Lixo espacial da SpaceX pode criar novos buracos na camada de ozônio

Com o acúmulo de detritos na órbita terrestre, a física Sierra Solter acredita que o campo magnético do planeta corre perigo.

Lixo espacial, como satélites inativos e outros detritos queimam ao cair da órbita da Terra. Idealmente, seria positivo “limpar” essa camada para manter a órbita descongestionada, porém acidentes podem acontecer, como quando um pedaço de satélite caiu em um carro na cidade de Santos, em São Paulo.

Mas a destruição desses objetos em órbita pode causar danos sérios ao campo magnético do planeta, de acordo com a física e ex-cientista de pesquisa da Força Aérea, Sierra Solter, que publicou um artigo controverso e ainda não revisado por pares, em um novo ensaio para o The Guardian.

A SpaceX, do bilionário Elon Musk, é um dos empreendimentos que lança milhares de satélites. Em breve, outras companhias privadas do setor espacial vão começar a seguir o exemplo, conforme o interesse no turismo espacial continua a crescer.

A edição de 2022 do The Global Risks Report, feita pelo World Economic Forum, mostrava que a previsão de satélites que seriam lançados nas próximas décadas seria de 70 mil. A pesquisa pontua que uma vez em órbita, e a menos que sejam desativados ativamente, muitos desses satélites podem permanecer no espaço por centenas de anos.

“Satélites menores e de baixo custo também estão se proliferando devido aos custos mais baixos e menos barreiras de entrada. Embora o risco ainda seja relativamente baixo, um aumento no número de satélites também aumenta a oportunidade de colisões, ou, no mínimo, a necessidade de realizar manobras de emergência para evitar contato”, diz o relatório.

Solter argumenta que deixar satélites “aposentados” queimando na atmosfera da Terra pode ter efeitos desastrosos, causando impacto no plasma que forma uma camada protetora ao redor dela, e assim, protegendo a humanidade da radiação.

“Depois de estudar o problema por mais de um ano, não tenho dúvidas de que a imensa quantidade dessa poluição vai perturbar nosso delicado ambiente de plasma de uma forma ou de outra”, escreveu Solter. Ela ressalta que os investimentos gigantescos nos empreendimentos comerciais no espaço podem impedir que a crise em potencial seja batida.

Na outra ponta, representantes das empresas afirmam que os satélites queimando durante a reentrada na atmosfera da Terra é um processo inofensivo. Porém Solter acredita que isso libera grandes quantidades de cinzas metálicas diretamente na ionosfera.

Tais cinzas, como partículas de alumínio, podem danificar e até mesmo criar novos buracos na camada de ozônio da atmosfera.

“Se todos esses materiais condutores se acumularem em uma enorme camada de lixo, eles poderiam prender ou desviar todo ou partes de nosso campo magnético”, disse a cientista em seu artigo de opinião. “A Terra é um ímã esférico que estamos cercando com lixo metálico em movimento rápido.”

“Pessoas como Elon Musk e Jeff Bezos repetidamente afirmam que o espaço é a chave para a longevidade humana. Mas e se for o oposto? E se a indústria espacial for o meio para o fim de nosso pontinho azul pálido?”, afirmou.

Ela conclui com o pensamento que a internet via satélite deve ser reconsiderada até que estudos mais profundos sobre esse tipo de poluição sejam feitos.

FONTE: https://www.terra.com.br/byte/lixo-espacial-da-spacex-pode-criar-novos-buracos-na-camada-de-ozonio,cde06b8be95f81c8557378c69408aad5h8nmbwbf.html?utm_source=clipboard