Raio-x das construtechs e proptechs brasileiras, novo fundo para startups de fora do Sudeste: os destaques da semana no ecossistema

Terracotta Ventures lançou a sétima edição do seu estudo que mapeia o segmento imobiliário tecnológico.

Marcus Anselmo (cofundador) e Bruno Loreto (managing partner), da Terracotta Ventures Divulgação

Estaria o ecossistema de ressaca depois de dias intensos de Web Summit Rio? A julgar pela semana menos movimentada, parece que sim. Mas tivemos alguns anúncios interessantes. A Terracotta Ventures divulgou a nova edição do seu Mapa de Construtechs e Proptechs. O estudo mostrou que o número de startups do setor cresceu 11,8% em 2022, ultrapassando a marca de mil empresas ativas. Destas, 75,5% das construtechs e proptechs estão nos estágios iniciais (pré-seed e seed).

Falando no early stage, a LightHouse, gestora de venture capital, lançou nesta semana o fundo LH Tech Ventures. O plano é investir R$ 100 milhões em startups em estágio seed, com sedes fora da região Sudeste, ao longo dos próximos cinco anos.

A semana também contou com aportes para Ease Labs PharmaMeuChapa e Covalenty, e demissões nas startups Zup Innovation e Cobli.

Construindo bases sólidas

Apesar de o número de construtechs e proptechs ter crescido no ano passado, a sétima edição do Mapa de Construtechs e Proptechs, da Terracotta Ventures, mostrou que o segmento não passou ileso ao inverno das startups: houve baixa de 56% no volume investido em 2022, com a captação de R$ 2,55 bilhões – em 2021, foram levantados R$ 5,83 bilhões. A quantidade de rodadas também diminuiu em 30%, passando de 67 para 47.

early stage, no entanto, registrou crescimento de 24,4% no volume captado, levantando R$ 789 milhões em 2022. Para Bruno Loreto, managing partner da Terracotta Ventures, os dados mostram que há uma oportunidade para investidores e startups com soluções inovadoras nas fases de investimento-anjo, pré-seed e seed.

Assim como em relatórios que analisam o ecossistema de inovação brasileiro como um todo, o mapa da Terracotta Ventures indicou que grande parte das 1.068 startups listadas está concentrada nas regiões Sul e Sudeste do Brasil (88,5%), com destaque para São Paulo (44,8%), Santa Catarina (12%) e Paraná (9,5%). Apesar disso, as regiões Nordeste e Centro-Oeste registraram ritmo de crescimento superior à média nacional, de 17,8% e 13,9%, respectivamente.

Para quem quer saber mais sobre o setor, a edição deste mês de PEGN traz um especial com construtechs e proptechs que estão se destacando e ajudando a revolucionar o segmento. Para ler, acesse o aplicativo Globo Mais.

Fora da bolha

Com sede na Bahia, a LightHouse investe principalmente em startups do Norte e do Nordeste do país – e com o novo veículo não pretende fazer diferente. O objetivo do fundo de R$ 100 milhões é montar uma carteira com cerca de 20 startups cujas sedes sejam fora da região Sudeste. O tíquete médio dos investimentos deve ficar em torno dos R$ 2,5 milhões.

Criada em 2017, a gestora já aportou em 18 negócios, e seu portfólio atual conta com 13 investidas. Até R$ 50 milhões do fundo levantado serão destinados para reinvestimento na própria carteira, em rodadas subsequentes.

Investimentos

Ease Labs Pharma. A startup de cannabis medicinal assinou uma linha de venture debt – forma de dívida não conversível utilizada por empresas inovadoras com alto potencial de crescimento – de R$ 15 milhões com o Itaú BBA. O investimento será utilizado para expansão e incrementos da área de P&D da startup. Em fevereiro deste ano, a Ease Labs Pharma iniciou a comercialização do seu primeiro produto fabricado no Brasil — um CBD isolado vendido mediante receita médica — pela rede Raia Drogasil. Segundo a empresa, o faturamento de 2022 superou em cinco vezes o do ano anterior. A ideia é bater a mesma meta neste ano.

MeuChapa. A logtech levantou uma rodada pré-Série A de R$ 6,1 milhões, liderada pela GVAngels, com participação de Tompkins Ventures, Venture Hub e investidores anteriores do negócio. Juntos, eles aportaram R$ 5,1 milhões. O restante foi investido pela Yunus Social Business, em formato de venture debt. Fundada em 2019, a startup busca conectar empresas e profissionais que trabalham com carga e descarga por meio de uma plataforma onde tarefas são registradas e direcionadas automaticamente para o profissional mais próximo. Os recursos serão utilizados para desenvolvimento e manutenção do produto, aperfeiçoamento da máquina de vendas e melhorias gerais das operações.

Covalenty. A startup que conecta pequenas e médias farmácias a fornecedores, anunciou na terça-feira (9/5) um investimento pré-seed de R$ 5,5 milhões liderado pela Iporanga Ventures, com coinvestimento dos fundos Domo Invest, 1616 Ventures e Aimorés Investimentos, além de anjos estratégicos. O sistema da startup exibe um mapa de distribuidores onde os lojistas podem pesquisar melhores condições de compra, preço, pagamento e disponibilidade. A plataforma pretende resolver problemas de fluxo financeiro e vendas das farmácias. O capital levantado será investido em tecnologia e para dobrar o time, que hoje conta com 10 pessoas.

Cortes

Zup Innovation. A startup que ajuda empresas tradicionais a entrarem no mundo digital fez uma rodada de demissões na terça-feira (9/5). A companhia não informou o número de impactados, mas declarou que “avalia constantemente suas unidades de negócio para atender e se adaptar às necessidades dos clientes”. No LinkedIn, colaboradores afetados pelos cortes afirmam que cerca de 160 pessoas foram demitidas de áreas como financeiro e produto. Fundada em 2011, a Zup foi adquirida pelo Itaú em 2019, quando o banco comprou 51% de participação no negócio por R$ 293 milhões.

Cobli. A logtech de gestão de frotas confirmou que realizou um corte no seu quadro de colaboradores nesta semana. Em nota, a startup disse que “revisitou a estrutura organizacional” para promover ajustes, sem revelar quantos funcionários foram impactados pelas demissões. De acordo com uma lista que circula no LinkedIn a que PEGN teve acesso, pelo menos 23 pessoas foram afetadas. Em 2021, a startup recebeu um aporte de R$ 250 milhões, em rodada liderada pelo SoftBank, com participação de Qualcomm Ventures, NXTP Ventures, Fifth Wall e Valor Capital.

A crise continua

SoftBank segue sofrendo com as correções de valuation das startups do seu portfólio e voltou a reportar prejuízos no Vision Fund, veículo de investimentos levantado em 2017 que já aportou em startups de renome, como Uber e WeWork.

De acordo com um relatório da gigante japonesa dos investimentos, a unidade registrou perdas de US$ 39 bilhões no ano fiscal que chegou ao fim em março, com quedas nos veículos Vision I, Vision II e LatAm Funds, que foca na América Latina. Mesmo tendo pisado no freio e diminuído o ritmo para fazer novos investimentos, as perdas foram acentuadas em 70% em comparação com o mesmo período no ano passado.

Este é o quinto trimestre consecutivo em que o fundo amarga queda no seu portfólio. Entre as empresas que mais contribuíram para a desvalorização do fundo estão SenseTime e GoTo, com queda de US$ 1,6 bilhão cada uma, e DoorDash, de cerca de US$ 800 milhões. Ao todo, o valor justo do portfólio foi reduzido em US$ 2,3 bilhões no último trimestre, chegando a US$ 138 bilhões.

O TechCrunch reporta que o SoftBank participou de 25 deals nos últimos 12 meses e investiu em torno de US$ 400 milhões no trimestre encerrado em março – em épocas de abundância, o SoftBank investiu bilhões em cada rodada, como aconteceu com WeWork e Grab.

Oportunidades

Aceleração. A Oxygea, corporate venture capital da Braskem, divulgou o seu primeiro programa de aceleração e investimentos. O Oxygea Labs busca startups com produtos validados, nos estágios seed e Série A, com atuação nos temas de neutralidade de carbono, economia circular, energia renovável, novos materiais, Smart Factory, Analytics e Big Data. Até oito startups serão selecionadas para o programa, com um incentivo de R$ 100 mil cada. Ao fim do processo, o CVC pode investir R$ 1,5 milhão em selecionadas pelo time de investimentos do fundo. As startups interessadas devem se inscrever por meio do link até 25 de maio.

Mais aceleração. A WOW abriu as inscrições para o Batch 25, nova edição do seu programa. Startups podem se inscrever e participar do processo seletivo, concorrendo a um investimento inicial de até R$ 300 mil por equity definido em rodada futura, além de possibilidade de follow-on e processo remoto de aceleração. A WOW oferece programas diferentes a depender do nível de maturidade da startup. A aceleradora já trabalhou com mais de 140 negócios no Brasil e realizou 12 exits. As inscrições ficam abertas até 22 de maio no site.

Região Amazônica. Estão abertas as inscrições para os programas Gênese e Sinapse da Bioeconomia, da plataforma Jornada Amazônia. O primeiro pretende estimular pesquisas orientadas a produtos e soluções de impacto. O segundo tem como meta selecionar ideias inovadoras e gerar até 70 novos negócios na região amazônica, com investimento de até R$ 4,9 milhões no ecossistema, e recursos de R$ 70 mil para cada um dos empreendimentos criados. Podem se inscrever maiores de idade com ideias aplicadas a empresas (MEI, ME ou EPP registradas em algum dos estados da Amazônia Legal) até 24 meses antes da data de publicação do regulamento. Para mais informações, entre no site. As inscrições permanecerão abertas até 30 de junho.

Chamada para empresas. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a Softex e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) estão realizando a segunda edição do programa Conecta Startup Brasil. O objetivo é selecionar 50 empresas interessadas em cadastrar desafios tecnológicos próprios e praticar a inovação aberta com startups, com participação gratuita. O projeto contará com quase R$ 4 milhões em recursos para fomento sem comprometimento de equity. Serão selecionadas as empresas que melhor demonstrarem sua aptidão para tocar programas de inovação aberta com startups em estágio inicial pelo período de 12 meses. Inscrições abertas até 18 de junho pelo site.

Inteligência artificial. A Globant lançou o AI Challenge, desafio para líderes empresariais inscreverem ideias sobre como a IA pode ser usada para resolver problemas e desafios de negócios do mundo real. Os vencedores terão a oportunidade de ganhar até US$ 200 mil dólares. O concurso é aberto a executivos e líderes de grandes, médias e pequenas empresas, que deverão apontar um desafio que enfrentam e como acreditam que a tecnologia poderia solucioná-lo. As inscrições podem ser feitas até 21 de maio pelo site.

Evento online. O InovAtiva abriu as inscrições para a edição online de economia azul da iniciativa Labs de Inovação Aberta. O encontro será realizado nos dias 17 e 18 de maio, de forma gratuita, para gerar networking entre atores do ecossistema ligado a mares e oceanos. Interessados em participar do evento podem se inscrever até o dia 16 de maio pela plataforma do hub.

FONTE:

https://revistapegn.globo.com/startups/noticia/2023/05/raio-x-das-construtechs-e-proptechs-brasileiras-novo-fundo-para-startups-de-fora-do-sudeste-os-destaques-da-semana-no-ecossistema.ghtml