Saúde lidera entre os segmentos com mais soluções de IA no Brasil

Levantamento do Google For Startups mostra que existem 223 startups de inteligência artificial no país, que já captaram mais de US$ 350 milhões.

Das principais startups de inteligência artificial do Brasil, a maioria possui soluções para os segmentos de Saúde e Biotecnologia. A constatação é do relatório “O impacto e o futuro da Inteligência Artificial no Brasil”, realizado pela Box 1824 e a Abstartups, a pedido do Google For Startups. O estudo mapeou 702 empresas que trabalham e desenvolvem IA no país e constatou que elas se dividem entre aquelas que atendem diversas indústrias e as especializadas em alguma vertical, como agricultura, finanças ou saúde.

“O avanço cada vez mais avassalador da internet e da tecnologia fez com que a IA passasse a ser parte do nosso cotidiano. Assistente virtual no celular, conteúdos personalizados nas redes sociais, aplicativo de trânsito para chegar mais rápido nos lugares, entre outras aplicações. Grande parte delas desenvolvida por startups”, explica André Barrence, diretor do Google for Startups América Latina.

Existem no Brasil 223 startups de IA e a estimativa feita pelo estudo, cuja primeira versão saiu em 2021, mostra que, em 2020, foram levantados US$ 350 milhões por elas. O estudo mostra que elas estão concentradas na Região Sul e Sudeste. Na Região Norte foram mapeadas apenas duas, ambas no estado do Pará. No recorte setorial, o segmento de Saúde e Biotecnologia representa 60% de todas as mapeadas. Em seguida estão RH, com 48%, Indústria e Agricultura, ambas com 46%, além de Serviços Financeiros com 45%. Dentre os últimos segmentos estão Mídia e Entretenimento, com 9% de representatividade.

“Permitir que uma máquina te ajude a pensar não significa deixar que ela pense por você. Fazer parte do movimento da IA é a única maneira possível de impactar o futuro tecnológico. Para isso, não é necessário especificamente desenvolver ou utilizar ferramentas de IA, mas acompanhar as discussões, compreender e avaliar os princípios e responsabilidades já instituídos – principalmente para ajudar na difusão de informações corretas – e verificar os impactos sociais do uso, inclusive descobrindo como ela participa da sua vida e da rotina da sua comunidade”, conclui André Barrence.

Adriano Almeida, COO da plataforma de educação tecnológica Alura e líder da Alura Para Empresas, lembra que, até então, boa parte das ferramentas de IA eram voltada para o B2B, porém com a IA generativa, popularizada pelo ChatGPT, a tendência é que a tecnologia seja cada vez mais utilizada pelo consumidor final. “Agora, podemos usar o Bard, do Google, ou outras ferramentas para ajudar clientes de forma mais efetiva, deixando essas possibilidades reais e palpáveis. Esse movimento também se abre para esse novo mercado que já existe, só que agora, de uma forma mais simples. A revolução começa a ser feita agora e ainda irá ajudar a sanar boa parte dessas preocupações que são levantadas na pesquisa”, explica Adriano.

Os desafios das startups de IA
Das startups entrevistadas, 57% acreditam que a falta de mão de obra qualificada é o que mais prejudica o desenvolvimento de IA no Brasil. Além disso, 49% desejam que seus especialistas em IA saiam dos cursos com melhor capacidade de transformar modelos em produtos. “Apesar de ainda não haver um número expressivo de empresas atuando no Brasil inteiro, todas elas disputam um espaço igualmente pequeno. Nele, clientes e sociedade ainda conhecem pouco ou de forma errônea o que de fato significa IA e que benefícios ela pode trazer para diferentes negócios e para a vida dos usuários”, aponta o levantamento.

“Acredito que essas novas ferramentas são uma boa notícia, caso contrário a escassez poderia ser bem maior. Dito isso, profissionais de áreas correlatas a tecnologia agora já possuem ferramentas que podem ser usadas no trabalho, não sendo necessário um time especialista em IA. Óbvio que isso não tira a necessidade de profissionais completamente especializados em IA para desenvolver a modelagem, os algoritmos, entender de estatística e de modelos preditivos, além de saber trabalhar com a parte mais matemática da coisa”, conclui Paulo Silveira, CEO da Alura.

O que é inteligência artificial generativa?
A inteligência artificial generativa é uma tecnologia que permite que um computador crie conteúdo original, como texto, imagens, música ou até mesmo vídeos. Ao contrário da inteligência artificial convencional, que é programada para executar tarefas específicas, a IA generativa é capaz de criar algo novo e inesperado. Essa tecnologia é baseada em algoritmos de aprendizado de máquina que são treinados usando enormes conjuntos de dados. Por exemplo, um algoritmo de aprendizado de máquina pode ser treinado usando milhões de imagens de gatos, o que permite que ele crie suas próprias imagens de gatos.

A IA generativa já está sendo usada em diversas áreas, como na criação de novos produtos de beleza, na produção de arte e até mesmo na criação de roteiros de filmes. Um dos exemplos mais famosos é o programa DeepDream, criado pelo Google, que usa IA generativa para criar imagens psicodélicas a partir de fotos.

Apesar das possibilidades incríveis oferecidas pela IA generativa, há também preocupações éticas em torno do seu uso. Por exemplo, se um programa de IA generativo escreve uma notícia falsa que é indistinguível da realidade, isso pode ter consequências graves para a sociedade.

FONTE: https://forbes.com.br/forbes-tech/2023/05/saude-lidera-entre-os-segmentos-com-mais-solucoes-de-ia-no-brasil/