Nova tecnologia de satélite mede condutividade térmica da neve

Se os testes forem eficazes, sistema será lançado em definitivo em breve.

Nos últimos dias, uma pequena aeronave Cessna transportando tecnologia experimental sobrevoou o vale de Senales, no sul do Tirol, na região da Áustria, entre o lago Vernago e Grawand. Ao longo de dois voos, um sensor mediu a troca de calor entre a neve e o ar.

Durante cada sobrevoo, o Cessna ziguezagueava sobre a área a uma altitude de cinco mil metros por cerca de 40 minutos. Para a equipe de pesquisa, ter o mesmo voo em diferentes horários do dia era fundamental.

No solo, ao longo das mesmas rotas, oito equipes lideradas por especialistas da Eurac Research mediram a profundidade da neve com hastes escalonadas e a pesaram para determinar seu tipo. Se a análise dos dados coletados provar que a tecnologia é confiável e as medições coincidem com as feitas no solo, ela poderá passar a ser montada em satélites.

Até agora, para monitorar a neve, usamos imagens de satélite que medem propriedades diretas, como profundidade e densidade. Além disso, as imagens dos sensores experimentais prometem resolução muito alta.

Carlo Marin, engenheiro de sensoriamento remoto da Eurac Research

Enquanto o pequeno Cessna voava, 22 pessoas estavam no solo para medir a profundidade da neve e seu peso em intervalos de três metros. E, ao fazer isso, puderam determinar a densidade da neve: a mais úmida, sendo mais pesada, a mais leve, quebradiça e mais fina.

Esta técnica desenvolvida pela Universidade Milano Bicocca mede como a neve respira, ou seja, a troca de calor entre a neve e o ar. A temperatura é mais baixa e, nas horas mais quentes do dia, a camada superficial de neve é mais quente devido às temperaturas mais altas e à luz solar. A diferença de temperatura está relacionada a como diferentes tipos de neve trocam calor com o ambiente.

Carlo Marin, engenheiro de sensoriamento remoto da Eurac Research

Algumas equipes tiveram que chegar a pontos remotos, como o pico Teufelsegg, abaixo do Weisskugel/Palla Bianca (3,7 mil metros), caminhando por horas com esquis, capas de esqui e mochilas carregadas de equipamentos. Uma equipe também foi acompanhada por técnicos portando o mesmo tipo de sensor que o montado no avião para corroborar ainda mais as medições do solo.

Nos próximos meses, a equipe de pesquisa cruzará os resultados das medições e testará se a tecnologia está madura o suficiente para ser instalada em um satélite e se tornar operacional.

À luz da crise climática que torna a água um bem cada vez mais escasso e valioso, calcular cuidadosamente a presença de neve, especialmente em grandes altitudes, será cada vez mais importante para estimar com mais precisão a disponibilidade de água para a temporada de verão e, como tal, apoiar para quem tem que administrar esse recurso.

Carlo Marin, engenheiro de sensoriamento remoto da Eurac Research

FONTE: https://olhardigital.com.br/2023/04/07/ciencia-e-espaco/nova-tecnologia-de-satelite-mede-condutividade-termica-da-neve/