Organização sem fins lucrativos desenvolve escolas com impressora 3D em Madagascar

Empreendimento conta com laboratórios, bibliotecas, quadras esportivas, salas de música, arte e informática.

A fundadora e CEO Maggie Grout começou a Thinking Huts quando tinha 15 anos. — Foto: Divulgação Maggie GroutGeoffrey Gaspard

Uma organização sem fins lucrativos desenvolveu a primeira escola feita com impressora 3D em Madagasgar. O projeto visa ajudar a combater a falta de acesso à educação que afeta mais de 250 milhões de jovens em todo o mundo. Maggie Grout, fundadora e CEO da Thinking Huts, uma organização americana sem fins lucrativos que usa tecnologias para construir escolas sustentáveis, iniciou esse empreendimento quando tinha apenas 15 anos. Em parceria com o Studio Mortazavi, um escritório de arquitetura que atende em São Francisco, Lisboa e Paris, o grupo desenvolveu a primeira escola do mundo feita por impressora 3D.

“Fundei a Thinking Huts depois de me interessar pelo potencial da tecnologia, especificamente da impressão 3D, para criar soluções arquitetônicas.” Ela conta ao Interesting Engineering que a tecnologia seria “como a lei de Moore. À medida que for replicada, os custos diminuirão e ela será mais amplamente utilizada. “Então, pensei que poderia ser uma grande oportunidade para resolver um problema real no mundo”, explicou a CEO.

A escola foi construída em um terreno de 16 mil metros quadrados na cidade de Fianarantsoa, em Madagascar e atenderá alunos locais desde a educação infantil até o ensino médio. O país do sudeste africano foi escolhido entre sete nações cuja ONG planejava iniciar o empreendimento. A escolha se deu por causa da sua estabilidade política, economia emergente.

De acordo com um relatório da UNESCO, o Madagascar tem uma taxa de alfabetização de adultos de 64,5% e uma taxa de alfabetização de jovens de 64,9%. Além disso, o local tem o potencial de crescimento e energia renovável, graças as condições geográficas. A Thinking Huts também estabeleceu uma parceria com a Universidade de Administração e Inovações Tecnológicas (EMIT) em Madagascar para auxiliar na construção dos edifícios.

Escola 3D desenvolvida em Madagascar — Foto: Divulgação Thinking Huts

O empreendimento conta com laboratórios, bibliotecas, quadras esportivas, salas de música, arte e informática. O design da escola é simples, em formato de colmeia, de forma a facilitar reformas futuras, caso necessário. Painéis solares e jardins verticais dão um ar de sustentabilidade na área externa.

“As escolhas de materiais foram bastante deliberadas. A impressora usou concreto que é especialmente usado para impressão, é modificado para que cure/solidifique o suficiente para a próxima camada a ser impressa no topo. O telhado é de madeira que é leve, reduzindo nossas cargas estruturais para torná-lo mais econômico. A textura da madeira também dá calor à estética do edifício. Tanto a Thinking Huts quanto a Defining Humanity são grandes defensores de materiais e mão de obra locais para ajudar na economia”, dizem os arquitetos Yash Mehta e Bruno Silva, da Defining Humanity, organização sem fins lucrativos que participou e impulsionou a criação do empreendimento.

Atualmente, são necessárias 22 mil salas de aula para atender a todas as crianças do país, pois cerca de 780 mil alunos em idade primária não estão matriculados. Maggie Grout conta ao Marshable que a necessidade de infraestrutura educacional em Madagascar e em outros lugares é enorme, e que o conceito das escolas impressas em 3D pode ser replicado em diferentes locais. A campanha “Thoughtful Giving” busca arrecadar 350 mil dólares para apoiar o projeto piloto e as próximas três escolas, com a expectativa de concluir 12 edifícios até o final do ano.

FONTE: https://epocanegocios.globo.com/tecnologia/noticia/2023/06/organizacao-sem-fins-lucrativos-desenvolve-escolas-com-impressora-3d-em-madagascar.ghtml