TI quer mudar a indústria farmacêutica

O que acontece quando uma indústria estabelecida vê seu campo sendo ocupado por outra mais nova e mais disruptiva?

Esse é o dilema no qual a indústria farmacêutica pode se ver, conforme gigantes e startups de TI, que já estão atuando pesadamente em serviços de saúde, se aproximam de seu território.

Desenvolver medicamentos é uma tarefa cara e com taxa de sucesso baixa. O atual modelo da indústria opera em três etapas: a pesquisa para a descoberta de um medicamento, os testes iniciais em ambientes altamente controlados e o teste em pacientes humanos. Nos EUA, a chegada de um novo remédio ao mercado implica de 10 a 15 anos de pesquisas e um investimento médio de US$ 2,6 bilhões. Desde 2010, o retorno estimado desses produtos caiu de 10,1% para 3,7%.

Uma característica do modelo de três etapas é que os dados de cada fase são guardados a sete chaves. Seja por regulação, seja pela alta competição desse mercado. Muitos desses dados ficam perdidos ou isolados no que se chama de silos de informação, que não se comunicam sequer com o resto da empresa e com outros grupos de pesquisadores.

Eis que chegam ao mercado empresas empenhadas em proteger e, ao mesmo tempo, compartilhar esses dados, num processo chamado “blockchain”, em que a segurança do sistema vem de sua descentralização. Startups como a Exochain e a Quad.re oferecem soluções que podem ajudar a indústria a gerenciar informações de pacientes em testes, monitorar o problema dos remédios falsos ou mesmo desenvolver simulações que permitam avanços mais rápidos na pesquisa de novos medicamentos. Mas, para isso, a indústria precisa estar disposta a mudar sua forma de trabalhar.

Correndo por fora, as gigantes do Vale do Silício já olham com interesse para esse mercado. Há três anos, a Microsoft anunciou que pesquisava uma solução para o câncer, enquanto Apple, Intel e Google não cansam de comprar novas startups de TI na saúde. Nas últimas décadas, a revolução tecnológica já abateu mais da metade das 500 maiores empresas da lista da revista Fortune. Resta ver se a indústria farmacêutica vai abrir os silos e abraçar essa nova maneira de pensar para ser protagonista desse avanço.

FONTE: DASA