O desastre brasileiro no mundo digital, por Andre Motta Araújo

O Brasil lida mal com a tecnologia porque não a entende como FERRAMENTA, entende como modernidade, chiqueza, “olhe como somos bacanas”

O Brasil tem enorme rapidez em importar tecnologias desenvolvidas em outros países, mas geralmente importa mal, importa um pedaço e não os antídotos dessas tecnologias. Importa o que é vistoso e glamouroso, mas não seus contrapesos e filtros de uso, importa o que é chamativo, e não o que é útil.

Nos EUA, Pais que desenvolveu a tecnologia digital, a eleição é com lápis e cartolina, simples e barata. Nós implantamos um modelo CARÍSSIMO, absurdamente caro, eleição digital, a que pretexto? Impedir fraudes. MAS QUANTAS SÃO AS FRAUDES? Não chegam a 0,35% em hipótese.

Nada justifica o COMPLICADÍSSIMO SISTEMA DIGITAL, cujo custo poderia ser aplicado no Sistema Único de Saúde, com infinitamente maior vantagem ao povo brasileiro. O SISTEMA DIGITAL é um complicador, nada justifica tecnologia para complicar o que é simples. Tecnologia é para facilitar a vida.

Nos atendimentos bancários, o Brasil se supera, todos são EMPURRADOS PARA O ATENDIMENTO DIGITAL. O que se faz nos EUA? Os “sênior citzens”, ou seja, os idosos tem o direito a atendimento pessoal, o mesmo acontece nos aeroportos, onde o checkin digital é optativo, idosos preferem o balcão.

Em São Paulo, a zona azul só é acessível por meio digital, aboliram os cartões a caneta, e quem não tem ou não quer ter celular e usar aplicativos, como faz? Não pode usar a Zona Azul, a estupidez máxima de um sistema onde a digitalização é uma desvantagem e não uma vantagem, o macaco comendo com garfo e faca porque acha chique. Por que não usar os dois métodos simultaneamente? Quem quiser usar cartão, que use, por que impedir?

 Agora os Tribunais também aderiram ao eletrônico, mas nem por isso os prazos e tempos melhoraram, muito menos as decisões, a lógica jurídica, o rigor jurisprudencial, só dificultaram a vida dos velhos advogados, sem que o Brasil ganhasse alguma coisa com isso.

Sem falar dos BILHÕES que os poderes públicos brasileiros gastam com “software”, TROCANDO sem motivo a cada dois anos, uma das áreas mais CINZENTAS do gasto público nos Três Poderes e nos três níveis, um monumental desperdício de dinheiro. E quem este escreve foi diretor de empresa estatal de informática, portanto não é opinião de leigo que ouviu dizer.

A informática foi introduzida no serviço público brasileiro pela IBM, cujo CEO na desada de 70, Octavio Gennari Filho, meu primo irmão, foi o primeiro Secretario Especial de Informática no Governo Geisel. É verdade que na década de 50 havia os Seviços Hollerith, de Valentim Bouças, que mecanizaram, sem eletrônica, as folhas de pagamentos dos funcionários públicos, doces tempos não digitais.

Já nos atendimentos de Call Centers, a infernal tecnologia aboliu os empregos e os transferiu para vozes eletrônicas com infinitas opções, geralmente o atendimento é péssimo, as esperas enlouquecedoras, QUAL A VANTAGEM? Para a empresa, a economia de míseros salários de atendentes. Para o público, SÓ DESVANTAGENS, tempo perdido, o custo do tempo passa a ser do consumidor, não da empresa, do outro lado não tem gente.

O Brasil lida mal com a tecnologia porque não a entende como FERRAMENTA, entende como modernidade, chiqueza, “olhe como somos bacanas”. O excesso de digitalização significa PERDA DE PRODUTIVIDADE da economia e pode ser uma das causas do baixo crescimento do Brasil.

FONTE: CGN