Inovação no estilo “é zueira né?!”

 

CAMILA ACHUTTI DURANTE O SUMMIT DE INOVAÇÃO DA SIGULARITY UNIVERSITY (FOTO: DIVULGAÇÃO/OPENSPACE)

No finalzinho de abril, rolou aqui no Brasil o maior summit de inovação da Sigularity University.  Quase 2.000 pessoas se juntaram para falar sobre o futuro. Para quem não conhece, a Singularity é uma instituição que lidera as discussões de inovação disruptiva. Ou seja, não tinha como não ser incrível. Para a minha surpresa me convidaram para ser mestre de cerimônia do evento! Thanks, Marconi!

Me valendo da honra do convite, me senti na obrigação de retribuir pra universo fazendo um resumão. E podem apostar que muitas ideias estão borbulhando e vão virar colunas. Antes de começar, só queria explicar o título. O evento trouxe tanta coisa, que a vontade era de levantar e perguntar: mas isso aí “é zueira, né!?”. Carne de porco, mas sem matar porco. Proteína que refaz músculos em segundos, satélite que reflete energia… “é zueira, né?!”

Vamos agora aos key learnings de dois dias e um jantar na visão de uma jovem millennial do mundo de tecnologia convivendo com a high-society da inovação disruptiva do mundo.

A surpresa começou já no jantar do dia anterior. No início do evento, pude conversar com Yvonne Cagle, astronauta da NASA, que na minha opinião daria a melhor palestra no dia seguinte. No meio do nosso papo, ela me deu um presente dizendo: “para educação, a solução não é só ensinar com paixão, é ensinar a sua paixão, afinal assim não tem com não inspirar e transformar a vida das pessoas que vão transformar o mundo”. Durante sua palestra, Yvonne compartilhou a sua história de vida e falou sobre como não foi simples chegar até a Lua. Contou para audiência também que hoje existe a NASA Biocapsule, uma pílula que detecta inflamações e trata antes dos sintomas aparecerem.

Outra inovação em que também não dá para acreditar é o Lift. Manter a musculatura humana e os órgãos dos austronautas enquanto eles flutuam em órbita é um dos desafios da NASA. E o Lift é um protocolo para amplificar e acelerar o poder dos novos músculos, tipo Homem de Ferro. Ela encerrou dizendo que temos que mudar nosso mindset de “Impossible” por “I’m possible”.

Outro highlight do primeiro dia foi a palestra de abertura feita por vídeo pelo Peter Diamandis, escritor do livro Abundância. Ele estava vestindo uma camiseta do Brasil ele trouxe um sentimento de pertencimento e orgulho do que estávamos vivenciando. O simples comentário de que não é por acaso que a Singularity tinha seu maior evento de todos os tempos acontecendo no Brasil mexeu com todos na audiência. Na sua fala, Peter trouxe um conceito sobre a importância de encontrar o seu MTP (massive transformative purpose): algo audaciosamente grande e aspiracional, que cause transformação significativa na indústria, comunidade ou planeta e que possua um motivo claro de ser.

Em seguida, outro agente bastante relevante de inovação subiu no palco: Thomas Kriese. O principal insigth da sua fala foi a importância de sermos líderes exponenciais, já não adianta sermos só líderes. Para alcançar esse novo mindset de liderança, ele listou as três características essenciais: ser humanitário (se você não quiser um futuro melhor e trabalhar pelas pessoas, pode dar meia volta nessa nova economia), tecnologista (experimenta e conhece novas tecnologias) e futurista (temos que ter um quê de confiança e tolerância à incerteza).

O primeiro dia foi bem inspirational. Falamos sobre a importância de mirar na Lua para gerar disrupção. Hoje estamos na era da abundância e as possibilidades são infinitas. Precisamos ser gratos por poder viver tempos como esses.

Depois de um dia desses a vontade era gritar “Bora fazer história” e sair correndo para o mundo! Entretanto ficar só no mundo das ideias não muda nada. Por isso, o segundo dia trouxe exemplos mais tangíveis do que vem sendo feito em novas empresas e em grandes corporação.

O primeiro palestrante do segundo dia foi o Larry Keeley, falando sobre times de inovação, principalmente em corporação. Em geral, associamos esses times a gênios ou malucos, quando na verdade a inovação moderna é muito mais sobre integração elegante do que já existe do que sobre invenção. Uma colocação interessante que ele trouxe é que inovação é sempre hard e que fica mais fácil quando substituímos mitos por métodos. Os inovadores de sucesso inovam além dos produtos, pensam em novos processos por exemplo. Por fim, ele trouxe 7 pontos chaves sobre inovação no Brasil hoje:

1. Quase todas as empresas e o governo sabem que precisam inovar melhor;
2. Existem ferramentas, processos e métodos que podem aumentar drasticamente as taxas de sucesso ao inovar;
3. Todos os inovadores devem trabalhar para substituir mitos por métodos eficientes;
4. Um pequeno esforço em aprender como inovar salva milhões, desde que feito em coisas relevantes;
5. Grande parte do mundo está usando a América Latina como um laboratório, é hora de inovarmos por nós mesmos;
6. É imperativo que os inovadores do Brasil construam uma agenda profunda e regional de inovação;
7. Algumas das melhores formas de fazer inovação disruptiva podem ser desenvolvidas no Brasil.

A última palestra do SingularityU Brazil Summit foi sobre inovação disruptiva, obviamente, como se fosse um fechamento de tudo! O incumbido da missão foi o fantástico David Roberts. Ele começou mexendo com a auto estima de todos ali. Disse que o Brasil era incrível, mas a gente estava usando as métricas erradas para fazer essa observação. Se olhar o PIB absoluto, estamos no top 10 do planeta, mas quando olhamos para PIB per capita, caímos drasticamente em relação ao mundo, afinal somos um país gigante. Foi aí que ele mostrou indicadores de felicidade dos brasileiros. E brincou dizendo que somos uma potência de inovação, só esquecemos disso às vezes. O melhor exemplo que ele deu foi: hoje enquanto país ficamos preocupados falando que precisamos construir mais estradas, algo caro e que vai ficar ultrapassado nos próximos anos com carros autônomos, carros voadores, avatares para não precisarmos sair de casa para trabalhar.

Por que não pegar esses bilhões que estamos pensando em investir em estradas e colocar em educação? Resumo da história: precisamos estar mais atentos à inovação e começar a fazer parte desse ciclo de mudanças. Simples assim?! Claro que não, mas nossa intenção precisa estar apontada para essa direção!

FONTE: ÉPOCA