlists estão disponíveis no plano gratuito e algumas delas podem ser escutadas sem limitações (isto é, sem a obrigatoriedade do shuffle) no telemóvel. Os intervalos para publicidade são chatos, sim, mas o uso que pretendo fazer do Spotify é para aqueles momentos em que não sei o que ouvir, nada na minha biblioteca do iTunes/Apple Music me agrada de repente e quero deixar-me à mercê de algoritmos.

Esta é a minha experiência com o Apple Music e Spotify e, por isso, algo bastante subjectivo. Não quer dizer que outras pessoas prefiram o Spotify à plataforma da Apple ou gostem ainda mais de outro concorrente, como o novo YouTube Music que chegou para substituir futuramente o Google Play Music. Para mim, o Apple Music é o melhor serviço de música que podes assinar e o Spotify um bom complemento. E para ti? Certo é que se torna cada mais difícil cultivar a resistência às plataformas de streaming e continuar a continuar músicas no já velhinho sistema mp3.

FONTE: SHIFTER