Quase metade das empresas brasileiras não virtualizou storage, backup e proteção de dados

Ainda que, na última terça-feira (30/01), a IDC tenha apontado que a crise econômica ajudou a acelerar a transformação digital no Brasil, as empresas estão apenas no começo desta a jornada. Para avançar, elas precisam mudar sua infraestrutura de TI, de modo a contar com um ambiente ágil e que facilite as inovações.

A primeira edição do estudo IT² – Indicador de Transformação da TI, encomendada pela Dell EMC e a Intel para IDC, mostrou que, em uma escala de 0 a 100, as companhias instaladas no Brasil atingiram uma média de 43,7 pontos. O indicador baixo era esperado, disse Marcelo Medeiros, vice-presidente da divisão de soluções computacionais e de redes da Dell EMC na América Latina, durante coletiva de imprensa para anúncio dos resultados, nesta quinta-feira, 01/02.

O dado não chega a ser uma surpresa e evidencia que elas têm um longo caminho a ser percorrido para que o ambiente tecnológico esteja preparado para suportar as demandas por digitalização. O grande obstáculo segue sendo o sistema legado. Por mais que a diferença do porcentual dos gastos para manutenção de legado comparado aos investimentos para inovação esteja diminuindo, 45% das empresas pesquisadas afirmaram que alocam mais de 60% do orçamento para manter o sistema legado.

“Existe uma grande decisão a ser tomada pelos gestores de tecnologia: como manter a empresa funcionando com sistemas legados ao mesmo tempo em que começa a trabalhar com plataformas inovadoras”, salientou Medeiros. “Sem a TI se transformar, a empresa não se transforma digitalmente”, acrescentou.

Há de se reconhecer, contudo, que alguns passos começam a ser dados. “Você não vê mais empresa apoiada apenas em mainframe”, apontou Pietro Delai, gerente de pesquisa e consultoria de infraestrutura da IDC Brasil, explicando que existem companhias em diversos momentos. “Mas o gestor de TI ainda tem dificuldade em direcionar investimentos  para a inovação. Ele teria de otimizar caixa, economizar em algum lugar, para gerar caixa em inovação”, detalhou.

É justamente este espaço que a Dell EMC quer ocupar. Se, por um lado, o déficit na virtualização apontado pela pesquisa evidencia um atraso das empresas brasileiras, por outro, no olhar da Dell EMC, representa um vasto campo a ser explorado. “A TI ainda precisa automatizar recursos além do processamento e a automação de certos recursos tem um caminho longo pela frente”, disse o VP Marcelo Medeiros.

Dos entrevistados, 67% afirmaram que já virtualizaram mais de 50% do seu processamento, mas virtualizar servidores é o primeiro passo. Ao observar outros itens, como armazenamento, rede, proteção de dados e desktop, fica evidencia o espaço a ser ocupado. Por exemplo, 45% das empresas tem zero de virtualização em armazenamento (storage); 46% não tem nada virtualizado em proteção de dados, ou seja, replicação e backup. O porcentual é ainda maior para rede (54%) e sobe para 76% em relação a desktops.

O motivo, diz o VP da Dell EMC, é que, embora VDI tenha retorno, o tempo de implantação é longo e nas empresas outros projetos acabam passando na frente, ganhando prioridade, e VDI perde. “Os gestores de TI deveriam ficar atentos, porque existe dinheiro nisto. Com VDI, há oportunidade de redução de esforço de gerenciamento e de custos com licenças de software”, detalhou.

O levantamento também demonstrou que só 9% das empresas consultadas têm a infraestrutura de TI na modalidade de cloud, com automação, cobrança por uso e acesso pela internet. Enquanto que a maioria encontra-se no estágio inicial da modernização, com 40% das organizações na fase de virtualização (com consolidação e gerenciamento dos equipamentos virtualizados) e 40% na etapa de consolidação dos ambientes. Outros 11% das corporações apontam que estão em fase de automação, com virtualização de equipamentos e provisionamento da infraestrutura sob demanda.

Medeiros ressaltou que, ainda que a nuvem pública e privada cresçam a uma taxa de 20% ao ano, apenas 9% dos gestores de TI consideram que as empresas estão plenamente na nuvem. “Vemos oportunidade neste campo”, afirmou. Outro segmento com alto potencial é o de computação em memória (in-memory computing), uma vez que 17% dos respondentes afirmaram desconhecer o termo.

O estudo foi feito com base na autoavaliação dos gestores de TI acerca do estágio de maturidade no qual eles acreditam que as empresas se encontram em diversos aspectos. Foram entrevistados 250 profissionais responsáveis pela decisão de compra da infraestrutura de TI de empresas privadas com mais de 250 funcionários.

A análise, realizada no segundo semestre de 2017, avaliou três grandes indicadores essenciais para a maturidade dos ambientes tecnológicos para suportar a transformação digital dos negócios: processos internos e cultura (avaliando o alinhamento TI e negócios; ROI; legado versus inovação; e demanda de negócios), automação de processos (avaliando o porcentual de virtualização; oferta de nuvem interna; maturidade de DevOps e chargeback) e modernização da infraestrutura (considerando itens como o estágio da infraestrutura; adoção de in-memory, open network, flash e SDS; jornada de cloud e investimentos).

FONTE: CONVERGÊNCIA DIGITAL