Uso cotidiano de hologramas pode ser realidade em 10 anos, aposta CEO da Qualcomm

Cristiano Amon diz que essa deve ser a consequência mais aparente dos avanços computacionais em andamento. Em Davos, ele e outros líderes comentaram também sobre as tendências para o 5G, a computação quântica, a inteligência artificial e outras tecnologias.

Uma cena comum em filmes de ficção científica, as conversas por meio de hologramas podem estar mais próximas de entrarem na realidade cotidiana. Para o CEO da Qualcomm, gigante da produção de chips computacionais, Cristiano Amon, essa pode ser uma das grandes novidades tecnológicas a acontecer no prazo de uma década.

“Passamos muito tempo ligando e falando junto aos ouvidos. Com a pandemia, passamos a colocar o celular à nossa frente para uma chamada em vídeo. Imagino que no futuro próximo a gente terá uma imagem holográfica da pessoa com quem está falando na nossa frente”, apostou o executivo, durante painel no Fórum Econômico Mundial sobre “Tecnologias para um mundo mais resiliente”.

Para Amon, trataria-se de uma evolução lógica das tecnologias de realidade virtual e aumentada, que devem ser potencializadas pelo crescente poder de processamento dos componentes de tecnologia – mas que, hoje, ficam limitados ao tamanho de uma tela. “A tendência principal que vejo é a fusão entre ambientes físicos e digitais. Acho que isso vai motivar a próxima plataforma computacional, algo que imagino que possa acontecer dentro de uma década”, complementou.

Além Amon, participaram do painel em Davos outros líderes de grandes empresas: Arvind Krishna, CEO da IBM, Julie Sweet, com o mesmo posto na Accenture, e Sunil Bharti Mittal, fundador e presidente da Bharti Enterprises, conglomerado indiano que atua em mercados como telecomunicações, seguros e hotelaria.

Durante a conversa, os participantes comentaram sobre o estado atual e o futuro dos hologramas e de outras tecnologias.

5G

Sobre a nova geração das telecomunicações, que aos poucos chega ao grande público, Mittal destaca que à latência zero das conexões pode acelerar inovações. “É algo que nunca foi imaginado. Na Índia, você poderia conectar vilas remotas às capitais em hospitais e fazer treinamentos e cirurgias à distância em tempo real”, exemplificou.

Ele destaca, no entanto, que o cenário de profusão da quinta geração da internet tem desafios e demanda grandes investimentos em infraestrutura por parte das telecoms. “Precisam ser investidos algo em torno de US$ 400 ou US$ 500 bilhões os próximos anos, para tornar o mundo ‘um espaço 5G’”, disse.

Computação quântica

Arvind Krishna, CEO da IBM, que vem investindo em computação quântica, acredita que os avanços nesse campo também estão próximos de acontecer. “Hoje, já temos processadores com 400 qubits, e até o fim do ano teremos com 1.000. A essa altura, você resolveria problemas que hoje nem imagina, em áreas como física, química, criptografia”, comentou.

Isso, segundo ele, deve ser algo menos aparente para o cidadão comum. “Não é que os computadores quânticos vão substituir os clássicos. Você não vai ver o seu extrato do banco em computação quântica, porque os computadores quânticos podem te dar várias respostas diferentes, e com algumas coisas você preferirá ter apenas uma resposta certa”, brincou.

Apesar disso, o executivo alerta que negócios e empresas devem se preparar para a tecnologia – inclusive para os possíveis usos maliciosos da computação quântica. Krishna recomenda que todos passem a usar, assim que possível, a criptografia quântica para criar suas senhas virtuais, já que a capacidade dos computadores de descobrir segredos só aumenta.

Carros autônomos e digitais

Sobre mobilidade, o CEO da Qualcomm diz que as possibilidades de conexão dos carros com o restante do mundo e os serviços digitais o anima mais do que a direção autônoma em si.

“Seria como ter um computador com rodas. Você o conecta à nuvem e um monte de coisas pode acontecer. Pense no carro como distribuidor de conteúdo, desde televisão até streamings e jogos. Além da possibilidade de um transporte mais inteligente com os carros se comunicando”, apontou.

Sobre os veículos autônomos, ele foi mais cauteloso. “Quando se fala de segurança das pessoas, as empresas não podem errar. Você pode ter 95% de confiabilidade, mas esses 5% restantes ainda geram problemas e leva tempo para ter precisão completa”, lembrou.

IA e ChatGPT

Os participantes do painel comentaram também sobre a sensação tecnológica do momento: o ChatGPT, que propõe novas possibilidades para a inteligência artificial conversacional.

“O poder do ChatGPT é que ele traz à vida o que falamos pros nossos clientes há algum tempo. Que quando você tiver dados imensos à disposição, e os dados forem bons, você pode fazer coisas incríveis com eles. E acho ótimo que isso esteja acontecendo agora, porque vi muita gente que duvidava sobre o benefício de conectar dados internos e externos”, avaliou a CEO da Accenture, Julie Sweet.

Os desafios que se apresentam, portanto, são de ordem tecnológica mas também de avaliação – ter os dados corretos para usar em grande escala. “Então, enquanto ainda é algo experimental, esses vários estudantes que estão usando o ChatGPT pra pedir respostas para sua prova podem obter a resposta errada”, alertou.

FONTE: https://epocanegocios.globo.com/tecnologia/noticia/2023/01/uso-cotidiano-de-hologramas-pode-ser-realidade-em-10-anos-aposta-ceo-da-qualcomm.ghtml