População teme mais perder empregos para robôs do que especialistas

Previsões sobre inteligência artificial e ocupações têm muito a ver sobre quanto cada pessoa sabe sobre a tecnologia.

A maior parte das pessoas e empresas espera que a Inteligência Artificial (AI, na sigla em inglês) e a automação substituam um número significativo da força de trabalho humana. Porém, quais os tipos de trabalho e quando, ainda é uma incógnita.

Em 2015, um relatório da CEDA sugeriu que 40% dos empregos na Austrália eram altamente “suscetíveis à informatização” nos próximos 15 anos. No ano passado, a consultoria AlphaBeta afirmou que três milhões de empregos no país (cerca de um terço de todos os empregos) estão em risco até 2030.

Essa não é uma preocupação somente australiana, mas global. Em 2013, a Oxford Martin School previu que 47% dos empregos nos Estados Unidos estavam sob ameaça. O valor percentual para os países em desenvolvimento foi ainda maior.

“Ironicamente, o estudo usou máquinas para prever as ocupações em risco. Ou seja, até mesmo o trabalho de prever ocupações em risco de automação foi parcialmente automatizada”, diz o professor de AI Toby Walsh, da UNSW.

Mas a AI é mesmo tão boa assim? O ponto em que um computador realmente pode executar a maior parte das profissões tão bem quanto um humano está tão próximo? A resposta depende de quem responde a essa pergunta.

Mais conhecimento, menos medo 

O mais recente estudo feito por Walsh, entitulado “Expert and Non-expert Opinion About Technological Unemployment”, publicado no International Journal of Automation and Computing, descobriu que a previsão de uma pessoa sobre o número de ocupações em risco de automação e quanto tempo elas poderiam ser automatizadas, depende necessariamente do quanto ele sabe sobre a AI.

No início de 2017, Walsh e seus colegas entrevistaram 200 autores de duas importantes conferências de AI e 101 de uma importante conferência de robótica. Eles coletaram, também, respostas de 548 leitores de um artigo da The Conversation sobre pôquer jogado com ajuda da AI.

Cada um foi questionado sobre qual dos 70 empregos eles achavam ter mais ou menos risco de automação e uma estimativa de quando isso aconteceria. Os entrevistados especialistas em AI previram que 31 e 29 ocupações, respectivamente, estavam em maior risco de automação, enquanto os que não eram especialistas chegaram a apontar 37 profissões.

“Para uma probabilidade de 90% da inteligência trabalhando, a previsão mediana dos especialistas em robótica foi 2118, e 2109 para os especialistas em IA. Em comparação, a previsão mediana de pessoas não especializadas era apenas 2060, cerca de meio século antes”, escreve Walsh.

A maior diferença de opinião sobre empregos com maior risco entre especialistas e não especialistas era a ocupação de economistas. Apenas 12% dos especialistas previram que o trabalho seria automatizado nas próximas décadas, em comparação com 39% dos não especialistas.

“Mesmo que algumas partes do trabalho de um economista possam ser automatizadas nas próximas duas décadas, duvidamos que os economistas devam estar muito preocupados com seu próprio desemprego tecnológico”, diz o estudioso.

Outras profissões bastante divergentes foram: engenheiro eletricista, redator técnico, engenheiro civil, secretário de direito, analista de pesquisa de mercado, especialista em marketing e advogado.

No entanto, acrescenta Walsh, “apesar de mais cautelosos, os dois grupos de especialistas ainda previam que uma grande fração de ocupações correria risco nas próximas décadas”. Porém, é necessário que exista um melhor gerenciamento das expectativas do público sobre a taxa de progresso em AI e robótica, para acabar com os seus medos.

“Mesmo em ocupações em que os humanos parecem prestes a ser deslocados, nossa pesquisa traz alguma esperança. Embora as possíveis perturbações possam ser grandes, pode haver mais tempo para se adaptar a elas do que as pessoas imaginam ”, finaliza Walsh.

FONTE: IDG