São Paulo começa a operar primeiro lote de 50 ônibus elétricos

É o primeiro passo de um plano que prevê chegar a 2,6 mil veículos até o fim de 2024.

A capital paulista começa a operar nesta segunda-feira (18) 50 novos ônibus elétricos 100% a bateria e com participação da indústria nacional, no primeiro passo de um plano que prevê chegar a 2,6 mil unidades até o fim de 2024. A frota total de São Paulo é de cerca de 13 mil ônibus e até agora apenas 18 eram elétricos, rodando em projetos-pilotos.

Os ônibus que entram hoje em operação são dois modelos da Eletra, de 12,5 metros e 15 metros, com carroceria Caio e baterias WEG, todas empresas brasileiras. A tecnologia de carregamento é da Enel X. Ambiental, Transwollfe e Transppass são os concessionários que vão operar essa primeira frota de elétricos na cidade. Nas estimativas dos envolvidos nessa transição energética, cada ônibus elétrico em circulação evita a emissão de até 118 toneladas de CO2 por ano, além de reduzir a poluição sonora.

O sucesso do projeto de eletrificação do transporte de passageiros por ônibus na capital paulista é considerado fundamental para a transição da mobilidade urbana no Brasil. A eletrificação em São Paulo vai gerar um volume de encomendas que pode dar escala aos fabricantes de ônibus e viabilizar investimentos em produtos e novas fábricas.

São Paulo já tem dez fabricantes de ônibus homologados ou em processo de homologação na SPTrans, órgão que faz a gestão do transporte público de passageiros na cidade.

Disputam os 10 milhões de passageiros por dia na cidade as brasileiras Eletra e Marcopolo; as tradicionais multinacionais instaladas há décadas no país Mercedes-Benz, Volkswagen e Volvo; as novatas chinesas BYD, Higer, Yutong e Zhongtong; e a portuguesa CaetanoBus, do grupo Salvador Caetano.

Carlos Eduardo Cardoso de Souza, diretor de negócios para governos da Enel X Brasil, afirma que São Paulo passa a ser a cidade com maior frota de ônibus elétricos em circulação. “Hoje no Brasil circulam cerca de 90 ônibus 100% a bateria. Com São Paulo sobe para 140”, afirma o executivo. A Enel X investiu 30 milhões de euros e vai fornecer infraestrutura de carregamento para os 50 novos ônibus em contrato de 12 anos com as três concessionárias.

O executivo da Enel X conta que na sequência, em termos de eletrificação da frota de ônibus, vem o Estado da Bahia com 20 veículos BYD na região metropolitana de Salvador, São José dos Campos (SP) com 12 da BYD, Salvador com oito da Eletra e Vitória com outros seis da Eletra.

Apesar do volume inicial de 50 unidades parecer muito pequeno perto da meta de 2,6 mil ônibus em pouco mais de um ano, Souza acredita que é possível atingir o objetivo.

Sem dar mais detalhes, ele diz que existe negociações avançadas para mais ônibus. “Em algumas semanas já teremos novidades”, garante.

No modelo implantado em São Paulo, cabe ao operador da concessão escolher o fabricante do ônibus, a tecnologia de recarga e até o fornecedor de eletricidade, já que o novo volume de carga elétrica torna as empresas de ônibus aptas a entrarem no mercado livre de energia. Hoje elas estão dentro da área de concessão da Enel. A prefeitura não participa dessas negociações.

Esse “pacote” tem de oferecer vantagens que façam o operador trocar um ônibus a diesel, que custa em torno de R$ 700 mil, por um modelo elétrico na casa dos R$ 2,4 milhões. “A premissa básica é que a eletrificação não pressione o custo da passagem”, afirma Souza. Na comparação com o modelo a combustão, o alto investimento inicial no elétrico pode ser compensado com a redução de custos de até 50% com a manutenção e de até 65% com combustível.

Além da questão econômica, o veículo elétrico enfrenta ainda algumas restrições técnicas. O ideal é que o ônibus faça todo o trajeto do dia com apenas uma carga, sendo recarregado ao fim da jornada na garagem. Os atuais modelos têm autonomia de 220 a 250 quilômetros com uma carga. Percursos além dessas distâncias obrigam a algum tipo de carga durante o período de trabalho. Também ruas com inclinações muito acentuadas criam dificuldades para os modelos elétricos.

FONTE: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/09/18/so-paulo-comea-operar-primeiro-lote-de-50-nibus-eltricos.ghtml