Quantos dispositivos conectados você tem em casa?

Nos Estados Unidos, uma residência média conta com 25 dispositivos móveis, o que inclui smartphones, assistentes pessoais, notebooks e mais uma multitude de devices e serviços conectados.

Até março de 2020, uma residência média nos Estados Unidos contava com smartphones, tablets, laptops, fones de ouvido sem fio, smart TVs, consoles de videogame, provavelmente um assistente de voz – tudo isso exigindo conectividade para funcionar. Desde a chegada da pandemia e o consequente isolamento social, as casas se transformaram também em mini escritórios compartilhados e unidades de aprendizado remoto. A “lotação” aumentou e não apenas na percepção de convívio: aumentou também o volume de dispositivos conectados.

Por Soraia Yoshida no THE SHIFT

Agora, 55% das residências contam com uma pessoa trabalhando em esquema home office e 43% contam com uma pessoa estudando em casa, de acordo com dados do estudo “2021 Connectivity and Mobile Trends Survey”, da Deloitte. O levantamento aponta que esse reposicionamento da casa como lugar de trabalho e de estudo levou a um crescimento de 38% no número de dispositivos móveis e conectados. Em média, cada casa possui hoje 25 dispositivos.

E não fica nisso. As pessoas estão adicionando mais serviços e usos online a esses dispositivos. Por exemplo: 87% das residências tem pelo menos um tipo de software ou serviço para seus dispositivos conectados, como armazenamento em nuvem e software antivírus. Entre aqueles que possuem um smartwatch e fitness trackers, 26% assinam serviços para se manter em forma e acompanhar seu desempenho. E dos dois terços das residências dispositivos domésticos inteligentes, 39% pagaram para aumentar a velocidade de sua banda larga.

 

Talvez mais do que qualquer outro dispositivo, os smartphones ajudaram as pessoas a comprar, pagar e comer com segurança desde março do ano passado. O uso de um aplicativo móvel ou site para pedir comida de um fornecedor local cresceu de 36% para 56% durante a Covid-19, enquanto o uso de aplicativo móvel ou site para pedir um produto e retirá-lo em uma loja local cresceu de 31% para 51%.

Os pagamentos sem contato (contactless) saltaram de 28% para 46% durante a pandemia. O uso de pagamentos móveis para fazer compras nas redes sociais cresceu de 28% para 42%. Essas soluções móveis estavam disponíveis antes da Covid-19, mas a pandemia fez com que os usuários enxergassem mais seu valor. O isolamento social também reforçou a adoção e a “aderência” para varejistas que estavam pedindo e organizando a coleta por meio de aplicativos móveis. Esses clientes provavelmente continuarão a usar esses meios: entre aqueles que iniciaram comportamentos de varejo baseados em smartphones durante a pandemia, cerca de 70% pretendem continuar comprando dessa maneira. Essa mudança no uso pode impulsionar a próxima geração de serviços de smartphones, junto com uma nova onda de digitalização para o varejo, aponta o estudo da Deloitte.

 

Com as residências povoadas por dispositivos, a necessidade por uma internet mais rápida, mais confiável aponta para a explosão do 5G em alguns anos. Nos Estados Unidos já existe um sentimento favorável do consumidor em relação ao 5G. Entre os entrevistados que planejam mudar de provedor de telefonia móvel no próximo ano, o maior motivo é acessar o serviço 5G, seguido de perto por obter melhor valor pelo preço. Entre aqueles que ainda não têm cobertura móvel 5G, 54% dizem que quando o 5G estiver disponível, eles pretendem eventualmente comprar um smartphone compatível com 5G, e 52% irão assinar um plano de dados móvel 5G com sua operadora. De acordo com o estudo, os provedores também estão começando a oferecer internet 5G fixa para residências, embora as pessoas ainda não vejam o valor claro: 47% de todos os entrevistados dizem que não obterão internet 5G doméstica se custar mais do que seu serviço atual.

Essa tecnologia já alcança 290 milhões de pessoas, de acordo com uma pesquisa feita pela Omdia. A projeção é que esse número chegue a 1,2 bilhão até 2024, segundo a GSMA. Atualmente 15% da população mundial vive em áreas de cobertura 5G, que inclui Coreia do Sul, Austrália, Alemanha, Japão, Arábia Saudita, Reino Unido e Estados Unidos. Esses países já consomem até duas vezes mais dados em 5G do que em 4G, segundo um levantamento da Open Signal.

E no Brasil?

O Brasil conta com mais de 440 milhões de dispositivos digitais – incluindo computador, notebook, tablet e smartphone – o que na média daria mais de 2 dispositivos digitais por habitante, segundo a 32ª pesquisa anual do uso de TI no Brasil, feita pela FGVcia. Dos 440 milhões de dispositivos digitais em uso, 53% são smartphones e 47% de computadores.

O smartphone é o dispositivo móvel mais popular, com uma base superior a 242,1 milhões de chips no mercado, segundo dados de abril da Anatel. O serviço móvel voltou a crescer em março deste ano, após encerrar 2020 com  234 milhões de acessos móveis. Ainda assim está bem longe de crescimento de dispositivos que o país viveu antes da crise econômica, ficando em níveis próximos de 2017 – a última vez que o Brasil contou com mais de 242 milhões de acessos foi em agosto daquele ano.

Adicionando os notebooks e os tablets são 346 milhões de dispositivos portáteis. O estudo da FGVcia indica que o país ultrapassará os 200 milhões de computadores (desktop, notebook e tablet) em uso em 2021, atingindo 9,4 computadores para cada 10 habitantes (94% per capita). A expectativa é que o país ultrapasse 216 milhões de computadores até 2023. A venda anual em 2020 foi de 11 milhões, 8% menor que 2019 e menos da metade do pico de 2013.

A tecnologia de cobertura predominante em todas as unidades federativas é o 4G, com 173,7 milhões de acessos. Em 14 estados, a cobertura do 4G passa de 80% dos acessos. Rondônia e Roraima são os estados que mais utilizam 4G no Brasil, onde a cobertura dessa tecnologia chega a 86% dos acessos móveis.

No Brasil, a tecnologia 5G só chega oficialmente depois do leilão das frequências pela Anatel, que deve acontecer em agosto e setembro. De acordo com dados da Ericsson Mobility Report, até 2026 teremos 3,5 bilhões de telefones conectados à nova tecnologia. Enquanto nos Estados Unidos, cerca de 85% dos telefones estarão operando com 5G, no Brasil este percentual deverá ser de 35%.

Um levantamento revela que os usuários no Brasil, na Argentina, no Chile, na Colômbia, no México e Peru sentem necessidade de um serviço de internet melhor para atender as seguintes necessidades: 44% para trabalhar em casa; 41% das famílias por ter aumentado seu consumo de banda larga; 41% porque estão estudando em casa; e 30% porque serviços de entretenimento consomem mais dados. De acordo com a pesquisa, 84% disseram acreditar que 5G terá impacto positivo na economia digital. Entre os entrevistados brasileiros, 80% disseram que precisam de um serviço melhor de internet, enquanto 60% se dispõem a pagar mais para que a conexão seja mais rápida e menos instável.

E o que isso significa?

O aumento no número de dispositivos móveis em residências tem um outro efeito, além de trazer um sorriso de alegria aos C-levels das empresas de tecnologia. Da mesma forma que aconteceu com as chamadas em vídeo no início do trabalho remoto, a pesquisa aponta que 31% admitiram se sentir sobrecarregados com o número de assinaturas de dispositivos que precisam gerenciar. Esse sentimento, que alguns estão chamando de fadiga tecnológica (tech fatigue), é muito semelhante à fadiga do Zoom, e requer apenas uma consciência maior para se “desligar” um pouco entre tantas atividades.

Quer dizer que o número de dispositivos deve diminuir? Provavelmente não.

O que vem a seguir é muito provavelmente um híbrido entre a vida que vivíamos antes e esta nova realidade mais conectada. O estudo da Deloitte aponta inúmeras oportunidades, principalmente para a área de saúde, que cresceu muito durante a pandemia. Para os trabalhadores que devem buscar um modelo híbrido de trabalho, misturando dias no escritório com outros em casa, as soluções conectadas devem melhorar sua interface para dar conta dos fatores humanos. No setor de educação, há muito espaço para soluções melhores de aprendizagem que possa mesclar presença física e digital, assim como personalização do aprendizado e jornadas digitais. 

A rápida adaptação ao distanciamento social, com todas as suas consequências, mostra que as companhias continuam sob pressão para vir com soluções tecnológicas inovadoras para o nosso dia a dia. O que leva a crer que os ciclos de inovação chegarão ainda mais rápido e as pessoas continuam no centro do processo.

FONTE:https://theshift.info/hot/quantos-dispositivos-conectados-voce-tem-em-casa/