Voz como interface: a explosão de dispositivos como Alexa e Siri

Com ajuda de assistentes virtuais, já é possível realizar uma série de tarefas com comandos simples — mas ainda há muito o que explorar

Já parou para pensar no quanto a vida das pessoas mudou desde o surgimento do telefone? A invenção, patenteada em 1876, revolucionou o mundo e fez com que todos usassem um importante recurso para se comunicar sem barreiras: a voz. Hoje, depois de tantos anos, ela volta a ser protagonista — dessa vez, não apenas nos telefones, mas em alto falantes, televisores e até mesmo geladeiras.

“Em uma linha do tempo, tudo começou com as operadoras de telefone, passando para as mensagens SMS, internet móvel e aplicativos como Whatsapp. Hoje, voltamos para os recursos com voz, que se redefinem a partir de uma camada de inteligência”, explica Léo Xavier, presidente da Pontomobi, consultoria de estratégia para soluções em celular.

Como é o caso da Alexa, a assistente virtual da Amazon. Segundo a companhia, o dispositivo pode executar mais de 50 mil habilidades – todas por comandos de voz. Movida à inteligência artificial, ela surgiu em 2014 junto ao Amazon Echo, uma caixa de som inteligente da empresa. Em pouco tempo a tecnologia fez sucesso, e hoje está presente em diversos produtos da empresa, que vendeu mais de 100 milhões dispositivos equipados com a tecnologia.

Além da Alexa, outras assistentes já estão disponíveis no mercado, como a Siri, da Apple, a Cortana, da Microsoft, e o Google Assistente. Com a ajuda desses dispositivos, já é possível controlar a TV, realizar pesquisas, fazer compras, ajustar temperatura da casa, interagir com sistemas de carros, geladeiras e muito mais.

Hiperconectividade

O crescimento dos dispositivos comandados por voz se deve, principalmente, à hiperconectividade. Hoje, grande parte das pessoas tem um smartphone. Isso torna o cenário muito positivo para novos comportamentos como esse, já que os comandos por voz nasceram nos celulares.

Além disso, a tecnologia está muito ligada à dois aspectos fundamentais: facilidade e familiaridade. “Aprendemos a falar muito antes de escrever e ler, é muito simples e natural. Mais do que isso, usar a voz para interagir é muito cômodo. É aí que ela se torna cada vez mais presente”, afirma Xavier.

Apesar de promissores, os dispositivos comandados por voz ainda enfrentam algumas limitações. Uma delas, cultural. “Se eu estou em uma sala de reunião ou em um lugar público, pode soar estranho estabelecer uma conversa com meu celular ou outro dispositivo”, explica Xavier.

A construção de uma boa experiência também pode ser desafiadora em alguns momentos. Em dispositivos como smartphones, os apoios visuais, como botões e teclas, podem ajudar. Em outros itens, como alto falantes, a interação pode ter suas limitações. “Comprar água, por exemplo, não traz grande dificuldade. Já para fazer uma compra de supermercado com diversos produtos, a voz pode não ser a melhor interface”, diz Xavier.

No Brasil e no mundo

Mesmo com os desafios, os dispositivos comandados por voz crescem a cada dia. Segundo um estudorealizado pela Adobe Analytics em agosto de 2018 com mil americanos, cerca de 32% deles tem um alto-falante inteligente em casa. Em janeiro do mesmo ano, eram 28%. No Brasil, o cenário também é favorável. O país é o terceiro mais ativo do mundo no uso do Google Assistant em dispositivos móveis.

Segundo Xavier, nos próximos dois ou três anos, a tendência é que diversos objetos sejam substituídos por versões mais evoluídas e inteligentes. “O brasileiro, por exemplo, abraça rapidamente novas tecnologias. O comportamento já existe, e em pouco tempo o campo será ainda mais explorado, tanto pelas marcas quanto pessoas”, explica.

FONTE: StartSe