A inteligência artificial já pode analisar a sua personalidade apenas observando seus olhos

RESULTADOS ABREM CAMINHO PARA QUE AS MÁQUINAS POSSAM APRENDER A COMPREENDER MELHOR OS HUMANOS (FOTO: PEXELS)

Sistema criado por pesquisadores foi capaz de identificar quatro traços de personalidade com base nos movimentos feitos em apenas alguns minutos.

A relação entre linguagem corporal e personalidade não é nenhuma novidade. Um sistema de inteligência artificial, porém, levou essa análise a outro nível: ele se mostrou capaz de identificar personalidades analisando apenas o movimento dos olhos da pessoa.

A habilidade foi demonstrada em um estudo conduzido por pesquisadores da Austrália e da Alemanha. Baseados em pesquisas anteriores que já mostravam a relação entre os movimentos oculares e a personalidade, eles ensinaram, por meio de machine learning(aprendizado de máquina, em português), o sistema de inteligência artificial a reconhecer essas relações.

No estudo, 50 participantes tiveram os movimentos de seus olhos gravados por um rastreador ocular, enquanto andavam por 10 minutos pelo campus de uma universidade. Durante o passeio, eles também deveriam comprar algum item, como uma bebida ou um objeto, em alguma loja no local.

Depois, eles responderam a 86 questões de três questionários, incluindo um que buscava identificar os cinco principais fatores de personalidade descritos pela psicologia: neuroticismo, extroversão, agradabilidade, conscienciosidade e abertura para a experiência.

Foi utilizado então um método de machine learning, além de um rico conjunto de recursos que decodificam diferentes características do movimento dos olhos, para analisar os movimentos feitos pelos participantes na primeira etapa. Nesta etapa, foram descartados oito participantes, cuja captação de movimentos não correspondeu aos critérios preestabelecidos.

Ao final do processo, o sistema de inteligência artificial se mostrou capaz de identificar quatro dos cinco traços principais (neuroticismo, extroversão, agradabilidade e conscienciosidade).

Embora os resultados ainda não sejam precisos o suficiente para que se façam aplicações práticas do método, os pesquisadores afirmam que eles abrem caminho para que as máquinas possam aprender a compreender melhor os humanos — além de também fortalecerem as pesquisas que já haviam analisado a relação entre personalidade e movimentos oculares.

Na visão de outros estudiosos, porém, esse tipo de tecnologia também traz preocupações. “Se informações sobre a nossa personalidade puderem ser obtidas pelos movimentos oculares, isso poderia ser facilmente gravado e usado sem o conhecimento das pessoas”, afirmou a neurocientista Olivia Carter, que não participou do estudo, ao New Scientist.

FONTE: ÉPOCA