Já aprovado, programa de inteligência artificial (IA) faz diagnóstico de doença ocular

O IDx-DR, através da imagem dos olhos, é capaz de diagnosticar se o paciente possui retinopatia diabética. Imagem: Shutterstock

A cada dia a inteligência artificial (IA) participa um pouco mais de nossas vidas. Na ciência da computação, pesquisas em IA desenvolvem tecnologias que simulam o raciocínio humano, a nossa inteligência. E a medicina é uma das áreas onde ela avança com mais rapidez. Sua última conquista: um programa de inteligência artificial para fazer diagnósticos de doença ocular, dispensando a participação de um médico.

Pela primeira vez, o resultado de uma pesquisa desse tipo recebeu o aval da FDA (Food and Drug Administration). Não é uma façanha pequena. A FDA, órgão regulador da medicina e saúde nos Estados Unidos, é reconhecidamente exigente para liberar qualquer medicamento ou tratamento.

Como são feitos os diagnósticos por Inteligência Artificial

O novíssimo programa de diagnóstico por inteligência artificial se chama IDx-DR. E é tão fácil de usar que, segundo a empresa fabricante EyeDiagnosis, requer “mínimo treinamento” para o operador.

O IDx-DR foi desenhado para analisar imagens dos olhos dos pacientes e diagnosticar se o mesmo tem retinopatia diabética. A doença é a perturbação visual mais frequente entre portadores de diabetes. Se não for detectada no início, pode levar à cegueira, pois danifica vasos sanguíneos no fundo do olho. Daí a importância de um diagnóstico precoce.

O IDx-DR examina fotos da retina feitas por médico com uma câmera especial. Depois de verificar se as imagens têm qualidade suficiente, o algoritmo do programa verifica se o paciente sofre ou não de retinopatia diabética. Para entender melhor, algoritmo é o conjunto de dados associados a regras e procedimentos lógicos que levam à solução de um problema.

Num teste clínico com 900 fotos de retinas, o IDx-DR detectou a retinopatia diabética em 87% dos casos. Em índice similar, 90%, identificou corretamente as pessoas que não sofriam da doença.

Detecção de câncer de pele

Outro exemplo novo da inteligência artificial na medicina é ainda mais radical, não exigindo câmeras especiais ou equipamentos sofisticados. Ele ainda não foi submetido à aprovação da FDA, mas tem surpreendido a área de saúde dos EUA. Uma equipe da Universidade de Stanforddesenvolveu um sistema de IA que diagnostica câncer de pele com precisão.

https://www.youtube.com/watch?v=IvmLEq9piJ4

Os pesquisadores alimentaram um computador com enorme quantidade de fotos de marcas e sinais de pele, benignas ou não. Para cada foto, os cientistas diziam à máquina o que a imagem representava.

E o computador aprendeu a diferenciar umas de outras, e assim se criou um potente algoritmo. Agora, basta mostrar uma foto que ele sabe dizer se é de um câncer de pele ou não. Eles usaram redes neurais, a mais poderosa ferramenta para fazer máquinas aprenderem e criar inteligência artificial.

O processo de criação do IDx-DR, para diagnóstico da retinopatia diabética foi semelhante.

App de diagnóstico para smartphone

O próximo passo: os pesquisadores de Stanford já estão trabalhando para transferir seu algoritmo para aplicativo para celular. Em breve você mesmo fará uma foto de sinais na pele e mostrará para o app de seu smartphone para ter diagnóstico preciso e imediato. É a inteligência artificial vinculada ao futuro da medicina.

De olho no coração

Outro desenvolvimento da aplicação de inteligência artitificial na área da saúde é focado no coração. A ideia é um wearable (algo usável no corpo, como pulseira ou roupa) que produza eletrocardiograma constante de um paciente cardíaco. E, por um app, seria possível emitiravisos e alarmes em caso de alteração. Se o paciente não apresentar problemas, ele de qualquer forma poderá mostrar a evolução do comportamento cardíaco a seu médico.

IA não substitui os médicos

Os cientistas já sabem que nada substitui os médicos. Inserir em um computador a gigantesca massa de dados que fazem a formação de um profissional é algo fora do alcance. Tratamento sempre será privilégio do médico.

Mesmo assim, outros sistemas de diagnóstico impulsionados por algoritmos e máquinas capazes de aprender vão surgir de tempos em tempos. Eles terão percentual de acerto que pode ser superior ao dos doutores. Seu custo de operação é muito baixo, não existem filas de espera para o exame, podem trabalhar ininterruptamente e nunca se cansam. As aplicações de inteligência artificial serão cada vez mais úteis na área de diagnósticos. Os custos da medicina poderiam cair, para todos.

3 questões ainda sem respostas

Como toda tecnologia de inteligência artificial, os sistemas de diagnóstico suscitam várias indagações. Algumas delas, inclusive, envolvem a ética e naturalmente exigirão muitas análises e discussões. Três questões para as quais a ciência ainda não tem respostas:

  1. Expectativas não realistas – fantasias são exploradas muitas vezes pela ficção científica, pela indústria do entretenimento e até pela mídia. Cientistas e pesquisadores de IA afirmam que nem tudo é possível e nem a mais sofisticada tecnologia faz mágica.
  2. Privacidade dos dados médicos – muitos sistemas de IA aplicados à saúde serãoarmazenados em nuvem, para uso em rede, e alguns dados médicos são identificáveis. Por exemplo: impossível apagar feições do paciente se um sistema de diagnósticos por IA examina o rosto em busca de sinais de doença. Cientistas dizem que, como em qualquer outro setor, vazamentos um dia irão ocorrer. Como ficará a confiança na tecnologia?
  3. Responsabilidade – quem será responsável quando um médico aceitar diagnóstico errado feito por um programa com IA?

Prepare-se para sua primeira consulta

Independentemente dessas preocupações, a medicina por IA está chegando. Logo você vai experimentá-la no futuro. E ele nem está distante. Boa parte da inteligência artificial adotada ocorrerá em segundo plano, invisível. Será um trabalho por trás das telas que deixará a medicina mais barata e eficaz.

Mas algumas aplicações – como as que mostramos – chegarão até suas mãos como apps, wearables, sites ou programas de computador. A melhor coisa a fazer é compreender os paradigmas que estão sendo quebrados, como a aprovação da FDA ao diagnóstico por IA da retinopatia diabética. E preparar-se para sua primeira consulta.

FONTE: VIVO TECH