“Todas as corporações já foram unicórnios”, diz diretor de inovação da Oracle

NIK ADHIA, DIRETOR DE INOVAÇÃO ABERTA DA ORACLE.“AS EMPRESAS QUE SÃO GRANDES HOJE COMEÇARAM EM GARAGENS” (FOTO: ÉPOCA NEGÓCIOS)

Os unicórnios vão matar os dinossauros? Essa foi a pergunta que Nik Adhia, diretor de inovação aberta da Oracle, se propôs a responder nesta quinta-feira (08/02). Apesar do ar de piada, essa é uma das grandes questões do mercado atualmente: como as grandes corporações (os dinossauros) podem conviver com as startups (as que são avaliadas por mais de US$ 1 bilhão são chamadas de unicórnios).

Para ele, a resposta não é nada simples. As duas devem coexistir. De um lado, as empresas precisam inovar, e uma das formas de fazer isso é com as startups. Do outro, as startups precisam ganhar escala. “Mas as empresas só conseguem trabalhar com as startups se entenderem que precisam mudar os processos internos, e uma startup precisa encontrar uma corporação que não a sufoque para ganhar escala”, afirma.

Adhia lembrou também que as startups e as grandes empresas não são exatamente opostas. “A Oracle foi um unicórnio há 40 anos”, brinca, ao mostrar um slide com fotos das garagens onde começaram empresas como Amazon, Apple, Disney, Google e HP. “As empresas que são grandes hoje começaram pequenas”.

O que fez com que essas empresas crescessem foram as pessoas que trabalharam nelas. “Não é sobre ter um prédio grande e bonito, mas as pessoas que veem o mundo de uma forma diferente”. E é por isso, defende ele, que as grandes empresas estão de olho nas startups. Em 2017, 3.358 startups de tecnologia foram adquiridas por companhias tradicionais e quase metade delas estavam nos estágios iniciais, haviam recebido apenas capital semente ou investimentos série A. “Elas não foram compradas por sua lucratividade, mas pela forma de ver o mundo”.

Do lado das corporações, entretanto, é preciso promover mudanças. Adhi perguntou à plateia quantas pessoas trabalham em grandes empresas. Várias levantaram a mão. Ele questionou então quantas delas se sentem realmente produtivas. Apenas uma pessoa disse que sim. “Nada é feito nesses lugares. Mesmo na Oracle, é muito difícil”, afirma. Ele contou que só para ter sua viagem ao Brasil aprovada, levou três semanas.

O grande desafio é criar processos que permitam a inovação dentro das empresas. “Muitas corporações têm pessoas incríveis, mas não sabem o que fazer com elas. Elas ficam em projetos ruins e não têm espaço para crescer, ficam frustradas e vão para as startups”, diz.

Brasil
Nik Adhia falou também sobre o que pensa sobre o ecossistema empreendedor brasileiro. Ele diz ter ficado impressionado com a quantidade de fundadores de startups que estão dispostos a se ajudar. Outro ponto que ele ressalta como uma vantagem no país é a disposição dos grandes bancos em estimular e incentivar as startups – como o Cubo, do Itaú, onde o evento aconteceu, e programas como o InovaBra, do Bradesco. “Isso cria muitas oportunidades para as fintechs, demorou muito para os bancos nos outros países entenderem isso”.

Uma desvantagem, diz ele, é que os empreendedores precisam deixar de se ver como fundadores de empresas brasileiras. “Precisam entender que são fundadores de uma startup que por acaso está baseada no Brasil. Para ser realmente grande, você não pode pensar apenas em uma solução para o seu país, tem que pensar na sua base de consumidores como o mundo todo”.

FONTE: ÉPOCA NEGÓCIOS