TERAPIA ONLINE: COM PREÇOS E HORÁRIOS ACESSÍVEIS, SERVIÇO TRAZ OPORTUNIDADES PARA EMPRESÁRIOS

Com a nova resolução do Conselho Federal de Psicologia, empresas podem atender casos de ansiedade, síndrome do pânico e depressão, sem limite de sessões

Milene Rosenthal, fundadora da Telavita (Foto: Divulgação)

Antes, era o divã; agora, é o computador ou o smartphone. Esses dispositivos já estão sendo utilizados para mediar sessões de terapia. A tradicional sala do psicólogo está migrando para o ambiente online e vem criando novas oportunidade de negócios para os empreendedores do setor.

Isso se tornou possível neste ano, quando o Conselho Federal de Psicologia alterou as regras para os atendimentos psicológicos online.

Antes, só era possível realizar orientações psicológicas, com um limite máximo de 20 sessões. “Se a pessoa tinha alguma decisão importante para tomar, ela recorria a uma orientação, para ter mais clareza. Eram casos mais pontuais”, diz Rosane Granzotto, especialista do Conselho Federal de Psicologia e coordenadora do grupo de trabalho para formulação da nova resolução para a terapia online.

A especialista menciona que a alteração da legislação foi uma reivindicação da categoria de psicólogos. “As terapias online já estavam ocorrendo informalmente. Uma pessoa viajava e continuava o atendimento com seu psicólogo pela internet”, afirma. Para fiscalizar esse processo, o Conselho Federal de Psicologia criou novas regras.

Agora, não há mais um limite de sessões e é possível fazer atendimentos para casos como ansiedade, síndrome do pânico e quadros simples de depressão. Para situações mais graves, ainda é necessário realizar as consultas presencialmente.

Para a especialista, a relação virtual adiciona novos elementos ao atendimento. “Uma máquina irá intermediar o contato, mas é possível ter uma qualidade nessa troca virtual. São formas diferentes de contato.”

Ao entrar nesse mercado, os empreendedores precisam estar atentos a algumas recomendações. “Nós não exigimos o uso de uma tecnologia específica, mas as empresas precisam garantir a qualidade dos equipamentos. É importante ter uma boa câmera, por exemplo”, diz Rosane. Os psicólogos que prestam serviço também devem estar cadastrados no site do  Conselho.

Oportunidade de negócio

Para a psicóloga Milene Rosenthal, de 43 anos, os preços mais baixos das sessões — em média de R$ 120 — e a comodidade de ser atendido em qualquer lugar vêm atraindo os pacientes. Milene é uma das fundadoras da Telavita, junto com os empreendedores Andy Bookas e Lucas Arthur de Souza. A startup desenvolveu uma plataforma que reúne psicólogos, que posteriormente são escolhidos pelos pacientes.

A Telavita recomenda um valor para os psicólogos cobrarem as consulta e recebe dos profissionais uma porcentagem dos serviços, em média 30%. A startup possui 80 psicólogos cadastrados e já realizou mais de 5 mil atendimentos.

As sessões acontecem em salas criptografadas por videoconferência ou chat. Há até um cronômetro para controlar o tempo das consultas, que duram em média 50 minutos. Por segurança, os atendimentos não são gravados.

Na OrienteMe, é traçado o perfil dos pacientes e depois a empresa conecta os psicólogos com os clientes. Na plataforma, não é necessário marcar horário para falar com os profissionais. “É possível ter contato com psicólogo por mensagens de texto, áudio e vídeo de segunda a sexta. Ele responderá o paciente pelo menos duas vezes ao dia”, afirma Daniela Haidar Shohfi, fundadora da startup.

computador tecnologia startups empreendedorismo (Foto: Pexels)

pagamento é feito por meio da plataforma. “A tecnologia é algo primordial. Para realizar as consultas, os pacientes precisam colocar uma senha e um código de acesso”, diz a empreendedora. Na OrienteMe, há planos que variam de R$ 6 a R$ 10 por dia.

Apesar de ter um negócio voltado para a saúde, Daniela Haidar não vem dessa área. Ela é administradora e atua mais com a seleção dos psicólogos para a plataforma. “A gente não tem acesso ao conteúdo compartilhado entre os dois. Se o paciente quiser pode se identificar por apelidos também”, diz.

Um novo nicho de mercado

Para Circe Petersen, diretora de ensino e inovação da Projecto Soluções em Psicologia, a nova geração de nativos digitais está confortável com essas novas tecnologias, principalmente na área de psicologia.

A especialista ainda ressalta que os empreendedores que investem nesse mercado podem atingir as pessoas que mudam de país. “Eu acho que essas tecnologias vêm para o bem, para que os pacientes que vão para exterior tenham atendimento em sua língua nativa”, afirma.

FONTE: PEGN