Startup Factorial capta US$ 120 milhões e nota mercado adverso

Empresa espanhola que centraliza processos de RH para companhias de pequeno e médio porte detectou que investidores agora exigem mais do que narrativas de crescimento.

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Factorial vai financiar expansão na Europa, EUA, México e Brasil

Captar recursos para startups ficou muito mais difícil. Ao longo dos últimos três anos, o mercado financeiro internacional tornou-se mais seletivo na hora de investir dinheiro. “Em 2021, os investidores compravam qualquer história de crescimento, mas agora isso já não é mais suficiente”, diz Jordi Romero, CEO da Factorial, startup espanhola que acabou de levantar US$ 120 milhões por meio de uma captação “series C”.

Essa é a terceira e, em geral, última captação de uma startup no seu processo de financiar seu desenvolvimento. As “series” A e B são dedicadas aos estágios iniciais do processo, quando o investimento é considerado mais arriscado. Ao chegar em uma “series C”, a empresa já chegou ao estágio de levantar recursos para financiar sua expansão global.

No caso da Factorial, a decisão de captar recursos foi tomada durante o primeiro semestre, quando ficou claro que a aceleração da inflação global iria provocar uma alta dos juros e tornar o mercado mais adverso para os empresários. Segundo Jordi, a estratégia foi fortalecer o caixa para atravessar um período que prometia ser tempestuoso no mercado financeiro.

Para além do crescimento
O processo não foi fácil, apesar de a Factorial ser conhecida. “Contamos com a participação de todos os investidores que haviam atuado nas séries anteriores”, diz Jordi. Entre eles o GIC, fundo soberano de Cingapura, Tiger Global, CRV, K-Fund e Creandum. Também participou o grupo Atomico. Um dos sócios, Luca Eisenstecken, juntou-se ao Conselho da startup.

Jordi percebeu que o mercado está muito mais seletivo. “Antes bastava contar uma boa história de crescimento e a empresa encontrava investidores interessados”, diz o CEO. “Agora é preciso apresentar também números que mostrem rentabilidade, escalabilidade e sustentabilidade do negócio.”

Os recursos vão financiar a expansão das operações nos Estados Unidos, no México e em cinco países europeus além da Espanha. A Factorial também está expandindo suas operações no Brasil. “Estamos contratando pessoas para nosso escritório em São Paulo”, diz Romero.

Digitalização do RH
Fundada em Barcelona em 2016 por Romero e outros dois sócios, a Factorial opera uma plataforma de centralização de processos de RH para empresas de pequeno e médio porte (PME). Segundo o CEO, isso permite um salto qualitativo para essas empresas. “Há 10 ou 15 anos, as informações das empresas não estavam disponíveis em tempo real”, diz ele. “A maioria dos dados essenciais para a gestão das companhias, especialmente as de pequeno porte, só existia em papel.”

Segundo ele, a digitalização desses processos traz produtividade e lucro. Atualmente, diz Romero, a Factorial possui 7 mil empresas como clientes e possui uma capitalização de US$ 1 bilhão anterior ao IPO, o que a caracteriza como unicórnio.

FONTE: https://forbes.com.br/forbes-money/2022/10/startup-factorial-capta-us-120-milhoes-e-nota-mercado-adverso/